O técnico do Liverpool, Brendan Rodgers, precisou de apenas uma palavra para definir recentemente Philippe Coutinho: “mágico”. O futebol do camisa 10 vem encantando os ingleses e , se não foi suficiente para convencer o turrão Luiz Felipe Scolari, é agora passaporte para a Copa de 2018.
Convocado pelo técnico Dunga para os amistosos da seleção contra Colômbia e Equador, nos dias 5 e 9 de setembro, nos Estados Unidos, Coutinho espera ter vida longa na seleção brasileira. Aos 22 anos, o jogador dá sinais de que o amadurecimento chegou.
Não foi fácil. Revelado pelo Vasco, Philippe Coutinho deixou o Brasil em 2010, numa transferência que custou ao Inter de Milão aproximadamente R$ 10 milhões. Depois de uma temporada e meia, acabou emprestado ao Espanyol por seis meses. Retornou em 2012 para o clube italiano e, em janeiro do ano seguinte, foi contratado pelo Liverpool por R$ 37 milhões.
Candidato a ser o homem de criação da seleção, Coutinho já está de olho em outra camisa: a do Vasco, com a qual engatinhou e cresceu no futebol. É o que garante, em entrevista por e-mail concedida ao Jogo Extra.
Depois de ter ficado fora da Copa do Mundo, já esperava a convocação de Dunga? Estava muito ansioso?
O sonho de qualquer atleta profissional é estar na seleção brasileira. Comigo não é diferente. Antes da Copa, como não vinha sendo chamado, não criei muita expectativa. Agora, como está iniciando um novo trabalho, achava que as chances eram maiores. Fiquei um pouco ansioso, sim, e feliz demais. Espero corresponder à altura.
Pela convocação, nota-se que o Dunga está preocupado em devolver à seleção brasileira um camisa 10 típico. Acha que faltou isso na seleção de Felipão, que fazia a ligação direta entre a defesa e o ataque na base de chutões e pouco trabalhava a bola?
É complicado para mim avaliar o trabalho que foi feito sem eu ter participado dele. Tenho de pensar daqui para frente.
Acha que o futebol brasileiro está carente atualmente de camisas 10?
Não vejo dessa forma, não. Temos grandes jogadores de meio-campo. O Brasil continua produzindo grandes valores e, mesmo depois do que aconteceu na Copa do Mundo, nossa seleção continua sendo muito respeitada. Pelo menos é isso que eu sinto quando converso com os meus companheiros de Liverpool, principalmente.
Acha que ter ficado fora da Copa do Mundo trouxe prejuízos à sua carreira? Como você reagiu ao saber que estava fora da lista de Felipão? O que, na sua opinião, pode ter pesado contra sua convocação?
Cada treinador tem sua maneira de pensar e o direito de escolher seus jogadores. Não acredito que ficar fora tenha me prejudicado. Seleção é uma consequência do trabalho do clube. Tive um bom desempenho, mas fiquei fora, e isso faz parte.
Vê algum ponto positivo por sua exclusão da Copa do Mundo e, assim, não ter participado do vexame da seleção brasileira diante da Alemanha, no Mineirão?
Acredito que não. Foi muito ruim o que aconteceu, mas não quer dizer que os jogadores que estavam na seleção não são qualificados. Muito pelo contrário. São todos jogadores de qualidade e que podem muito bem vestir a camisa da seleção com o Dunga. É como eu disse: a briga é boa.
Você recebeu recentemente elogios do técnico do Liverpool, Brendan Rodgers. Ele disse que você é mágico. O que representa um elogio desses para um jovem brasileiro de apenas 22 anos?
É realmente muito importante para mim ter a confiança do treinador. Ele acredita em mim, e isso é fundamental para um atleta. Mas tenho de provar para ele todos os dias que tenho condições de ser titular. O grupo é muito forte.
Pensa em voltar um dia a jogar no Brasil? O Vasco, onde você começou a carreira e se projetou no futebol, estaria nos seus planos?
Isso faz parte dos meu planos sim, mas mais para a frente. O Vasco sempre será a minha prioridade.
Você é amigo do Luis Suárez, seu ex-companheiro de Liverpool? O que achou de sua punição, por ter mordido um adversário durante a Copa do Mundo?
Somos muito amigos, sim. Ele me ajudou muito quando eu cheguei no Liverpool, e é um grande cara. Acho que a punição foi muito pesada.
Qual é a diferença entre o tratamento dado às divisões de base na Europa e no Brasil? Acha que há falhas nos nossos métodos de formação de novos talentos?
Não sei se isso é uma falha. Mas aqui na Europa eu vejo o clube mais preocupado em formar os jogadores e não em somente ganhar títulos na base. Claro que é importante vencer e todos querem isso, mas sinto que aqui essa cobrança é menor.
O Liverpool enfrenta nesta segunda-feira o Manchester City. Qual é sua expectativa em relação ao Campeonato Inglês, ainda na segunda rodada?
Nossa última temporada foi muito boa. Vai ser uma competição dura, com vários times com chances de ganhar, mas o Liverpool vem forte e tem as mesmas chances.
Fonte: Extra Online