Camisa 10 nas costas, uma faixa na cabeça segurando os cabelos, dentes avantajados e um sorriso fácil explicam com perfeição o apelido de Anna Beatriz. A atacante de apenas 16 anos é destaque absoluto do time feminino sub-17 do Vasco e reconhecida por todos nos corredores do clube, onde poucos sabem o nome de batismo da Ronaldinha de São Januário. E é assim mesmo que ela gosta de ser chamada.
E as semelhanças não são apenas físicas. Com a bola dos pés, a versão feminina e mais jovem do gaúcho também impressiona. Anna é artilheira do time no ano e principal aposta do clube nas categorias de base. No último jogo da equipe tricampeã estadual, a Ronaldinha cruzmaltina marcou os quatro gols da vitória por 6 a 0 sobre o Cabo Frio.
As relações por conta de aparência e habilidade são inevitáveis, mas é em um papo mais descontraído que a menina revela ainda mais semelhanças com o ídolo. Desta vez fora de campo. Nas baladas, mais especificamente.
"Eu sou como ele mesmo, gosto de sair. Sou baladeira. Gosto disso. Mas juro que não faço isso antes de jogo. Véspera de partida é só cinema. Quando saio, gosto de funk, curtir com os amigos lá perto de casa. Só não vou para o baile ainda porque minha avó não deixa. Mas quando eu tiver 18 anos, com certeza vou frequentar", prometeu a versão fiel do craque do Querétaro, do México.
"Já fiz algumas festas em casa também. E deu muita bagunça. Minha avó não chegou a reclamar. Deu uma confusão, mas é melhor nem comentar isso [risos]", revelou, sem esconder a semelhança com a faceta mais polêmica de Ronaldinho.
Até mesmo a história de vida de Anna Beatriz guarda algumas semelhanças com a do ídolo. Enquanto Ronaldinho perdeu o pai cedo e teve o Assis, seu irmão, como mentor, a versão feminina viu a mãe falecer quando tinha apenas 10 anos e passou a ser criada pela avó materna, Rosângela, que divide com a tia Bianca a responsabilidade da criação.
A paixão pela bola também foi copiada do ídolo, seja no campo de São Januário, na quadra da praça perto de casa ou na praia, um dos palcos preferidos do gaúcho.
"Sou fominha. Saio do clube, jogo em casa, na quadra lá da praça, jogo no recreio do colégio. No fim de semana, vou para a praia com as meninas do time e jogamos um futevôlei. Tipo ele mesmo. Gostou muito de jogar".
O ar boleiro da atacante vascaína também é marcado na pele. Apesar da pouca idade, a jogadora já acumula sete tatuagens espalhadas pelo corpo. "É um vício. Depois que começa, não dá mais para parar. Mas essa mania eu não copiei dele", brincou a jogadora e sósia que já acumula também assédio e pressão que lembram o dentuço original.
"Já teve gente me assediando, sim. Estava saindo de um jogo em Cabo Frio e um menino pequeno pediu para tirar uma foto pela semelhança com o Ronaldinho. É legal. Acaba criando essa relação em tudo. Mas também tem o lado da pressão. Já existe e de maneira bem grande. Se passo um jogo sem fazer gol, as pessoas já vêm falar e tal. Se não estou no meu dia, a pressão aumenta no clube, em casa, de outras pessoas que acompanham. Aqui, por exemplo, o técnico me cobra. Eu não gosto de bater pênalti. Tenho um sério problema, um trauma por causa de uma cobrança errada em 2013, mas o professor fala que eu preciso assumir esta responsabilidade", contou.
Com passagens por escolinhas do Fluminense e do CFZ (Centro de Futebol Zico), Ronaldinha chegou ao Vasco em 2011, quando foi aprovada em um teste no clube e iniciou a trajetória no sub-15. E mesmo com pouco tempo de carreira, ela já sabe o que quer para o futuro, além de conhecer o ídolo.
"É o meu grande ídolo. Não tem Messi, Cristiano Ronaldo. O Ronaldinho é o melhor mesmo. Acho difícil chegar perto do que ele fez, mas sonho ter uma boa carreira, jogar fora do país e defender a seleção brasileira.", encerrou.
Fonte: UOL