Ex-jogador de basquete do Vasco, Alexey fala sobre a carreira de administrador

Quarta-feira, 13/08/2014 - 15:49
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O ex-jogador de basquete e atual gestor esportivo Alexey Carvalho é o terceiro entrevistado da série PGM Entrevista.

Confira.

PGM: Alexey, conte-nos um pouco da sua trajetória esportiva e profissional?

AC: Minha trajetória esportiva se iniciou logo quando eu era criança aos cinco anos de idade, fiz natação, judô, futsal, até que comecei no basquete aos oito anos no Colégio Metropolitano no Méier (Rio de Janeiro) e desde lá nunca mais parei.

No basquete foram 30 anos de dedicação e muitas vitórias e conquistas e passei por vários clubes como: Mackenzie, Vasco da Gama, Flamengo, Botafogo, Tijuca Tênis Clube, Corinthians de SP e RS, Porto e Barreirense de Portugal, Panionios da Grécia, Vallodolid da Espanha, Panteras Miranda, Venezuela, Wayland Baptist Univesity (USA), seleção carioca, seleção brasileira juvenil e adulta.

PGM: É comum entre os atletas e profissionais do esporte, a escolha pela educação física, medicina, fisioterapia e outras áreas ligadas, por que você escolheu a administração?

AC: Fiz a minha faculdade nos Estados Unidos (1987-1991) e optei pelo curso de Administração e Marketing, pois sempre enxerguei uma demanda muito grande no nosso país em especial no âmbito de: Clubes, Federações, Confederações, Ligas e etc.

Em nosso país temos ótimos professores, técnicos, treinadores, médicos e fisioterapeutas, já nas organizações esportivas e gerenciais das mesmas ainda temos uma carência.

PGM: Como a administração pode contribuir para o crescimento esportivo do país?

AC: De várias formas, primeiro a administração precisa ser encarada de forma profissional e com profissionais capacitados e os que também querem aprender e crescer.

Existe uma grande diferença entre o gestor técnico e do prático, se puderem agregar os dois aspectos numa só pessoa esse com certeza será um diferenciado no mercado.

PGM: O futebol é a grande paixão nacional. Quais os caminhos para uma mudança nos nossos trilhos e a retomada das grandes conquistas, em sua opinião.

AC: Não misturarmos política com competência, ambas são importantes, mas que cada um possa cuidar daquilo que conhece e faz de melhor. Precisamos ter uma política nacional de esporte para depois pensar em títulos e conquistas.

Precisamos criar calendários esportivos, isso quer dizer:

Temporada do basquete, do vôlei, do futsal, do handebol e etc.

Isso dentro das escolas, as crianças têm que experimentar essas diferentes atividades esportivas e ver qual ela se adapta ou tem interesse do contrario continuaremos a perder milhares de talentos por falta de oportunidade. Mozart não teria sido um dos maiores músicos sem não houvesse lhe dado um piano, pois só no talento Mozart teria ficado no meio do caminho, é preciso dar chance, oportunidade, acesso a pratica esportiva e principalmente na sua iniciação.

PGM: Apesar de muito se falar em profissionalismo, a estrutura dos clubes brasileiros é amadora. Você é favorável a que os dirigentes sejam remunerados? Qual modelo de negócio você sugere?

AC: Clubes dentro da nossa legislação no Brasil são agremiações esportivas e não empresas.

Para que um clube possa ser administrado como empresa e que seus presidentes e vices possam ser remunerados, será preciso mudar toda a concepção e normas de estatuto e nomenclatura, isso através de uma mudança radical que viria do próprio Ministério do Esporte conjuntamente com o Ministério do Trabalho.

PGM: E a estrutura das federações e confederações, você é favorável a total profissionalização?

AC: Sou favorável que seus funcionários sejam profissionais e qualificados para exercerem aquela profissão.

Quanto à remuneração em alguns casos o próprio estatuto permite que alguns presidentes deles recebam verba de representação, diárias, viagens, sem que isso envolva algum tipo de vinculo ou cargo empregatício.

PGM: Como oriundo do basquete, qual o caminho para esporte a nível nacional. Como crescer e tentar retomar o posto de segunda força na preferência dos torcedores?

AC: Primeiramente seria a CBB (Confederação Brasileira de Basquetebol) juntamente com o Ministério do Esporte, pudessem lançar um grande programa nacional nas escolas e clubes através do MINI-BASQUETE, ou seja, tabelas mais baixas e bolas menores e mais leves. Uma grande onda nesse sentido se faz necessário do contrário o basquetebol continuará sofrendo e perdendo vários de seus potenciais talentos para os outros esportes ou até mesmo para as drogas.

PGM: Qual o cenário que você vislumbra para nosso desempenho nas Olimpíadas Rio-2016?

AC: Existem dois pontos que precisam ser enxergados nessa pergunta:

1º: Em relação às medalhas e aos atletas que estão recebendo recursos do Governo e do COB para que possam chegar aos Jogos com chances de conquistar medalhas.

2º: que é quanto ao trabalho que é desenvolvido na base, na infância e adolescência em nosso país ao introduzirmos as modalidades esportivas e as condições das mesmas. Essas crianças recebem apoio? Alimentação, roupas equipamentos adequados para treinar? Infraestrutura das nossas instalações esportivas?

PGM: Quais legados a Copa do Mundo e as Olimpíadas deixaram ou deixarão na nossa cidade e no nosso país?

AC: Eu não acho que promover um grande evento esportivo seja a garantia de deixar um legado ao povo de seu país.

Cito aqui um pequeno exemplo:

Engenhão foi construído para os Jogos Pan-Americanos de 2007 e lá foram realizadas as provas de atletismo. Passados os jogos quantos foram os atletas que passaram a utilizar o Engenhão como um centro de treinamento para o atletismo? Resposta: NENHUM.

Não bastasse isso ainda jogaram abaixo o estádio Célio de Barros que sempre foi uma referencia do atletismo não só na cidade do Rio de Janeiro, mas como do país.

PGM: Que recado você deixa para os leitores do Portal?

AC: A cada dia que passa, fico mais convencido que está cada vez mais difícil ser atleta em nosso país. Falo isso com imensa tristeza, pois ao contrario de trinta, quarenta anos atrás, os problemas também existiam, mas hoje o numero de praticantes, clubes, escolinhas, sócios, está cada vez menor e vários fatores contribuíram para isso.

O ESPORTE precisa de profissionais que trabalhem, e que amem trabalhar, que se dediquem que tenham comprometimento, que estudem que se aprimore que sejam ambiciosos e não gananciosos, que parem de ficar se preocupando com os outros e veja para dentro de si mesmo se você está fazendo o seu melhor, e saibam que ainda existe uma demanda muito grande dentro deste universo chamado ESPORTE BRASILEIRO.

Fonte: Portal PGM