A segunda aventura do Vasco pela Série B do Campeonato Brasileiro trouxe percalços que dificilmente o torcedor esperaria no início do torneio. Com as duas derrotas seguidas nos últimos dias, diante de Santa Cruz e América-RN, o cruz-maltino caiu para a terceira posição e, agora, está mais perto do quinto colocado — que não sobe para a elite — do que do líder. A sete rodadas do fim da temporada, os cariocas ainda não conseguiram liderar a segundona e por lá fazem a campanha mais penosa de um clube grande desde 2006, quando o torneio começou a ser disputado no formato de pontos corridos.
Hoje a quatro pontos de distância do Ceará, primeiro time fora da zona de classificação para a Série A, o Vasco não tem acesso certo à primeira divisão. A esta altura do campeonato, a sete jogos do fim, os grandes que caíram costumavam estar em melhor condição. No ano passado, o Palmeiras tinha 18 pontos de vantagem sobre o quinto colocado, mesma dianteira obtida pelo Corinthians em 2008. Em 2009, o próprio Vasco havia colocado 12 pontos de frente. Em 2006, o Atlético-MG tinha nove. Todos lideravam o campeonato.
A situação vascaína neste ano pode ser resumida pelo clima antes e durante o treinamento na manhã de ontem, no CFZ. Primeiro, Joel Santana e o diretor de futebol do clube, Rodrigo Caetano, conversaram por quase meia hora. Em seguida, o dirigente chamou o elenco e fez cinco minutos de cobrança. Foi seguido por Joel. Sem risos, o treinador fez os jogadores se calarem e abusou dos gritos e palavrões, muitos deles ouvidos fora do campo. Depois do papo, o comandante falou diretamente com o zagueiro Rodrigo, enquanto Caetano puxou o atacante Kleber para o canto.
Um dos principais assuntos teria sido a falta de tato em entrevistas recentes. Após a derrota para o América-RN na terça-feira, por exemplo, Kleber criticou o esquema tático ao sair de campo e o zagueiro Douglas Silva disse que o time deveria “se envergonhar” pelo resultado. Ontem, em coletiva de imprensa, o defensor abaixou o tom. “Temos de tomar cuidado ao falar na saída do campo, dosar as palavras”, admitiu, antes de dizer que é hora de “juntar os cacos” para “retomar a busca pelo título”.
Terminar a temporada com o troféu, porém, parece improvável. As chances de título, segundo o departamento de matemática da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é de 4,9%. A possibilidade de subir para a primeira divisão é cotada em 79%, mesmo número apontado pelo estatístico Tristão Garcia.
Nos últimos sete jogos da temporada, o Vasco tem encontros complicados contra equipes que lutam pelo acesso à elite. Amanhã, às 16h20, no primeiro deles, recebe a Ponte Preta, líder da segundona. Enquanto o cruz-maltino vem de duas derrotas, a Macaca soma 10 jogos de invencibilidade. Na 35ª rodada, o time de Joel Santana visita o Ceará, hoje na quinta posição. E, na última partida do ano, decide a sorte contra o Avaí, quarto colocado, caso ainda não tenha definido uma vaga na Série A em 2015.
Fonte: Superesportes