Joel chegou para dar coletiva enquanto cinegrafistas e radialistas se arrumavam para pegar as primeiras palavras do treinador após a vitória na estreia por 2 a 0. A sala foi enchendo, enchendo, até chegar o presidente Roberto Dinamite, que ouviu do treinador:
- Senta aí, presidente, senta aí - pediu o treinador, sem ser atendido.
Satisfeito com a atuação consistente e uma vitória tranquila, o técnico falou sério, mas também se emocionou e brincou um pouco, divertindo uma criança que assistia à entrevista. Ao pedido de uma nota para sua estreia, o técnico deu nota "entre 8 e 9" para a vitória sobre o Luverdense e, quando ouviu que havia uma expressão em inglês para definir seu primeiro jogo, disse: "Só pagando", brincou o técnico do Vasco.
A vitória não alterou a posição na tabela do Vasco, que segue na quarta colocação, a um ponto do líder Joinville. Mas o início de Joel muda, de cara, o astral no clube, que vive um conturbado momento político. Talvez reflexo da chegada do treinador, o clima em São Januário passou longe da tensão das últimas partidas. Até na coletiva de imprensa, houve momentos de humor que nada tiveram a ver com Joel, quando a mesa de áudio proporcionou alguns ruídos e assustou o treinador.
Confira abaixo a entrevista coletiva do treinador do Vasco.
Salão de casa
Maracanã é como salão de visitas, aqui, no Vasco é a nossa sala. Sempre tivemos conquistas importantes. Não imagina a ansiedade que eu estava, parecia que era a primeira vez. Cheguei, vi a torcida, a igreja, o sócio, a piscina, aquela convivência de vestiário, que está muito mais bonito que antes. Futebol é o que sei fazer. Se não for isso, não sei o que iria acontecer, sempre convivi com isso, com essa emoção. No início deu aquele friozinho na barriga, mas depois acalmou porque vi que a equipe estava bem postada em campo.
Comportamento no jogo
No início, fiquei calado mais tempo. Até porque eu gosto de ver quando a torcida cantar, isso para mim é importante. Aqui, você convive com ambiente de festa, alegria, feliz, fácil, você vê torcedor mais feliz em casa. A gente vê o torcedor brincar: "papai voltou". Deixa a gente satisfeito, hoje vou dormir com mais tranquilidade. Espero que seja assim.
Desconfiança antes da chegada
Talvez pelo tanto de tempo que não estava aqui. Eram nove anos, mas foi tempo excelente, de conquistas e títulos. E já falei o seguinte: se não sou o primeiro, sou o segundo no que mais conquistou no clube. Conheço bem o Vasco, frequentei aqui muitos anos, como jogador, como técnico. Às vezes as coisas não começam muito bem, mas vai ajeitando, o torcedor vai sentindo confiança.
Presença em postêr na sala de imprensa
É, faz tempo, são tantos jogadores que fizeram a história no clube, inclusive o presidente, fomos campeões várias vezes juntos. Nossa vida é feita de história, de sonhar e viver, quando disse que quero ser feliz na minha chegada, é isso. São 20 anos de carreira, quando acaba o jogo, é igual uma boa entrevista que vocês fazem. Hoje foi bom, estou que nem um garoto, quase um garoto. Talvez um garoto (risos).
Estreia convincente
O futebol está muito equilibrado, na Série A e Série B a gente vê resultados incríveis. O Vasco, a gente viu, ganhou do primeiro, aí perdeu para o último. Existe equilíbrio, existe trabalho em todas as partes. É diferente jogar com o sentimento que estava hoje, quando você joga amargurando você sente. A mesma coisa dos artistas, quando ele vai se apresentar, a pessoa já vaia, aí não funciona. Às vezes os jovens não tem maturidade para suportar essa situação. Pedi paciência, "vamos ter a bola e vamos ter paciência". Vi adversário que diz que vai jogar 10, 15 minutos e depois a torcida vaia. Não é assim, hoje a torcida continou incentivando, fizemos o gol depois dos 20 minutos, aí virou festa.
Nota
Nota é difícil, como ganhou, acho que 8 ou 9, passou, né. Nove não, porque aí vão dizer: "ah, já está empolgado?". Vamos dar 8, porque a equipe fez tudo que queríamos. É o momento da equipe sair do estado tenso, sentimos seguranca, tudo andando.
Fonte: GloboEsporte.com