Com adiamentos, reviravoltas, mais de uma dezena de chapas e também mais ações na Justiça do que o habitual, as eleições do Vasco de 2014 ainda prometem muitas emoções até a apuração da última urna em São Januário. No meio das polêmicas está um nome que pouco aparece para a torcida, mas fica na boca de chapas e concorrentes ao comando: Antônio Peralta. O vice-presidente geral e de comunicações do Vasco, pasta que é responsável pela administração do programa de sócios, tem mais de 20 anos de clube e foi dirigente nos tempos de Antônio Soares Calçada, de Eurico Miranda e retornou ao clube no segundo ano do primeiro mandato de Dinamite.
Em entrevista ao GloboEsporte.com, no início da semana, Peralta garante que o sistema de dados do banco de cadastros do clube é confiável e inviolável. O clube ainda vai divulgar de forma oficial, mas para realizar o recadastramento e ter, assim, condições de votar no pleito de 11 de novembro – caso a data seja efetivamente mantida -, o sócio vascaíno terá que levar identidade e comprovante de residência primordialmente. Outros detalhes ainda estão sendo definidos - como, por exemplo, se o associado que mora fora do Rio poderá ter aprovado seu recadastramento pela internet. Peralta rebate as desconfianças e acusações de que beneficiou a entrada de sócios de Eurico Miranda durante o processo eleitoral. Ele se diz apartidário e assegura que pensa em se afastar do clube quando esta turbulência acabar.
- A minha intenção é essa. Venho recebendo convites, pedidos e até apelos para continuar e ajudar, mas tenho que pensar bem se vale a pena. Sou avô, estou aqui há mais de 25 anos, não estou aqui para me arranjar. Me dedico de corpo e alma, não é para ser caluniado. Disseram que abri a secretaria aos sábados com um funcionário para receber os sócios do Eurico, isso não é verdade. Há mais de 20 anos faço um trabalho espiritual e entrego donativos. Sábado pela manhã é o único dia da semana que não venho ao clube. Quem viver, verá. Aqueles que procedem e agem com maldade, vão colher o que plantaram. Não desejo mal, mas a própria pessoa que constrói a sua estrada - filosofou o dirigente.
Confira abaixo a entrevista com Peralta:
GloboEsporte.com: Como vai funcionar esse recadastramento de sócios no Vasco?
Peralta - Vai haver uma Comissão de Auditoria e Recadastramento, está tudo certo para o Roberto (Dinamite) assinar. A comissão vai se reunir para começar a elaborar todo o trabalho. Se a pessoa não puder vir, vamos ver como vai ser feito, se ela pode mandar os documentos que a comprovem. Isso tem que ser levado em conta, no meu entendimento. Ainda será estabelecido cada critério pela comissão. Serão recadastrados todos os sócios ativos do clube. O Vasco tem mais de 100 mil cadastrados. Mas um universo de pagantes de seis, sete mil. São sócios muito voláteis. Se ganhar, cresce (o número de sócios), se perder, desce. Ninguém tem como interferir na base de dados, não existe a menor chance, isso é inviolável. A empresa (de sócios) não foi escolhida por mim, foi escolhida por um grupo de pessoas, o sistema é muito seguro.
Vai funcionar ao mesmo tempo a auditoria e o recadastramento? Pela mesma empresa?
- Não, são empresas diferentes. A auditoria vai ver se o sistema é seguro ou não, se tem algo a melhorar ou não. O recadastramento é da Microtag, para vermos se todos estão dentro da normalidade. Há erros naturais do dia a dia que acontecem em qualquer negócio, mas não pode haver dúvida na lisura do processo eleitoral. Se há erros, a gente corrige. Mas não se corrige a má-fé, aí é punição mesmo.
Só vai votar quem tem a carteirinha? Muitos sócios não receberam.
- Se o sócio está ativo, está na lista, ele vota. Eleição do Vasco é coisa muito séria. Há uma junta eleitoral que é constituída pelos poderes do clube, que apuram a lista de elegíveis e eleitores. Elas são depuradas e elas são aprovadas.
Mas quem não fizer o recadastramento, vota ou não vota?
- Quem não fizer recadastramento, não vota. Mas a comissão vai ter que estudar isso, o que fazer com quem não vier. Imagina a pessoa chega na hora e (mostrando um papel nas mãos) diz “estou em dia”. Vai ter que se analisar caso a caso. O universo do Vasco de votantes nunca vi, nas múltiplas eleições que passei por aqui, ser diferente. Votam 35%, estourando 40% de todo universo. Se temos 13, 14 mil na lista de elegíveis, mais eleitores, daria 3,5 mil, 4 mil votos. Talvez tenha diferença em função desses votos que entraram em março, abril de 2013, são votos novos, se compraram título e estão pagando é porque querem votar.
O trabalho feito pela Comissão de Sindicância, então, nem será levado em conta?
- Essa Comissão se estigmatizou para atingir um alvo: os sócios do Eurico, não tanto do Monteiro. Não temos que caminhar nesse sentido de achar isso ou aquilo, mas sim fazer o que for melhor para o clube, com justiça para todos. Essa comissão que vai fazer o recadastramento é isenta, o interesse maior é verificar realmente a condição de cada sócio, se tem ficha, se não tem ficha, se tem proponente, vamos pegar toda a base. O presidente (Dinamite) foi feliz quando determinou esse procedimento para eliminar essas falácias de mensalão de um e de outro, de João, de Joaquim. Que ajuda Eurico, Monteiro... Pelo amor de Deus, não tenho relação desse nível com eles. Faço trabalho isento. Não vou julgar se é mensalão ou não. O Vasco tinha um programa ativo de sócios, cheguei no segundo ano para ajudar. Consulte o estatuto, não diz nada que não possa fazer 100, 200 sócios. Já disse, foram feitos com interesse eleitoral? Estou certo que sim. Mas não há como impedir. Agora, em cima da hora vem com as coisas. Por que no curso do processo não se levantou essa questão? Estão pagando aí há um ano e sete meses? Simplesmente agora vai dizer que não é sócio? Esse recadastramento vai fazer isso.
Na entrada de sócios do ano passado, o senhor chegou a dizer que o Eurico estava pagando sócios dos amigos dele. Outros disseram que o senhor facilitou todo o processo que terminou por virar a polêmica dessa eleição. O que o senhor responde sobre isso?
- Há pessoas que nada fazem no clube, nem por aqui andam, mas infelizmente acham que sabem mais do que nós que estamos todos os dias aqui. Não tenho partidarismo, logo de cara não aceitei ser indicado candidato a presidente, porque gosto de trabalhar em silêncio, gosto de fazer um trabalho de base, interno, de organização. Essa história de Eurico, de Roberto Monteiro... Sou uma pessoa educada e me dou com todo mundo. Não alimento ódio, revanchismo, não sou de falar mal de ninguém. Vivo no mundo para ajudar o mundo a ser melhor. Têm pessoas que não, que caluniam, que têm inveja de quem realmente faz. Quem faz, fala menos. Estou sentimentalmente e profundamente ligado à instituição, não aos nomes. Não importa se é Eurico, Roberto, João, Bernardo, desde que venha ajudar ao Vasco a superar as dificuldades e a afastar essa nuvem negra que está estacionada em São Januário.
Fonte: GloboEsporte.com
