Confira entrevistas com os 6 candidatos a presidente do Vasco

Terça-feira, 05/08/2014 - 11:00
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A tumultuada eleição presidencial do Vasco ainda pode ser adiada. Mas, enquanto a Justiça não decide o futuro do pleito, que, em princípio, está marcado para esta quarta-feira, em São Januário, o GloboEsporte.com apresenta aos vascaínos os seis candidatos ao cargo máximo no clube: Eurico Miranda ("Volta Vasco! Volta Eurico!"), o candidato de última hora, Eduardo Nery ("Vasco mais que um gigante"), Julio Brant ("Sempre Vasco"), Nelson Rocha ("Vira Vasco"), Roberto Monteiro ("Identidade Vasco") e Tadeu Correia ("Vasco passado a limpo").

À exceção de Eduardo Nery, que lançou sua campanha apenas no último fim de semana, todos os outros cinco candidatos foram entrevistados pessoalmente ou por e-mail e passaram por temas particulares de cada presidenciável a assuntos como modelo de gestão, planos para o futebol, esportes olímpicos e administração de dívidas.

A eleição é indireta, ou seja, o novo presidente será eleito pelos conselheiros natos e eleitos e toma posse no dia 19 de agosto.


Eduardo Nery: "A gestão do clube precisa de uma grande oxigenação"

Eduardo Nery foi o último a lançar candidaturaEduardo Nery é empresário, tem 43 anos, nasceu em Minas Gerais e hoje mora em Brasília. Foi o último a lançar sua candidatura, a apenas quatro dias das eleições do Vasco. Ele integra a chapa "Vasco mais que um gigante", que é formada por um grupo de empresários, executivos e gestores em médias e grandes empresas que resolveu se unir para apresentar novas propostas.

Nery é um antigo opositor do ex-presidente e novamente candidato Eurico Miranda. Recentemente, ele apoiou a última eleição de Roberto Dinamite e se aproximou da gestão - participando da negociação do patrocínio da Caixa Econômica Federal. Devido ao curto espaço tempo entre o lançamento da candidatura e a realização do pleito, não foi possível incluir Eduardo Nery no planejamento de entrevistas. Pelo Facebook, Nery divulgou seus planos para comandar o Vasco no próximo triênio.

- Acreditamos que a gestão do clube precisa de uma grande oxigenação, com novas pessoas e a implantação de modelos de gestão já utilizados com sucesso em grandes empresas. Temos como exemplo a remuneração por resultados dos funcionários, inclusive os atletas profissionais. Hoje paga-se um absurdo de salários aos atletas, enquanto os funcionários ficam à deriva com baixos e atrasados salários e sem estímulo. Enquanto isso, as torcidas organizadas recebem ingressos e outros subsídios. Entendemos que elas devem se adaptar a critérios estabelecidos pelo clube e se não alcançarem os indicadores não terão qualquer benefício, é um jogo de ganha-ganha. Temos que mudar essas questões básicas e chegarmos ao século XXI, como outros grandes clubes do mundo já o fizeram. Como exemplo, o funcionário do marketing que trouxer um patrocínio tem que ter uma premiação diferenciada, ele é um vendedor e precisa ser reconhecido e estimulado para buscar o próximo desafio, sempre respeitando o que temos de mais forte e precisamos preservar que é a marca Vasco - escreveu Eduardo na página da chapa no Facebook.

Confira abaixo algumas propostas da chapa "Vasco mais que um gigante":

- As torcidas organizadas serão valorizadas pelo Vasco, desde que suas ações venham somar à instituição e estejam em conformidade com as regras pré-estabelecidas através de Cartilha elaborada em conjunto com o Ministério Público. Não haverá mais a distribuição gratuita de entradas.

- Já no primeiro trimestre da gestão será criado um centro integrado de gestão por indicadores que integrará as principais vice-presidências e Diretorias em único espaço.

- No futebol será criado um Ground Committee, que tomará decisões técnicas, financeiras e humanas (RH), utilizando tecnologias de ponta para subsidiar os profissionais na melhoria da performance.

- Será desenvolvido um tour com visitação as dependências do estádio de São Januário, sendo que os sócios do Clube terão direito a participar de eventos especiais, de forma gratuita, no mínimo duas vezes ao ano. Dentro do modelo de remuneração por resultados será criada uma diretoria remunerada para estabelecer negociações com empresas interessadas na ampliação e reforma do Estádio. Será negociado com a Rio 2016 a inclusão do estádio nas Olimpíadas Rio 2016.

- Um dos principais objetivos do departamento de recursos humanos será a criação de um modelo de remuneração por resultados alcançados, baseada em indicadores objetivos, além de melhorias na qualidade de vida dos funcionários.

- A vice-presidência de marketing será priorizada e terá como principal objetivo gerar novas receitas através da força da marca Vasco, motivando a equipe a conquistar a remuneração por resultados. Dentro do projeto de internacionalização da marca Vasco, será elaborado um modelo que viabilize o uso da marca por clubes de outros países, ampliando as receitas do Clube.

- Os funcionários terão direito aos mesmos benefícios dos sócios no clube de vantagens, que utilizará tecnologias de CRM (Gestão de Relacionamento com o Cliente) para estreitar o relacionamento com os sócios, que receberão camisa oficial de presente no dia do aniversário, dentre outros benefícios.

- Devido à localização privilegiada, as sedes da Lagoa e Calabouço serão geradoras de receitas para o Vasco através de arrendamento de parte de suas estruturas. Na Lagoa a receita obtida irá beneficiar exclusivamente a diretoria de remo, origem do clube para aquisição de novos equipamentos e melhorias de performance.

- Seguindo modelos de gestão financeira já utilizados por empresas de médio e grande porte, o clube implantará centros de custo, com os limites orçamentários pré-definidos e monitorados constantemente pelo Conselho de Administração.


Eurico Miranda: “Não se dirige um clube como o Vasco por e-mail”

Eurico Miranda tenta voltar à presidência do Vasco Nesta quarta-feira, a partir das 22h, os votos dos sócios vascaínos vão definir a chapa vencedora da qual sairá o novo presidente do Vasco. A eleição - que é indireta, o novo presidente é eleito pelos conselheiros natos e eleitos e toma posse no dia 19 - é uma das mais polêmicas da história do clube de São Januário. Como já aconteceu em 2011, uma chuva de processos na Justiça e irregularidades põem em xeque a corrida eleitoral que pode até não terminar no fim da apuração dos votos - chapas devem contestar o resultado nos tribunais.

O GloboEsporte.com fez uma matéria com cada candidato. Nesta, o personagem é o ex-presidente Eurico Miranda. A entrevista realizada no fim de maio, em seu escritório no centro do Rio - na mesma semana, os candidatos definidos há mais tempo, Roberto Monteiro e Nelson Rocha, também foram entrevistados. Dirigente do Vasco desde o fim dos anos 1960, homem forte do futebol de 1986 até 2008 - foi presidente a partir de 2000 -, ele ganhou força com a decadência da gestão Dinamite, que tem duas quedas para a Segunda Divisão e deixa o clube com dívidas superiores a R$ 500 milhões.

O tema endividamento, aliás, é dos mais polêmicos. Dinamite não se cansa de dizer que paga até hoje dívidas deixadas por Eurico Miranda. Durante seu mandato ficou famosa a expressão herança maldita, que era rebatida pelos defensores e pelo ex-presidente.

- Não havia nada que não estivesse devidamente equacionado. Se eles deixaram de pagar, deixaram de cumprir, isso é outra coisa - responde Eurico.

O ex-presidente é candidato pela chapa “Volta Vasco! Volta Eurico” e é considerado o favorito a voltar ao poder, seis anos depois de ficar de fora da disputa contra Roberto Dinamite. Na ocasião, após o pleito de 2006 ser anulado na Justiça, participou como candidato do seu grupo político o recém-falecido Amadeu Pinto da Rocha, que perdeu para Dinamite nas urnas.

A polêmica adesão em massa de associados em março, abril e maio do ano passado não abala Eurico, que diz não ter qualquer participação sobre a campanha feita pelo seu grupo político e afirma que sequer era candidato à época. Ao seu velho estilo - entre perguntas e respostas, disse que “qualquer pessoa que diz que é contra o Eurico está errada” -, ele promete o retorno do respeito e um resgate das tradições do clube.

- Meu estilo é defender o Vasco como objetivo principal. Acima de muitas coisas. Ou de todas as coisas até. Coisa que é um erro. Esse meu estilo tem esse erro, porque tenho quatro filhos, sou casado com a mesma mulher há 45 anos, dediquei mais tempo ao Vasco que à minha família. Por quê? Talvez até forçado, mas, na verdade, a paixão que me leva a isso. Agora, muitas vezes fui obrigado, aquilo que chamam de truculência, não truculência, eu, pessoalmente, não tenho nada de truculento. Pelo contrário, nunca saí brigando com ninguém. Qualquer confusão que me meti foi sempre pelo Vasco. Nunca me meti em confusão por assunto particular.

Confira abaixo a entrevista com os principais tópicos para o triênio 2015-2017.

Candidatura

- A minha situação é muito clara em relação ao Vasco. A hora que me submeto ao pleito vou exigir e lutar, como tenho feito, para que as eleições se realizem dentro do estatuto do Vasco. Agora se ao final os sócios do Vasco entenderem que não devo voltar, tudo bem, pô. Já fui tudo no Vasco, tudo! Volto ao Vasco hoje por necessidade do Vasco. Se os vascaínos entenderem isso, se os sócios entenderem que eu posso resgatar o Vasco. Se eles entenderem isso, tudo bem. Se não, também tudo bem. Tenho sete netos, vou me divertir com eles. Antes, eu me candidatei, apoiei candidatura, participei de movimentos, com finalidade clara: de assumir o poder do Vasco. Hoje, a candidatura é no sentido de resgatar o Vasco.

Esportes olímpicos

- O nome do Vasco é Club de Regatas Vasco da Gama. Viável ou não viável, o nome é Club de Regatas Vasco da Gama. Se eu pensasse nisso (em acabar com esportes amadores), tinha que propor então mudar o nome do Vasco para Vasco da Gama Futebol Clube no estatuto. Vasco tinha a hegemonia no remo, vai voltar a ter. Vasco atingiu no basquete a posição que compete ao administrador buscar condições para que o Vasco volte a ter. Vasco não pode ter basquete para recreação. A tradição do Vasco é de time de basquete altamente competitivo. Não é participativo não, é de competir para ganhar. A outra: Vasco não pode ter Parque Aquático daquele para tomar banho de sol. As pessoas confundem. Você tem que buscar meios, incentivos, para retornar essas coisas. Qualquer pessoa que diz que é contra o Eurico está errada.

Dívidas, acordos e renegociações

- O Vasco teve que fazer acordo sobre dívida constituída por essa administração. Só dessa. Só rigorosamente dessa. O que tinha anterior estava toda na Timemania. As certidões todas estavam em poder do Vasco. Só que tem uma coisa simples. As certidões têm validade de seis meses. Se eles não tivessem as certidões não faziam o contrato com a Eletrobras (em 2009). Só que a certidão tem essa validade. Desde que entraram não pagaram, não recolheram, um centavo. Nem do Fundo de Garantia, nem do INSS, do imposto de renda, nada. Então teve essa dívida, constituíram essa dívida. Só dessa gestão. A outra estava toda lá (na Timemania). Aí fizeram essa composição, que só foi feita porque comprometeu as cotas de TV que recebe. Senão a Receita não faria.

- Todos acordos estavam sendo cumpridos. Toda hora essa coisa da herança maldita. O Dener, um exemplo, eles nunca mais pagaram um centavo. E essas dívidas, todos acordos, têm multa contratual, multa do acordo que é feito. No final, ficam muito maiores por esse fato, deles não terem cumprido. Vamos supor, "ah, eles fizeram todo o resto e não cumpriram isso". Não, eles não cumpriram nada. Ninguém está preocupado com a quantidade de ações que estão sendo movidas em cima deles. Só agora recente tem Carlos Alberto, Alecsandro, Fernando Prass, Renato Silva… Isso é o que? Herança bendita? Já disse e vou repetir: a situação do Vasco não é grave não, é gravíssima. Mas para ter solução na situação do Vasco a primeira coisa é resgatar o Vasco. Passar a ter representatividade, aí cuidar das coisas. Mas a força do Vasco existe. Se visse alguém que tivesse condições realmente… Acho que as pessoas ainda não entenderam esse negócio da minha volta para o Vasco, numa função efetivamente executiva. Eu me sinto em condições de resgatar o Vasco e se não solucionar, pelo menos minimizar toda essa quantidade de problemas que está enfrentando. Tenho capacidade para isso. Não vejo ninguém que se apresente com essa mesma capacidade e disposição.

Planos para o futebol

- Tudo se resume em administração, gestão. Se arrecadou R$ 150 milhões por ano, isso tudo é problema de gestão. Vou dar só um exemplo, você não pode contratar um jogador como o Nei e pagar R$ 200 mil por mês e fazer um contrato de três anos, ele está lá. Quem paga? A tia? Isso tudo é problema de gestão. Tudo isso você vai enfileirar uma série de casos, isso é problema de gestão. Se um tem capacidade de gestão, outro não tem, aí é outra conversa.

Modelo de gestão

- Nunca fui crítico de profissionalização, nunca fui contra. Comigo sempre trabalharam profissionais de alto gabarito. Só que eu sou do tempo de que acima do profissional tem que ter o dirigente amador. É simples: eu te contrato, você é o executivo, mas você não pode ter poderes maiores que o dirigente que tem o mandato. O executivo hoje está aqui, amanhã está ali. E a responsabilidade fica naquele dirigente. Agora, quando você tem dirigente amador fraco, aí permite que o profissional que pode ser da maior competência extrapole das suas funções. Isso que é o problema. Agora o executivo é normal. O cara fala em profissionalização, porque eles botam na cabeça que todo dirigente amador é imbecil. Não é. Como um clube como o meu, que chegou a 116 anos, agora, chegou aonde chegou? Foi dirigido por incompetentes, por incapazes? Agora, houve vários profissionais que trabalharam, mas sob a responsabilidade do dirigente amador. “Ah, o dirigente amador não pode estar lá todo dia”, está bem. Mas tem que saber. Um clube como o Vasco não se dirige por e-mail, não se dirige à distância. Isso não existe. E tem outra coisa elementar em administração. Você acha que tem que ter o executivo que trate do macro e esquece do micro. O somatório do micro leva à situação que a gente se encontra hoje. O executivo não está preocupado se não vai ter água, se o pessoal da grama vai cortar a grama, não está preocupado se vai ter a roupa na lavanderia. Compete ao amador ir em cima dessas pessoas e dizer: "E isso aqui, tem alguma justificativa que eu tenha um administrador que não paga a conta da luz, que não paga a conta da água?" Isso é administrador. Desculpa, né. Na casa dele ele sabe que tem que pagar a conta da água.

- São vergonhas e mais vergonhas. Um somatório de vergonhas. Isso aí me atinge diretamente. Eu não tenho nenhum discurso, de "sentimento não pode parar", sentimento disso, daquilo. Eu sinto! Como sente o torcedor, que se envergonha dessas coisas quando toma conhecimento. Quando se fala em resgatar o Vasco, principalmente, que esse tipo de coisa não aconteça. Se erros foram cometidos, a intenção era fazer o melhor, acertar, mas nem sempre acerta. O sentido de amor pela coisa, quem não administra com amor, não pode querer administrar. Uma instituição como o Vasco tem que ser administrada com amor.


Julio Brant: “O problema do Vasco não é falta de dinheiro, é gestão”

Julio Brant é o mais novo entre os candidatosAos 37 anos, Julio Brant é o candidato mais jovem entre os concorrentes na eleição do Vasco, marcada para quarta-feira. A exemplo de todos os presidenciáveis do Vasco, ele foi entrevistado pelo GloboEsporte.com. Formado em jornalismo e administração, ele fez sua carreira em empresas como Vale do Rio Doce, Odebrecht e na atual companhia, a Andrade Gutierrez, onde é vice-presidente de negócios com a África Subsaariana. A carreira lhe fez viver, entre idas e vindas, mais de 10 anos fora do país. Pela multinacional da construção civil, Julio mora há cerca de um ano e meio em Portugal, o que ele considera fundamental para ajudar na montagem de projetos e no desenvolvimento de ideias para o clube.

- Minha contribuição é esta: trazer o mundo para o Vasco, e o Vasco para o mundo - diz o candidato da chapa “Sempre Vasco”, grupo liderado pelo ex-jogador e ídolo do clube Edmundo.

Com linguagem informal misturada aos conceitos e expressões empresariais - ele cita frase de Norberto Odebrecht, fundador da empreiteira que faleceu recentemente, como receita de sucesso em administração: “O importante não é saber fazer, é saber quem sabe fazer” -, Julio Brant se apresentou ao eleitor e ao torcedor vascaíno poucos dias antes da reta final da eleição, após alguns potenciais candidatos recusarem concorrer. Com apoio da Cruzada Vascaína e uma proposta de renovação de ideias com jovens executivos, ele participa de um grupo de estudos que analisa as finanças do Vasco e procura soluções para evitar ainda mais problemas no futuro breve do clube.

- Sempre digo que o Vasco tem três crises muito sérias: operacional, financeira e de imagem. Talvez a de imagem seja a pior de todas - afirma o candidato.

Julio garante ter em mãos uma carta compromisso de um fundo de investimento de um grupo árabe para colocar US$ 50 milhões no clube, com variados fins: pagamento de dívidas mais altas e mais urgentes até construção de centro de treinamento. Questionado sobre a participação de Edmundo no projeto e sobre o risco de um ex-jogador repetir os erros de Dinamite - que colocou amigos ex-jogadores em funções essenciais nas categorias de base -, Julio contorna a questão e faz elogios ao ídolo vascaíno.

- Desde que seja bom, que se tenha o melhor profissional amigo, não vejo nenhum problema nisso. Agora, você dispensar um cara como o Edmundo, com o conhecimento de futebol que ele tem, é burrice. Ele vem se capacitando, em termos de gestão, como eu vi poucos fazerem. Foi isso inclusive que me trouxe para o projeto. Ele tem visão de futebol ímpar, tem feito esforço enorme, corre atrás e óbvio que tem que ser aproveitado. Mas cargo não temos definido - diz.

Confira abaixo a entrevista com os principais tópicos para o triênio 2015-2017.

Candidatura

- Sou mais um vascaíno indignado com a situação do clube. Clube que vivi desde a minha infância, frequentando a piscina e participando da vida social e indo aos jogos com meu avô. Minha candidatura surgiu quando estava em Portugal trabalhando e por ter amigos vascaínos em comum fui procurado por esse grupo de estudos do IBMEC, que tem o Edmundo e a Cruzada Vascaína. Comecei a mandar informações, sugestões e vimos que as opções eram muito difíceis e que, talvez, fosse o caso da gente acelerar o projeto, porque havia visão de longo prazo, porque percebemos que o Vasco está numa situação limite de inviabilidade. O que quer dizer que qualquer saída financeira só de um fundo perdido. Ou seja, alguém chegar com um cheque e dizer: “toma 100 milhões aí, não precisa devolver mais não”. A ideia era começar a moldar uma solução que se adequasse ao Vasco. Mas tínhamos que lançar um nome. Consultamos alguns, não avançou. E tinha que ser um nome que não tivesse qualquer envolvimento com política, nada de carreirista político. Tinha que expressar o conceito de um grupo de vascaínos que tem uma condição de carreira que permite parar e pensar o Vasco, de experiência profissional e de visão do mundo, e que possa trazer o que tem de novo e de mais interessante no mundo para o clube. Quando decidimos que o nome era o meu, claro que você toma um susto. Não é uma decisão simples, mas é uma marca da minha carreira nunca fugir de desafios. Sempre domei o touro pelo chifre.

Planos para o futebol

- Primeiro que a base é fundamental. O Vasco tem histórico de base. E uma mudança não significa ruptura do passado, pelo contrário, pode ser a volta às origens, o reforço do passado. Muitas empresas se recuperaram por voltar às origens. O Vasco sempre colocou excelentes jogadores da base no time profissional e revelou ídolos. O Vasco tem que fazer com que a base seja o princípio do negócio, tem que revelar jogadores, craques e profissionalizar esses craques, fazer time forte a partir da base. Contratação você pensa quando precisa suprir uma ou outra necessidade que existe se você não conseguiu formar em casa. As grandes empresas conseguem sucesso quando formam na sua base, no seu programa de estágio e de trainee, o executivo do futuro. Esse tem que ser o norte. O resto é processo. Há várias maneiras de se fazer quando o objetivo tem que ser: reduzir contratações de mercado e revelar craques da base. É um modelo que temos que resgatar e fortalecer com a ótica de que existe um futebol novo, futebol moderno que não é o mesmo da década de 1970, nem da década de 1980. Lógico que a dinâmica hoje dessa formação, da chegada desses garotos no profissional e da ida desses caras para o mercado, é diferente de como era há uns anos. É outra dinâmica. Mas o Vasco tem que se beneficiar dessa dinâmica, não ser refém dessa dinâmica, que é o que acontece hoje. Você acaba contratando caro, não tem benefícios, gasta dinheiro, não forma e vira um negócio esquisito.

Esportes olímpicos

- Acho que há condições de mantê-los. Mas penso que botar esporte olímpico para fazer vergonha e deixar tudo aos pedaços, é brincadeira. Se você não tem condições de sustentar esporte olímpico, é melhor parar. Há esportes em condições melhores de se sustentar. E o problema não é falta de dinheiro. O problema é a gestão, dinheiro é muito racional. Ele vai onde ele acredita. Se há projetos viáveis e vários esportes têm condições de fazer, vai ter dinheiro chegando para esses projetos. Desde lei de incentivo que pode ser usado de maneira eficiente até patrocinador. Quem não quer associar sua marca num projeto vencedor? Mas não tem nada inovador, nada que motive, um desastre de gestão, mesma complicação, mesma bravata que acontece o tempo todo. Primeira coisa é trazer gente capacitada do Brasil e de fora. É a grande contribuição que eu posso dar para o Vasco. Minha concepção é trazer o Vasco para o mundo e o mundo para o Vasco. Se tiver que contratar um cara na Rússia, vou lá e contrato. Não é para captar dinheiro, é para montar o projeto para um esporte específico.

- No caso do remo é diferente, porque é estatutário e é o esporte que foi o nascimento do clube. Vamos dar todo foco no remo, tirar essa vergonha que hoje é o remo, com barcos velhos. Tem que investir mais porque material nós temos, gente boa nós temos. Vasco tem história espetacular no remo, tem que voltar a ser campeão. Não vejo por que não ser, até porque o orçamento do remo é relativamente baixo. De novo, digo: não é falta de dinheiro.

Dívidas, acordos e renegociações

- O Vasco tem mais ou menos R$ 560 milhões em dívidas. Desse total, metade é tributária, uma coisa monstruosa, cerca de R$ 270 milhões. Primeiro, a ideia é separar o comitê gestor da dívida do resto da estrutura do clube. Separar fisicamente. “Olha, você vai ficar na sede da Lagoa.” O cara quer discutir dívidas, vai para lá. É outra vibração, não vai ficar batendo oficial de Justiça, gente enchendo o saco no dia a dia. Estamos procurando um cara preparado, que obviamente tem que se vascaíno porque tem mais compromisso no meu entender, para ser o presidente do comitê gestor da dívida. Ele vai montar uma equipe de no máximo cinco, de preferência três, para sentar e ajudá-lo na renegociação dessas dívidas. Tem que ser um time de gente com credibilidade, com relação em banco, relação com as empresas, o cara que vai botar o bigode dele a prêmio. O Vasco já renegociou “n” vezes a dívida, eu sei, mas sem credibilidade não se vai a lugar nenhum. Tem que ter plano crível, exequível, que seja possível de pagar, dentro do fluxo que o Vasco tem hoje. Estamos pegando um clube quebrado, cheio de dificuldades e vamos recuperar. A tendência nossa é ter cada vez mais um incremento de receitas, uma contenção de custos para cada vez mais ter condições com os compromissos nossos, porque boa parte deles é com a dívida.

Modelo de gestão

- Vejo da seguinte forma: estou num projeto de reestruturação de uma empresa. E essa empresa é a coisa que eu mais amo na minha vida. Estou me impondo esse desafio. Fui olhar antes, estudei, fui ver o que tinha de números. É viável. Senão vira projeto político. O Vasco tem crise financeira, operacional e de marca. Não vejo ninguém com capacidade para resolver esse tipo de problema. Essa crise vai se aprofundar. Vai piorar, a tendência é essa. Se conseguir resgatar o viés de queda, pode ser que não dê tempo, se conseguirmos subir a ladeira, ao invés de descer, é o início da recuperação. É uma satisfação que nenhuma empresa me daria. Seria retribuir para o Vasco, que é a maior fonte de alegria da minha vida.


Nelson Rocha: "Tenho o pulso com inteligência que o clube precisa"

Nelson Rocha já foi vice de finanças do Vasco Lançado candidato por outro grupo de executivos vascaínos em dezembro do ano passado, Nelson Rocha é contador, foi vice-presidente da Suderj, secretário estadual de Fazenda e foi vice-presidente geral e de finanças do Vasco na administração Roberto Dinamite. Ele deixou o clube em setembro de 2012 quase ao mesmo tempo que José Hamilton Mandarino, Fred Lopes e outros vice-presidentes. Pela chapa “Vira Vasco”, ele logo se mobilizou para contestar na Justiça o processo eleitoral vascaíno, que tinha denúncias de adesão em massa de sócios que ficou conhecido como “mensalão”. Depois de levar o caso ao Ministério Público, Nelson foi para a Justiça e ainda tenta impedir os cerca de três mil sócios-eleitores de participarem do pleito vascaíno. Entre os projetos, propõe uma redução radical de vice-presidências - de quase 20 para cinco -, além de uma valorização obrigatória dos garotos formados em casa.

Criticado pela oposição quando ainda era vice-presidente de finanças pelos três anos com parecer de reprovação do Conselho Fiscal - todas as contas terminaram aprovadas em votação no Conselho Deliberativo -, Nelson rebate a sustentação técnica do Conselho e ressalta que foi ele quem alertou das falhas no contrato com a Penalty. Ele enxerga nas reprovações motivações muito mais políticas do que técnicas. Ao mesmo tempo fala em economia de R$ 17 milhões em acordo com dois ex-jogadores.

- É uma incoerência muito grande pedir reprovação das contas se o Vasco foi eleito em 2011 clube com a melhor gestão do futebol brasileiro. Isso não fui eu quem disse. Foi aquela consultoria, a Pluri Consultoria, que fez esse estudo. Naquele ano de 2011, o nosso resultado do exercício foi de R$ 3 milhões - afirma Nelson.

O candidato também rebate as críticas sobre a franquia da sua mulher na loja oficial do clube.

- Os que falam são aqueles que não acreditam no Vasco, porque botamos dinheiro num negócio que a minha esposa é a responsável. Investimos R$ 500 mil nas lojas. Diferentemente de gente que bota dinheiro do Vasco e recebe dinheiro de volta. As três lojas ao longo de dois anos geraram em royalties para o clube e até hoje nunca tiramos um centavo. Ao contrário, só botamos dinheiro.

Candidatura

- Não sou uma pessoa que surgiu do nada e chegou ali para participar de uma eleição. Não sou candidato porque quero, porque acordei de manhã e um raio de sol me pediu para ser candidato. Sou candidato porque um grupo de executivos me pediu para ser. Porque entendiam e viam em mim administração profissional e competente no clube. A credibilidade que tenho junto a mercados e empresas me credenciam para a melhor gestão que o clube já teve, eu diria. No campo da ética, sigo as normas e o estatuto para buscar a representatividade. Outros candidatos não agiram dessa forma, por isso estão sendo questionados sobre a adesão de sócios. Se eles são culpados ou não, a Polícia e a Justiça decidirá, mas de qualquer forma o nome envolvido já mostra para onde o sócio tem que olhar na hora de votar. O mais importante, por fim, é o amor ao clube e o sentimento que queremos resgatar de alguém que não tem medo de enfrentamento. Tenho o pulso com inteligência que o clube precisa. Sem arroubos, sem interesses pessoais.

Dívidas, acordos e renegociações

- Quando chegamos (primeiro mandato de Dinamite), traçamos uma estratégia, embora acho que poderia ter sido melhor. Saltamos de R$ 52 milhões de receitas (2008) para R$ 137 milhões (2009). Quase triplicamos as receitas, mas era normal que se aumentassem as despesas, porque você começa a ter um time mais competitivo, mas houve problema nas despesas. Mas os clubes brasileiros são perdulários: gastam acima da sua capacidade de arrecadação. O Vasco poderia ter tido resultado melhor. Traçamos estratégia em 2009 para a dívida, que continua válida. Dividimos a dívida em três pontos: a trabalhista, a cível e a fiscal. Na trabalhista, o ato no Tribunal Regional do Trabalho, que concentra as dívidas, havia sido descumprido um mês depois de assinado pelo ex-presidente. Conseguimos uma negociação melhor com o TRT e conseguimos alongar esse perfil de pagamento dessas dívidas para oito anos. Isso estava em vigor quando eu saí, acredito que continue, porque foi esforço muito grande. Só conseguimos isso por conta da credibilidade que passamos. Hoje, é uma quantia que deve chegar a cerca de R$ 10 milhões por ano.

- Eu disse quando entrei que seriam pelo menos cinco anos para botar a cabeça para respirar. No caso, equacionar ainda ia demorar muito mais. Na dívida trabalhista, alongamos ela. Na cível, equacionamos os principais processos, mas fizemos acordo dentro da nossa capacidade de pagamentos. E isso tudo comprometia tudo no atual fluxo. Na medida que vou tendo que pagar para trás, sobra menos para o atual. Eventualmente, como muitos já estavam em fase de execução, ou fazíamos isso (pagávamos) ou a gente comprometia um pouco a receita cotidiana. Não existe a possibilidade de ser diferente.

- Na questão fiscal, paralelamente discutimos isso de outra forma, que continuo achando a única saída para o futebol brasileiro. Não dá para se resolver essa questão na forma que está hoje. É enxugar gelo. Porque, primeiro, Timemania não quita a dívida. Se pegar o que recebe de receita do Timemania, não paga os juros. Por isso que a dívida cresce todo ano. Segundo, mesmo se o clube tivesse a intenção de pagar direto, os valores são em torno de R$ 250 milhões, mas se considerar a taxa de juros, são quase R$ 30 milhões por ano. É uma necessidade a discussão do Proforte, dessa lei.

Planos para o futebol

- Vamos ter um comitê, que será composto por cinco pessoas: o vice-presidente, o diretor executivo do profissional, o diretor da base, o vice-presidente de finanças e pelo vice-presidente de marketing. A inclusão desses últimos dois têm a ver com o seguinte: ninguém vai tomar decisão sem o financeiro e o marketing vai auxiliar e opinar numa contratação, na viabilidade de um investimento. Para não acontecer o que aconteceu comigo: o cara vai lá, contrata e quem paga a conta é o financeiro. Nossa chapa vai ter três pilares: transparência e ética; competência; e pertencimento, que é um conceito que vamos trazer. É o principal pilar da nossa estrutura. As pessoas não estão lá por acaso, elas pertencem a um clube, que não é qualquer um, então tem que ter orgulho. Se não tiver, não entra. Jogador que não tem orgulho de vestir a camisa do Vasco, está fora. Se não der sangue, está fora. Além disso, queremos resgatar a mística dos camisas negras. Vai jogar todo mundo de preto, do profissional ao infantil, o uniforme preto com a faixa branca, às vezes com o uniforme todo preto, eventualmente. Outra coisa: num elenco com 33 jogadores, queremos um terço desses da base. No mínimo. “Ah, mas essa safra não está boa”. Não interessa. O que queremos com isso: atrair os jovens, porque sabem que vão ter oportunidade lá na frente. Esses jogadores em cima, aqueles que não forem aproveitados, vamos poder vender, vamos fazer dinheiro.

Modelo de gestão

- Nossa ideia é trabalhar com comitês, uma estrutura enxuta, profissional. O corpo estratégico e político do clube são os eleitos, eles dão as diretrizes da gestão. Embaixo vem os profissionais, que tocam o dia a dia. Imaginamos uma estrutura de cinco vice-presidências só. Embora o estatuto preveja 14, vamos aglutinar em cinco apenas, que são a vice-presidência de futebol, a administrativo-financeira, marketing e comunicação, esportes olímpicos e social, que vai da relação com sócio a responsabilidade social.

Esportes olímpicos

- Vamos ter remo obrigatoriamente, porque faz parte da nossa tradição. Os outros esportes olímpicos são autossustentáveis, senão não existem, mas vamos trabalhar com vôlei, basquete e atletismo - outro tradicional, que teve Adhemar de Barros, está no hino etc. Mas estamos abertos para todos esportes olímpicos, com a exceção do remo que faz parte da nossa história e teremos obrigatoriamente, mas têm que ser autossustentáveis, senão não existem. Temos ideias específicas para conseguir patrocínio para o vôlei e o basquete.


Roberto Monteiro propõe comitês de gestão e renovação de quadros

Monteiro foi o primeiro a se candidatar à sucessão de Dinamite no VascoPrimeiro a se lançar candidato para as eleições do Vasco, o advogado Roberto Monteiro conquistou apoios e importantes alianças na reta final da eleição. Com o advogado estão ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, procuradores e até a delegada Martha Rocha. Ex-vereador, Monteiro é filiado ao Partidos dos Trabalhadores, mas se dedica exclusivamente às eleições do Vasco e garante que se empenharia da mesma forma em eventual mandato à frente do clube.

Monteiro foi presidente da Força Jovem do Vasco, a principal organizada do clube. Esse vínculo é visto de maneira positiva pelo candidato, que lembra o exemplo de outros dirigentes de sucesso no futebol brasileiro, como do ex-presidente do Corinthians Andrés Sanchez, que também dirigiu a Gaviões da Fiel e chegou a ser dirigente da CBF.

- Às vezes querem rotular (com organizada), porque é mais fácil. Mas não vejo problema nenhum. Na minha chapa, na minha relação do dia a dia, muitas pessoas têm poder de voto, são sócias como eu há mais de 25 anos. Há experiências positivas, como do Andrés Sanchez, que ajudou a desmitificar isso. Quem sou eu para dizer que o perfil é esse ou aquele, mas as origens (do Andrés) são as mesmas - lembra Monteiro, que defende relação saudável e respeitosa com as organizadas, sem trocar apoio político por ingressos e muito menos permitir “práticas ruins”, mas sim incentivando a adesão ao programa de sócios do clube.

Confira abaixo a entrevista com os principais tópicos para o triênio 2015-2017.

Candidatura

- A nossa candidatura é um projeto que começou no fim de 2012 com sócios que queriam renovar o clube, mas não queriam a volta do Eurico Miranda ou a manutenção do Roberto Dinamite. Nosso eixo principal é esse: com todo respeito a todos que fizeram parte da história do Vasco, mas está na hora de renovar. Nosso lema é mudar sem retroceder. Nossa proposta é trazer a dignidade e a esperança de volta, com apoio dos vascaínos, de toda a torcida. E isso não será possível retrocedendo a um antigo presidente.

Planos para o futebol

- Hoje se tem o vice de futebol, o gerente executivo, estatutariamente o clube prevê um supervisor, que na época do Eurico Miranda era o Paulo Angioni, foi o Isaías Tinoco, e na gestão do Roberto Dinamite o clube profissionalizou com o Rodrigo Caetano, que é fundamental, um profissional respeitado que todo vascaíno quer que seja mantido. Vamos analisar o cenário, ver quais urgências, para dar continuidade do trabalho e garantir a volta para a Série A com tranquilidade. A prioridade no início é dar sustentabilidade para retornar para a primeira divisão. Ao longo do próximo ano vamos observar outras questões, ver os contratos, como do CT de Itaguaí, pensar em parcerias para o CT de Jacarepaguá, que o Vasco ganhou concessão.

Dívidas, acordos, renegociações

- Independentemente do Proforte, que pode viabilizar, resolver em parte a questão, temos que ter um diagnóstico da situação do clube. O que está na nossa porta, o que é imprescindível de pagar. Acho que os credores vão ter que ter muita paciência, tem que ter muita vontade de chamar todos eles, tentar chegar a um denominador comum para cumprir esses compromissos. Eles têm que entender que precisamos nos viabilizar para isso. Se a fila está apertada, pode se negociar, o credor receber mais à frente com maior segurança do que prometer algo que não vai cumprir. Acho que podemos redimensionar o ato da Justiça do Trabalho, que foi realizado anos atras, até porque já deve haver novas dividas. Mas precisamos ver a viabilidade de tudo isso, precisamos saber quais receitas estão comprometidas. O Vasco é um grande clube que pode ter grandes parceiras se tiver credibilidade. Mesmo com muita dificuldade, vamos conseguir organizar e buscar novos parceiros para uma marca que nem o Vasco. Agora, se houve dolo em gestões anteriores, obviamente seremos impiedosos na busca do repatriamento dos recursos, em ações passíveis de regressos.

Esportes olímpicos

- Temos que usar as leis federais que podem viabilizar os esportes olímpicos. Há leis que podem trazer receitas especificas, mas para isso, claro, tem que ter as certidões, e tem que ter gente capaz de fazer projetos com o governo federal, no sentido de captar esse dinheiro. O Vasco é celeiro de possíveis atletas e revelações do esporte, tem que ter gente capacitada para lidar com esses projetos, captar recursos e incentivar o esporte olímpico. Hoje é fundamental usar as leis de incentivo ao esporte, por elas conseguir o apoio da iniciativa privada, que vai ter suas deduções legais de Imposto de Renda. Vamos fazer projetos viáveis, atrair o setor empresarial e chamar o empresário que quer exposição das suas marcas. Acho totalmente factível manter os esportes olímpicos trabalhando em cima dessa perspectiva.

Modelo de gestão

- Vamos trabalhar com comitês gestores. Nesse caso, vamos fazer uma mistura das pastas executiva e profissional, com nomes que serão escolhidos. Ele será formado por conselheiros e gestores remunerados. Nossa ideia é fazer investimento na qualificação dos profissionais do clube com uma administração moderna, transparente e socialmente responsável. Hoje, qualquer gestão que assumir entra para apagar incêndio muito mais do que viabilizar qualquer proposta num primeiro momento. O que temos feito é garantir, sem criar instabilidade, parceiros que possam ajudar o clube. Obviamente vamos respeitar parceiros que já existem no Vasco, sem fazer qualquer quebra de contrato. Precisamos viabilizar o clube pelo menos até o fim do ano, porque não sabemos os recebíveis que temos pela frente. Hoje, é uma bagunça muito grande, o clube não tem nem orçamento aprovado, se vive em função dos números do ano anterior.


Tadeu Correia: "Luto para ver o Vasco saneado em aspectos éticos e morais"

Correia coordenou a comissão de sindicância que apurou o MensalãoTadeu Correia da Silva, 61 anos, é coronel reformado do Exército. Dono de nacionalidade portuguesa, é sócio do Vasco há 44 anos e vai disputar as eleições pela primeira vez como candidato. Entre 1991 e 2003, trabalhou como voluntário e funcionário das categorias de base do clube. Entrou na política cruz-maltina em 2004. Desde então, ocupou cargos de conselheiro, diretor de esgrima, xadrez, futebol de mesa e futebol feminino. Mais recentemente, foi o vice-presidente do Infanto Juvenil até ser demitido no fim da gestão Roberto Dinamite. O presidente alegou conflito de interesses, pois Tadeu é candidato à presidência e liderava a Comissão de Sindicância, que investigou as denúncias da adesão em massa de sócios no início do ano passado. Em sua defesa, Tadeu lembra que se tornou candidato porque foi escolhido num grupo de conselheiros da atual administração.

Os três mil sócios que entraram em abril de 2013 configuram o caso conhecido como "mensalão". A prática beneficiaria as campanhas de Eurico Miranda e Roberto Monteiro. O relatório aponta participação dos candidatos e de outros grupos políticos em menor escala. Segundo a Comissão, Eurico assinou 201 fichas como proponente e o seu grupo político tinha 1.757 ao todo dos novos sócios. Monteiro, ainda de acordo com o relatório, assinou 351 fichas como proponentes, num total de 727 novos associados. A Cruzada Vascaína e a organizada Guerreiros do Almirante, que também participaram da associação em massa no mês de abril, entraram com 178 e 37 sócios, respectivamente. O presidente Roberto Dinamite, no entanto, não acatou as determinações da Comissão de Sindicância. O relatório foi entregue também à Polícia.

Sem fazer campanha durante todo o processo eleitoral, Tadeu não descarta uma aliança às vésperas da eleição. Em debate realizado no domingo pela Rádio Globo, ele chegou a sugerir uma aproximação com Nelson Rocha e Julio Brant. A entrevista com o candidato da chapa "Vasco Passado a Limpo" foi realizada por e-mail.

Candidatura

Tenho experiência como funcionário do clube, como político do clube e me preparei para isso também academicamente. Principalmente na área de esporte e gestão, fiz mestrado, doutorado e MBA. Luto para ver o Vasco saneado em aspectos éticos e morais. Vejo o clube caindo vertiginosamente em vários aspectos, hoje é a 10ª marca do país, após um somatório de problemas e de perda de valores. Quero resgatar isso dentro do clube com muito trabalho.

Modelo de gestão

A administração atual do Vasco é baseada em uma proposta linear e setorial. Cada vice-presidência se porta como um feudo formando ilhas de ações, onde, sem exceções, não existem critérios claros e definidos em seu modo operacional, caracterizando desta maneira uma verdadeira administração do tipo “apaga fogo”. A exemplo disto citamos o departamento financeiro, que não define critérios de fluxo de caixa por centro de custo. Por sua vez, esses centros de custos não são balizados por vice-presidências. Logo, não existe por parte dos departamentos do Vasco metas claras e indicadores precisos que definam um centro de custo autossuficiente. Por outro lado, o Vasco não tem um plano de cargos e salários por mais básico que seja. A solução para esse caos administrativo das 14 vice-presidências é formatar um planejamento estratégico para o Vasco (com seus níveis tático, operacional e de legado) que deverá ser aprovado pelo Conselho Deliberativo, sendo que o mesmo só poderá ser modificado pelo conselho em situações especiais ou na mudança da gestão estatutária. Por sua vez, cada vice-presidência fará seu planejamento estratégico cujas metas serão as metas definidas pelo planejamento tático do Vasco.

Planos para o futebol

O futebol precisa ser pensado como uma linha de montagem, no qual está sendo formatado um produto de qualidade que é o atleta talentoso. As categorias de base necessitam de mudanças em sua estrutura de recursos humanos com profissionais especialistas na área da ciência do esporte e da gestão esportiva. É significante transformar o atual projeto de núcleos de futebol em franquias aumentando a arrecadação para fazer a autossuficiência do futebol amador. O Colégio Vasco da Gama será reestruturado para orientar pedagogicamente suas metas estratégicas em ações que auxiliem, nas aulas de educação física, o desenvolvimento dos princípios táticos do futebol. Para alcançarmos tais objetivos essa grade curricular vai se apoiar na pratica do jogo de xadrez.

O futebol amador necessita um planejamento estratégico com seus indicadores (estratégicos, de produtividade, de qualidade, de efetividade e de capacidade) bem delimitados nos vieses dos treinamentos físico, tático e técnico. Os salários dos profissionais e atletas deverão ser por produtividade. A relação com empresários deverá também ser definida por indicadores estratégicos e táticos.

Desta forma, o futebol amador naturalmente cederá para o futebol profissional melhores atletas e em quantidades suficientes e com excelente qualidade. Para cada categoria deverá existir um diretor estatutário, no total de cinco, e mais um Diretor Geral da Divisão de Futebol Amador – definindo assim o principio da governança.

Para desenvolver esse projeto no futebol amador a proposta é construir o CT das Categorias de Base em Caxias – terreno do Vasco. Essa construção deverá ser modular e gradativa a medida que forem disponibilizados recursos. Uma das formas de recurso é o aluguel de parte do terreno para empresas de logística; como também aluguel de outdoor voltado para a via principal, transformando o projeto em autossustentável. Essa construção deverá obedecer os parâmetros da CBF para certificar o Vasco como clube formador, e assim permitir abatimentos na divida fiscal do Vasco.

No futebol profissional, é fundamental que as metas e indicadores apontem para o numero máximo de atletas levando em consideração o calendário de competições. Além disto vai ser definido um plano de cargos e salários para os jogadores, o qual será balizado por uma linha de mínimo e outra de máximo definidas por metas de produtividades a serem alcançadas, favorecendo que esses salários não atrasem. O CT do futebol profissional, em uma primeira fase, será em São Januário, pois já existe uma infraestrutura de academia, de fisiologia, de saúde (médica, nutricional e psicologia do esporte). O campo, de tamanho oficial, será construído no atual campo de grama sintética de São Januário. Essa ação trará economia no aluguel de CT para os profissionais. Em uma segunda fase, vamos viabilizar a construção de outro CT em área a ser determinada.

Esportes olímpicos

Os esportes olímpicos serão divididos em dois universos: o Departamento de Infanto Juvenil - com escola de formação para a prática multiesportiva favorecendo o aumento do vocabulário motor; e estrategicamente os esportes olímpicos serão divididos por vice-presidências de esportes coletivos, de combate, individuais e de salão - com um programa de desenvolvimento de talento para os diversos esportes. Todavia, esses esportes serão instalados a partir do momento em que se tornem autossuficiente administrativa e financeiramente. A exemplo disso cito o futebol feminino que criei em 2009 tendo em sua estrutura todas as categorias de base. Hoje ele é autossuficiente e referencia a nível mundial, desde que conquistou em 2012 o primeiro campeonato mundial de clubes na Categoria Sub 17. Em minha proposta, os esportes paraolímpicos são prioritários. Esses esportes serão organizados, na primeira fase, em uma Divisão do Departamento de Infanto Juvenil. Na segunda fase, depois de desenvolvido e estruturado os esportes paraolímpicos serão alçados à categoria de vice-presidência.

Dívidas

Embora as estratégias estejam muito amarradas pelos comprometimentos das verbas, aponto três ações básicas: internamente precisamos realizar cortes planejados nos setores de recursos humanos e de estrutura física; também precisamos criar um fundo de negócios e/ou investimento para fazer frente aos gastos do futebol profissional; além de ampliar e incentivar o Projeto Vasco Divida Zero para viabilizar os diversos centros de custos; transformar o Centro de Memória do Vasco em uma área de negocio rentável para o Vasco; incentivar os esportes olímpicos e paraolímpicos para, de acordo com a Lei Pelé, abater as dividas fiscais. Outro ponto: externamente equacionar e renegociar, depois de muito bem planejado, as dividas fiscais, de licenciamento - em especial cotas de TV.

Fonte: GloboEsporte.com