Organizadas do Vasco têm histórico de protestos, brigas e invasões a treinos

Quarta-feira, 03/09/2014 - 11:07
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Já virou rotina. Basta o Vasco estar em crise, que o clima de medo e vulnerabilidade toma conta de São Januário. Ano após ano, as ações dar organizadas do clube dentro das dependências do Cruzmaltino seguem sem maiores impedimentos, o que levanta até mesmo a suspeita interna de facilitação do acesso de tais torcedores por funcionários ou diretores.

Na última segunda-feira, novamente um grupo foi ao treinamento da equipe e abordou jogadores e membros da comissão técnica enquanto a atividade acontecia para transmitir sua insatisfação. A imprensa foi hostilizada e ameaçada.

O UOL Esporte tomou conhecimento de que um fato parecido aconteceu no sábado passado, após a goleada sofrida para o Avaí por 5 a 0 que culminou na saída do técnico Adilson Batista. Na ocasião, torcedores conseguiram ter acesso a entrada do departamento de futebol, numa tentativa de invasão ao vestiário, o que irritou bastante o diretor-executivo Rodrigo Caetano, totalmente contrário a este tipo de prática. Seguranças conseguiram contornar a situação.

Ano passado, porém, o staff não teve o mesmo sucesso para evitar a fúria destes membros e por pouco o pior não aconteceu. "Misteriosamente", uma organizada conseguiu abrir a porta que estava trancada do corredor que dá acesso à sala de imprensa e ao departamento de futebol. Cerca de 15 torcedores invadiram o vestiário e acuaram os jogadores. O atacante André, um dos mais perseguidos na época e que hoje defende o Atlético-MG, precisou se esconder na sala de fisioterapia. O lateral direito Fágner, atualmente no Corinthians, foi ameaçado de morte.

"A facilitação acontece pelo próprio pessoal do clube. Tem uns aqui que acham bom os jogadores sofrerem uma pressão às vezes", disse um funcionário, que não quis se identificar.

Ainda em 2013, revoltados com a ameaça de rebaixamento no Campeonato Brasileiro, cerca de 30 torcedores entraram dentro do gramado e interromperam o treino da equipe. Alguns jogadores correram para dentro do vestiário, mas a cobrança ficou apenas na base da conversa.

"Abriram o portão que fica atrás do gol para eles entrarem", denuncia o funcionário.

Repórteres também já foram enquadrados nos corredores de São Januário e ouviram ameaças. Em dias de jogos, alguns veículos de imprensa acabaram já sendo alvo de depredações.

Rodrigo Caetano admite que tem sido difícil blindar o elenco destas situações, mas faz questão de ressaltar que as repudia completamente.

"A gente vê, às vezes, manifestações de torcidas organizadas, algo que nós repudiamos. Essas manifestações têm que estar limitadas ao dia de jogo, na arquibancada. É ali que ela tem o direito de se manifestar. Qualquer coisa diferente disso, no dia a dia, no trabalho, no treinamento, nós temos que repudiar, mas infelizmente, em alguns momentos, temos que ver alguns torcedores maquiados de uniformizados atrapalhando nosso trabalho. Nós tentamos de todas as formas isolar nosso elenco, mas confirmo que não é nada fácil", disse ao Sportv.

Organizada suspensa por um ano

A principal organizada do clube está atualmente suspensa por um ano dos estádios brasileiros (a pena acaba em dezembro). A punição se deu por conta das cenas de barbárie no fim da temporada passada, no jogo entre Vasco e Atlético-PR, na Arena Joinville (SC). Todos os torcedores presos naquela baderna, porém, já estão soltos e respondendo em liberdade.

Esta mesma torcida enfrenta um racha político motivado por interesses e, nos últimos jogos do Cruzmaltino em São Januário, proporcionou confrontos entre si nas imediações e tiveram que ter os grupos separados por um cordão de isolamento formado pela Polícia Militar na arquibancada.

Fonte: UOL