Por mais que Adilson Batista estivesse bastante pressionado pela torcida, não estava nos planos da diretoria do Vasco a saída do treinador. Os dirigentes achavam que uma mudança de técnico à esta altura, com metade da Série B disputada e uma Copa do Brasil pela frente, não seria benéfica ao time.
Embora não concordasse em alguns momentos com escalações e substituições, a cúpula de futebol cruzmaltino tinha o consenso de que uma base e uma metodologia já haviam sido implantadas e absorvidas pelo elenco, que estava com o comandante desde novembro do ano passado.
Adilson, porém, já vinha se desgastando com as vaias há alguns jogos. A goleada para o Avaí por 5 a 0, onde foi duramente criticado, acabou sendo o estopim.
Após a partida, o treinador se reuniu com o presidente Roberto Dinamite, com o vice de futebol, Ercolino de Luca, e com o diretor executivo, Rodrigo Caetano, e comunicou seu desligamento.
Caetano, um dos que mais relutavam pela saída, acabou se conformando diante das palavras do treinador.
Com o cargo entregue, Adilson foi ao vestiário se despedir dos jogadores. Ele pediu desculpas e alegou que não tinha mais clima para continuar.
Enquanto não arruma um novo técnico, o Vasco será comandado interinamente pelo auxiliar Jorge Luiz.
Suspeita de ação orquestrada e chateação
Em suas palavras de despedida na coletiva pós-jogo, Adilson Batista também arrumou tempo para levantar suspeita das vaias, lembrando que o clube vive um ano eleitoral, com o pleito cercado de polêmicas.
"Consigo suportar a carga negativa, o burro, mas isso passa para os jogadores. Prefiro que ele joguem mais soltos. Daqui a pouco vem alguém que eles apoiem. Temos de pensar no Vasco. Há algum tempo o Rodrigo Caetano está segurando, é um ano político. Há interesses e muitas coisinhas que atrapalham o rendimento. Quero que flua. Os meninos têm capacidade de vencer a competição. Por isso, prefiro sair agora para ajudar. Houve algo orquestrado", disse.
O treinador foi além e revelou que, em sua opinião, nunca foi uma unanimidade entre os torcedores do Vasco. No discurso, as organizadas também foram lembradas.
"Parte da torcida nunca gostou do meu nome, nunca apoiou. E eu vou continuar na minha linha. Nunca vou pagar ninguém. Sou sério e vou procurar fazer o que acho certo. Infelizmente, temos de conviver com determinadas situações. A maioria dessa turma considerada de torcida organizadas...Aliás, são bem organizadas, pois a gente sabe como funciona", deixou no ar.
Rodrigo Caetano foi outro que ficou visivelmente incomodado com a forma pelo qual se deu a saída de Adilson Batista. O dirigente também lamentou a postura da torcida.
"Espero que esse ambiente externo não faça outras vitimas. O Adilson acredita que esse ambiente pode melhorar. Isso nos faz repensar. Não tenho convicção de que seja a melhor decisão. Sou contrário a esse tipo de mudança. O Vasco buscou a liderança e parece que estamos na zona de rebaixamento. Temos de ter tranquilidade. A responsabilidade é de todos nós, não apenas do treinador", declarou.
Fonte: UOL