Adilson Batista não deixou dúvidas ao creditar sua saída do Vasco às hostilidades vindas das arquibancadas. O treinador, em seu discurso de despedida, também insinuou interesses políticos por trás das ações e lembrou do ano eleitoral que o clube atravessa. Suas constatações, por mais que tenham sido fortes, têm seus fundamentos.
De fato, desde que a eleição cruzmaltina passou a se aquecer, um racha se formou tanto no quadro social quanto nas organizadas e no chamado "povão". Subdivididos entre os grupos políticos, os sócios têm convivido com climas de ameaça, provocação e agem de forma orquestrada.
Na arquibancada, chegou-se ao cúmulo da Polícia Militar criar um cordão de isolamento entre a própria torcida do Vasco na partida contra o Avaí. De um lado, os membros de uma organizada que apoiam o candidato Eurico Miranda, do outro, os que se simpatizam por Roberto Monteiro e Júlio Brant.
Por mais que Adilson Batista e o diretor-executivo Rodrigo Caetano tentassem blindar o elenco do clima político, o ambiente pesado acabou influenciando e foi um dos motivos que fizeram o treinador entregar o cargo.
Mesmo com a goleada por 5 a 0 para o Avaí e os desdobramentos catastróficos, as chapas seguem rivalizando e até se aproveitam do momento.
Logo depois do jogo, Eurico Miranda emitiu uma nota considerando o resultado do Vasco "a página mais vergonhosa de sua história no futebol".
Já seu grupo político "Casaca", por sua vez, acusou partidários do candidato Julio Brant de estarem portando armas durante a partida.
Em contrapartida, a chapa "Sempre Vasco", de Brant, disse, em seu comunicado, que muitos que se dizem vascaínos de verdade "devem estar dando gargalhadas após a derrota humilhante deste sábado, pois assim podem atacar e apontar culpados, sem reconhecer que têm responsabilidade direta na triste situação que vive o Vasco".
Aproveitando o momento, o grupo ainda teve tempo de apresentar as propostas, citando uma "profunda reformulação na gestão de futebol do Vasco".
O Vasco ainda não definiu seu novo treinador, mas o nome de Enderson Moreira, demitido do Grêmio há um mês, já é estudado pela diretoria. Enquanto isso, o time vem sendo comandado pelo auxiliar Jorge Luiz.
Organizada pró-Eurico deixou jogo na metade da etapa final
Os membros da organizada que apoiam Eurico têm apresentado comportamentos peculiares nos últimos jogos do Cruzmaltino em São Januário. Além de se uniformizarem com uma camisa com o dizer "tudo mudou...", têm sido escoltados pela Polícia Militar e entram na partida já com a bola rolando.
Na goleada para o Avaí por 5 a 0, eles, que estavam cercados por um cordão de isolamento formado pela PM, abandonaram o estádio aos 24 minutos do segundo tempo, após o quarto gol dos catarinenses.
Fonte: UOL