Quando o Vasco entrar em campo nesta terça-feira, às 19h30, em São Januário, para encarar o Luverdense, pela Série B, Joel Santana dará início à sua quinta passagem pelo clube, desta vez encarando um dos maiores desafios da carreira. Ele quer provar que ainda tem fôlego para retomar o trabalho de técnico interrompido desde a demissão do Bahia, em maio de 2013. No último ano, Joel trabalhou como ator em comerciais de sucesso na TV, explorando seu inglês macarrônico e a veia cômica.
“Tenho que colocar comida dentro de casa”, justificou, ao defender-se das críticas daqueles que não o levam mais a sério, apesar do currículo vencedor. Afinal, quantos técnicos podem se gabar da conquista de seis títulos estaduais seguidos por cinco grandes clubes? As torcidas de Vasco (1992 e 1993), Bahia (1994), Fluminense (1995), Flamengo (1996) e Botafogo (1997) que o digam. Os vascaínos também não se esquecem de seus tempos de jogador, quando foi campeão estadual em 1970 e Brasileiro, em 1974.
Além dos estaduais, Joel ainda foi campeão como treinador no Vasco do Brasileiro e da Mercosul, em 2000. Para calar os críticos, nada melhor do que comandar a volta à elite. Um desafio e tanto à altura da sua vocação de vencedor.
O DIA: O que dá para passar aos jogadores em apenas dois dias de trabalho?
JOEL SANTANA : Primeiro preciso mostrar ao grupo que este treinador tem muita confiança e conhece um pouco desse trabalho. Isso é importante para os jogadores entenderem e confiarem naquilo que for traçado. O futebol hoje é muita transpiração, é muito equilibrado, as equipes são muito parelhas. Por isso, temos que trabalhar muito as partes tática, técnica, física, psicológica e organizar bem o plano de jogo. Tenho que deixar que opinem, porque não sou o dono da verdade.
Você chegou bem cedo ao CFZ. Deu para tomar café com os jogadores?
"Tenho o hábito de geralmente tomar café no clube e aqui não vai ser diferente. Lá em São Januário, eu e o Severino (roupeiro) passávamos antes em uma padaria bem na esquina e comprávamos o pão, o queijo e a mortadela. A gente levava para todos tomarem o café juntos no clube. Agora a coisa está mais modernizada, pois o café já vem no ônibus."
Neste momento de instabilidade que o clube atravessa, um pouco de carinho nos atletas cai bem?
"Claro. Aprendi em mais de trinta anos no futebol, nos clubes em que trabalhei, a tratar bem as pessoas. Mesmo no momento em que estou tão desgastado no futebol não posso perder o hábito. Foi por isso que tive sucesso."
Durante a entrevista coletiva você não brincou e parecia mais sério do que o normal. Está magoado?
"Não sabia que teria tanto êxito em propagandas importantes. Em outros países, qualquer jogador e treinador faz isso. Ontem, (terça-feira) até tinha um garotinho, atrás do gol, que brincou com uma propaganda que fiz. Não tem nada de mais. Mas algumas pessoas levam para outro lado. Eu nem tinha assumido o Vasco e recebi críticas absurdas. Eu não sou o melhor técnico do mundo, mas também não sou o pior. Em todos os clubes que passei, principalmente no Rio, deixei a minha marca com títulos e bons trabalhos feitos. Isso me deixa com um pé na frente e outro atrás."
Vamos ver um Papai Joel mais contido no início?
"Talvez um pouquinho. Deixa os resultados virem. É um momento de muita responsabilidade. Você não imagina. É o meu porteiro, o jornaleiro, o taxista falando que temos que sair dessa. Isso dá a dimensão da responsabilidade. Mas vai dar tudo certo."
Joel faz mistério sobre time titular
Novo no pedaço, ainda conhecendo os jogadores, Joel não confirmou o time que enfrenta o Luverdense. Uma das dúvidas é o atacante Kléber, que nesta terça-feira ficou na academia em São Januário e não foi confirmado, apesar de ter obtido efeito suspensivo para jogar.
“Ele vai se concentrar com o grupo”, disse Joel, dando a entender que o garoto Jhon Cley, que treinou no time principal, tem chance de começar jogando.
Outra novidade é o volante Fabrício, que cumpriu suspensão automática contra o América-MG e está de volta. No ataque, Thalles deve ser titular. Ele foi um dos destaques na vitória por 3 a 2 sobre o América-MG e deixou boa impressão. Com apenas dois dias no clube, Joel vai buscar conselhos com o auxiliar técnico Jorge Luiz para escalar o time:
“Quero errar o menos possível.”
Fonte: O Dia