Com uma dívida tributária calculada em cerca de R$ 270 milhões, vindo de temporadas onde foi sufocado por penhoras e com importantes receitas já antecipadas, o Vasco se aproxima de sua eleição almejando que novos e bons tempos acalmem a turbulenta maré da nau cruzmaltina. Dispostos a mudar este quadro, os principais candidatos à presidência do clube apresentaram suas ideias ao UOL Esporte e, mesmo diante das dificuldades, garantiram: há solução para as finanças do Gigante da Colina.
Eurico Miranda, da "Volta Vasco! Volta Eurico!", Roberto Monteiro, da "Identidade Vasco", Júlio Brant, da "Sempre Vasco", e Nelson Rocha, da "Vira Vasco", chegam ao consenso de que não será do dia para a noite que a situação irá melhorar mas, baseados em alguns ideais antagônicos, relatam de que forma pretendem levantar o Cruzmaltino.
Veja abaixo a primeira da série de três reportagens sobre a eleição vascaína. Nesta, os candidatos falam sobre os principais temas que envolvem a vida financeira do clube:
FINANÇAS EM GERAL
Eurico Miranda: "Evidente que tem (solução). O potencial do Vasco não mensurável. O problema todo que está se enfrentando é basicamente um problema de gestão, de descaso, de abandono. Tudo parte de um contexto. Eu sempre entendi que o Vasco não se administra por email e nem a distância. Administrar o Vasco precisa da presença física, mas não adianta a presença física sem a competência. Além da competência, tem uma coisa que, no meu entendimento, as pessoas em sua maioria perderam em termos de Vasco, que é amor ao clube. Se não tiver esse sentimento de amor ao Vasco, evidente que as coisas ficam mais difíceis".
Roberto Monteiro: "Não a curto espaço (solução). Obviamente existem algumas pendências. Há a expectativa de uma solução fiscal por parte do governo. Acho que uma gestão justa é achar uma solução entre receita e despesa. Acredita que há solução, mas para isso, tem que se entregar. O Vasco é um clube grande, não pode deixar a história cair por terra. É hora de se unir em torno do projeto, da renovação. Temos que mudar sem retroceder".
Júlio Brant: "Nós iremos criar o comitê gestor da dívida, cujo objetivo principal é gerir e negociar as dívidas literalmente fora de São Januário. Não misturar o ambiente interno com esse problema de dívida. Vamos ter uma sala fora do clube, o cara vai lá, bate na porta e terá uma equipe lá trabalhando para esse fim específico. Já temos o presidente para esse comitê, um cara top de mercado que irá nos ajudar, vai montar a equipe. É óbvio que a credibilidade que o nome dele passa, vai nos ajudar na negociação. Esse comitê terá uma interface com o financeiro do clube, que tocará as coisas do dia a dia do clube".
Nelson Rocha: "O clube não tem como dar garantia, não tem crédito, os recursos de tv já estão todos comprometidos... A solução é trabalhar com a geração de capital próprio. A principal delas é com relação aos sócios, mas um programa decente, não este desarranjo atual, por um incapacidade de se fazer o controle de sócios. Tem pessoas que estão em dia e que não constam na lista de elegíveis porque o clube não tem controle. Temos que fazer um trabalho para criar um laço. Estabelecer uma relação que vai além da questão de futebol".
PATRIMÔNIO
Eurico Miranda: "Claro que o que aconteceu (parque aquático e ginásio fechados), não é pela questão financeira, é falta de amor ao Vasco, é descaso, é negligência. Como uma pessoa que está dirigindo uma instituição como o Vasco, pode achar que o parque aquático pode ser fechado? Um palco de recorde mundial, de campeonato mundial... Um ginásio interditado, onde tiveram conquistas de basquete, futsal... Você atribuir isto à dificuldade financeira? Não é. Por qual motivo dava e agora não dá se a arrecadação é maior? É absoluto problema de gestão. É como você ter cinco filhos e, de uma hora para outras, não querer mais cuidar de um ou de outro".
Roberto Monteiro: "As dependências do Vasco, hoje, são basicamente uma manutenção. Mas somos realistas, não tem como fazer nenhuma grande obra agora. Temos um projeto em curso de ampliação da São Januário. Mas no momento é só uma ideia, que seria junto com a iniciativa privada. Mas isto ainda não está conversado com os responsáveis".
Júlio Brant: "O banheiro de São Januário fede, é sujo, e vamos combinar que isso não é falta de dinheiro. Isso é falta de respeito com o sócio e o torcedor. Algumas intervenções não se gasta dinheiro. Tem que se pensar maior. Por exemplo, fazer uma troca da cobertura. Hoje você faz uma cobertura nova, com armação, que não é tão cara, e aí você faz com que os torcedores não fiquem no sol na arquibancada. Também temos projeto para uma nova arena, mas a viabilidade, no momento, é zero. Quem estiver prometendo isso estará mentindo, pois isso não é um projeto para ser feito em uma gestão. É um projeto de R$ 500 milhões só para começar. Épossível? É. Dá para fazer? Dá. Mas tem que ter uma parceria privada interessante, tem que foco e envolva outros ativos. Esse vai ser o objetivo. Trazer parceiros para ajudar a gerir os ativos".
Nelson Rocha: "Em São Januário vamos resgatar o projeto de ampliação que eu coordenei e que largaram de lado. O projeto está pronto, mas só sai com mudanças no entorno. Vamos fazer uma gestão e uma interlocução junto ao poder público para podermos viabilizar este projeto. Temos também um projeto para a sede do Calabouço. A ideia é fazer uma integração com os clubes vizinhos (Boqueirão, Santa Luzia) onde se construiria um grande complexo esportivo, com academia de primeira linha, grandes restaurantes, o que valorizaria a região e atrairia as pessoas que trabalham no Centro, por exemplo. "
Fonte: UOL