Garoto-propaganda graças àquela famosa entrevista em inglês quando era técnico da seleção da África do Sul, Joel Santana parecia um pouco ruborizado a menos de dois metros de uma câmera. Foram poucos gestos, poucos gritos e poucas anotações. Com ar bem sério, o Papai voltou para São Januário quase 10 anos depois da sua última partida na Colina. Mas ao contrário das vaias e ofensas ao fim daquele Vasco 0 x 3 Baraúnas, em 2005 – o resultado causou a eliminação na Copa do Brasil e a queda do comandante –, o retorno teve aplausos desde o início. Com a opção de barrar Diogo Silva e escalar Jordi, ele ouviu até declarações de amor do torcedor vascaíno.
– Eu te amo, Joel! Eu te amo! – gritava um torcedor vascaíno bem próximo do treinador nas sociais.
Antes, nos primeiros passos no gramado que ele conhece tão bem, Joel teve o nome gritado pela torcida e respondeu com acenos erguendo a prancheta. No papel, nos primeiros 45 minutos, pouco escreveu. Aos 10 minutos, tirou a mão do queixo, pegou seu óculos, fez bico para caprichar na letra e anotou na prancheta pouco depois de uma tentativa de lançamento de Rodrigo.
Só esbravejou mesmo uma vez em todo a etapa inicial, quando Diego Renan foi derrubado. Até seu preparador físico, Ronaldo Torres, falou mais. Com a aproximação de Maxi para bater um dos escanteios da primeira etapa, Torres gritou:
– Coloca lá no Douglas (Silva) – pediu Torres, um pouco distante de Joel.
Nem mesmo quando Kleber foi derrubado e Braga levou amarelo o técnico se exaltou. Do alto da experiência de seus 65 anos, Joel apenas abriu os braços e esperou o árbitro mostrar o cartão.
Mas o lado paizão de Joel aflorou antes da partida. Ao ver Diogo Silva ser xingado pelos torcedores, o técnico foi até o jogador, o abraçou e falou alguma coisa para o goleiro. Diogo sorriu e foi com o Papai para o banco de reservas. Antes de a bola rolar, Joel ainda deu mais duas entrevistas para depois se escorar no banco de reservas do Vasco.
Na volta à Colina, Joel faz uma das poucas anotações em sua famosa prancheta |
Contemplativo, o técnico assiste ao jogo isolado e apoiado num poste |
Fonte: GloboEsporte.com