Ainda pelo Internacional, Guiñazu foi questionado se preferia fazer gol ou dar carrinho e não teve dúvidas: "dar carrinho, mil vezes!". Sincero ao extremo, o meia argentino tem levado tão ao pé da letra a opção que, agora pelo Vasco, já acumula duradouros cinco anos sem balançar as redes.
A última vez que o jogador comemorou um gol foi no dia 30 de agosto de 2009, na partida entre o Colorado e o Goiás, vencida pelo time gaúcho por 4 a 0. Na ocasião, como um típico atacante, invadiu a área e, com categoria, tocou de canhota, rasteiro, no canto direito do goleiro.
Mas se engana quem pensa que a "secura" de Guiñazu é uma exclusividade do vascaíno. Por diferença de um mês, o meia Pierre, do Atlético-MG, está há mais tempo que o argentino na fila.
Apesar da escrita ser um espanto para muita gente, Guiñazu mesmo não liga para isso. O jogador, por sinal, evita até mesmo concluir a gol. No jogo contra a Luverdense em São Januário, este ano, pela Série B, por exemplo, recebeu uma bola em excelentes condições quando se posicionava na entrada da área. Porém, ao invés de chutar, dominou e tocou para trás. Os jogadores do Vasco que estavam no banco de reserva não se contiveram e caíram na risada.
No dia do seu aniversário (26 de agosto), no entanto, por pouco este jejum não foi quebrado. Em jogo válido pela Copa do Brasil, contra o ABC, ele concluiu uma bola de carrinho que bateu na trave, fato que o fez levar as mãos à cabeça.
Para os companheiros, todavia, sua pouca afeição ao gol não importa.
"Conhecendo ele do jeito que é, não precisa mudar em nada. Não é um gol que vai fazer ele ter mais moral do que já tem, não vai mudar a vida dele. Se o time estiver ganhando de 4 a 0 e tiver um pênalti para o Guiñazu bater, ele não vai querer, porque ele é assim. Um cara extremamente profissional", declarou o meia Fabrício.
Os números de Guiñazu são realmente modestos nesta quesito. Com 36 anos, ele tem apenas 16 gols na carreira, sendo cinco pelo Newell's Old Boys (ARG), cinco pelo Saturn (RUS), dois pelo Libertad (PAR) e quatro pelo Internacional.
Não custa lembrar, porém, que sua função principal é a marcação, e nisto ele vem agradando ao longo do tempo. Além de ter se tornado ídolo no Libertad e no Colorado, já ganha respeito no Vasco, onde é titular, capitão e um dos mais queridos da torcida e do grupo.
Seu profissionalismo é tanto que mesmo quando estava com uma grave lesão ano passado, ia com frequência nas concentrações e nos jogos da equipe, inclusive alguns fora do Rio de Janeiro.
"A gente admira ele assim, do jeito que ele é. Se fizer um gol, vamos ficar felizes, mas ficamos felizes mesmo com os botes que ele dá, as vezes em que ele salva um gol, com a proteção que ele dá para a zaga, a segurança que ele me dá para eu sair um pouco mais para o ataque... Isso que faz a diferença para o Guiñazu. Gol não vai mudar o que ele é e o que ele representa para nós e para o Vasco", disse Fabrício.
Charles Guerreiro ficou famoso desta forma
Na década de 90, quem ficou famoso pela "seca" no quesito gols foi o meia Charles Guerreiro, que teve passagens por Flamengo, Vasco, entre outros. Na ocasião, porém, o ex-jogador ficou menos tempo que Guiñazu sem balançar as redes. No total, foram quatro anos e meio.
Fonte: UOL