Documentário sobre Martinho da Vila, que será lançado nesta 3ª, teve cenas gravadas em São Januário

Terça-feira, 30/09/2014 - 16:26
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Não é somente com os pandeiros, cavaquinhos e violas que Martinho da Vila tem intimidade. O sambista agora se aventura na frente das câmeras e afirma que já está acostumado a elas. Ele só desconhecia a função ‘carrapato’, exercida pelos diretores de documentários. Durante dois anos, Martinho foi acompanhado pelo diretor francês Georges Gachot para que pudesse protagonizar o filme ‘O Samba’, que será exibido hoje, às 19h15, no Espaço Lagoon, no Festival do Rio.

Desempenhando a função de guia no longa, Martinho mostrou os bastidores da Unidos de Vila Isabel, fortalecendo sua relação com a escola, além de percorrer lugares onde o samba impera.

“Só faltou ele (diretor) entrar no banheiro comigo”, diz Martinho, aos risos. Sinal de que as horas intermináveis de filmagens não tiraram o bom humor do cantor. “Só achei um pouco chato porque foram muitas horas de gravações, todo lugar que eu ia, a equipe ia atrás e ficava perguntando histórias. Até no campo do Vasco da Gama fomos juntos”, relembra Martinho, que foi entrevistado pelo jornalista Leandro Resende enquanto as imagens eram captadas em São Januário.

“Gostei da simplicidade dele. O Martinho é um dos maiores gênios da cultura brasileira e não tem o menos ar blasé. No jogo do Vasco, ele não era uma celebridade, era um torcedor, de chinelo de dedo, camisa cruzmaltina, e uma cervejinha escondida, já que não pode bebida alcoólica nos estádios. Ele tem um tom de voz baixo, leva a vida na cadência de seus sambas” , detalha o jornalista.

Ver Martinho cantando Noel Rosa foi o que despertou em Georges Gachot a vontade de saber mais sobre o gênero musical. “Ele me mostrou um outro lado do samba. Um lado poético e social muito longe dessa comercialização, desse clichê insuportável usado fora do Brasil, de que o samba é uma música rasa, de festa, de mulher na praia. Samba não é só Carnaval”, esclarece o diretor.

“Outra coisa que foi muito atrativa para a minha câmera foi o cenário de escola de samba, da bateria, das cabrochas. Entrar numa escola pode ser comparado a entrar numa catedral”, acrescenta Gachot.

Das características de Martinho, Gachot ressalta o romantismo. “Gostei do lado clássico e romântico. Ele me faz lembrar de Schubert, compositor da Áustria. Martinho é um francófilo e, como eu que nasci em Paris, temos muitas afinidades. Uma vez, o levei na Opéra Bastille, em Paris, para assistir a ‘Pelléas et Mélisande’, de Claude Debussy. Esse foi um grande momento para mim.”

Fonte: O Dia