O Oeste, simpático clube de Itápolis, no interior de São Paulo, voltou para sua cidade feliz da vida nesta quarta-feira. Com uma modesta renda média de pouco mais de R$ 5 mil nos jogos em seu estádio, o aprazível Dos Amaros, atingiu inimagináveis R$ 1,1 milhão ao ser mais uma equipe da Série B a aceitar o lucrativo, garantido e já corriqueiro negócio de alterar seu mando contra o popular Vasco da Gama para uma das Arenas da Copa do Mundo.
Esta foi a quinta mudança de local em partidas em que o Cruzmaltino atuou como visitante, além de dois jogos pela Copa do Brasil em que a mesma situação ocorreu. Na maioria delas, o convite parte dos próprios consórcios que administram o estádio, cientes de que os cariocas atraem público e geram lucro certo.
E se as empresas e os clubes de menor expressão sorriem de orelha à orelha com o mecanismo respaldados pelo regulamento, que permite a alteração com até dez dias antes da data do confronto, o Vasco não está nem um pouco satisfeito. Além de não receber um centavo, o clube reclama de gastos exorbitantes com a logística e do desgaste físico gerado pelas longas viagens.
"Às vezes, o torcedor acha que vale essa mudança, mas o benefício é zero. Só temos despesas. Quem paga estes excedentes é o próprio Vasco. Contra o Oeste, por exemplo, tivemos um prejuízo de quase R$ 100 mil", alega ao UOL Esporte o diretor-executivo vascaíno Rodrigo Caetano, que disse já ter procurado a CBF para que se crie um mecanismo que respalde mais os clubes de massa nestas situações.
Sem ter culpa alguma na insatisfação criada no Vasco, o Oeste só tem motivos para ter certeza de que tomou a medida certa. Com um público médio de apenas 334 pagantes em Itápolis, ele acumula uma receita líquida negativa em todos os jogos da Série B até aqui, o que totaliza um prejuízo de R$ 143.635,04. Com a renda milionária garantida no duelo em Manaus, que contou com 26.621 pagantes, não só quitará esta conta como a dos futuros, e praticamente certos, déficits como mandante até o fim da competição. O "troco" ainda servirá para garantir quase que integralmente a folha salarial até dezembro.
"A Arena Pantanal (Cuiabá) também nos procurou, mas fizemos uma pesquisa e optamos pela Arena Amazônia. Houve uma abertura, o público foi bom e acabou valendo a pena. Deu uma boa renda. Tem que saber aproveitar", disse Mauro Guerra, diretor de futebol do Oeste, sem se importar com a distância de 2.387 km que liga Itápolis a Manaus.
Na opinião de Rodrigo Caetano, porém, o Vasco está sendo, literalmente, usado pelos clubes da Série B e pelos consórcios.
Fonte: UOL