CARTA ABERTA AOS VASCAÍNOS
Minhas irmãs e meus irmãos Vascaínos,
A mentira é uma das piores artimanhas da covardia. É o medo da verdade. Totalmente contrária ao código de honra em que pautei minha vida e que criei meus filhos. Nós não mentimos.
Não obstante dispensar testemunhas, apenas a título de registro, antes da última reunião do Conselho Deliberativo (desta vez respeitando o até então ferido e conspurcado Estatuto do Clube, deu naquela oportunidade legitimamente por findo, em votação democrática, o mandato do pior “presidente” da História do CLUB DE REGATAS VASCO DA GAMA) comuniquei ao meu amigo Otávio Gomes, ao José Luis Moreira (parceiro do Eurico e também meu amigo), ao Hercules Figueiredo (maior conhecedor do cadastro de sócios, do Estatuto do Clube e que desempenhou trabalho corajoso, exemplar e imparcial a frente do Conselho Fiscal, inclusive sendo elogiado pelo próprio Eurico), dentre outros, que a minha sugestão seria no sentido de formar uma Comissão composta por ele Hercules e mais alguns nomes que ainda restam com credibilidade, para, num curtíssimo espaço de tempo que ainda existia até as eleições de 11 de novembro, passar todo o cadastro de sócios do Vasco a limpo, rigorosamente a limpo!
Terminada a reunião do Conselho Deliberativo, dentro do pragmatismo que às vezes a política exige, a minha idéia era ir até o Eurico e ao Roberto Monteiro, dentro de uma relação de respeito mútuo e me valendo da moral que ostento com orgulho e altivez, sugerir (ou mesmo exigir) que a Junta votada e aprovada pelo Conselho fosse ampliada com nomes como o do próprio Hercules Figueiredo, do eminente advogado José Carlos Osório, do tradicional livreiro João de Almeida, do notório contabilista Antônio Miguel Fernandes, do jovem Yuri Lumer (novo, vigoroso e independente quadro), do engenheiro Carlos Eduardo Rodrigues Pereira, tão somente para citar alguns exemplos e colocando o meu próprio nome, mais uma vez, à disposição do Vasco para esta empreitada.
Tenho pelo competente advogado Silvio Godói admiração e respeito, de minha parte nada havendo contra os demais membros da Junta eleita. Nutro a convicção de que teríamos tudo para dar certo, trazendo todos para o enfrentamento das responsabilidades que o terrível momento que o Vasco atravessa exige urgentemente. E mais que isso, criando um clima de desarmamento de espíritos e o embrião de uma futura pacificação.
Arregaçaríamos as mangas, caindo de corpo e alma dentro dos problemas. Abriríamos transparentemente a caixa preta do cadastro de sócios e sem rancores, inspirados nas antigas raízes e tradições cruzmaltinas de trabalho e honradez, sem custos para o Vasco, sem necessitar de “tecnocratas alienígenas” ou “empresas especializadas” remuneradas a peso de ouro, apresentaríamos um cadastro devidamente higienizado, pela primeira vez na história recente do Vasco. Contemplando com justiça e isenção as consideradas corretas reivindicações e direitos das correntes políticas que lutam por eleições limpas.
No atropelo dos acontecimentos, não tive oportunidade de apresentar esta proposta. Em menos de 72 horas o delírio de beligerância jurídica e até policialesca, que tomou conta da politicagem no Vasco conseguiu mais uma vez, na calada de um plantão judicial, como nas “eleições” de 2011 (quando nos recusamos a legitimar aquela farsa) a prorrogação indecente do mandato do deputado banana oportunista que neste momento está nadando de braçada (apesar do vexatório desempenho do time dentro de campo), como sempre se dando muito bem, malandramente, fora das quatro linhas desde que se tornou político profissional à custa do Vasco.
Literalmente colocaram a raposa dentro do galinheiro nesta indevida prorrogação de mandatos, induzindo a erro a Justiça, permitindo neste apagar das luzes a renovação espúria de contratos milionários, comprometendo o Clube com outros tantos, colocando à venda nossas promessas como Thalles, e segundo informações colhidas nos corredores de São Januário, a Genrotur acaba de instalar-se na Tesouraria “administrando” os milhões das verbas oriundas da Umbro, da Caixa Econômica Federal e demais receitas.
Eleições em 11 de novembro, sinceramente não acredito que ocorram, dentro deste cenário de cinismo que aí está, em que o recadastramento sequer começou.
Tudo caminha adrede para novos imbróglios, novas litigâncias na Justiça e a conseqüente tentativa imoral e absurda da perpetuação deste mar de lama corrupto e ditatorial que invadiu o nosso Clube.
É um ledo engano achar que a culpa do malogro no futebol é apenas dos jogadores, do treinador e/ou do preparador físico. Aliás, a preparação física, assim como a tática do Vasco, vem deixando a desejar já há algum tempo.
A bem da verdade a torcida tem feito a sua parte, mas a colheita de resultados dentro de campo depende do plantio desde a programação, até os treinamentos técnicos e táticos, o condicionamento físico e psicológico e principalmente o comando.
É moda hoje em dia chamar o treinador de “comandante”. Na verdade o treinador é um empregado do Clube regiamente remunerado e por isso mesmo com extremo apego ao cargo, fazendo média com os jogadores, alguns segmentos da mídia e nenhum amor à camisa e geralmente ligado a empresário, para faturar ainda mais.
Portanto o verdadeiro Comandante não é o treinador, nem tampouco o supervisor. É aquele que dá a vida pelo seu Clube e deve necessariamente ser um dirigente Vascaíno de raiz, capaz e apaixonado, podendo ser um Diretor, um Vice-Presidente de Futebol ou até mesmo o Presidente do Clube, que permanentemente tem que estar a frente assumindo em última análise a liderança e as responsabilidades.
É inimaginável um pelotão ou esquadrão, mesmo de forças especiais super bem treinadas e até mesmo um exército sem Comandante. O resultado seria a desagregação, o descontrole e o caos, como hoje ocorre com o Vasco acéfalo e sem comando.
Se este ”presidente” tivesse um mínimo de amor ao Vasco, gratidão por tudo que o Clube fez por ele, as oportunidades que desde menino lhe proporcionou dentro de campo e que ele inegavelmente retribuiu com gols, não teria fora de campo afundado e desonrado o Vasco, protagonizando esta famigerada “era dinamite”.
Se ele tivesse um mínimo de dignidade já teria pedido demissão e na atual conjuntura se demitido imediatamente. Pela sua risonha cara de pau e pelas eleições parlamentares que se aproximam esta atitude é quase impossível de acontecer.
Neste ponto não posso eximir de culpa o Conselho Deliberativo que já teve sobejas razões e oportunidades para votar o seu impeachment.
Por tudo isto só me resta expressar a minha repugnância, minha indignação e meu inconformismo, pelo que está acontecendo desafortunadamente com o nosso Clube.
Acorda torcida. Acorda quadro social.
Fora dinamite!
VIVA O VASCO!!!
Pedro Valente
Fonte: Portal Pedro Valente