O Vasco vai recorrer nos próximos dias da decisão judicial que ordenou, na tarde desta terça-feira, o clube a remarcar as eleições para presidente para o próximo dia 6 de agosto, data original do pleito até ser adiado para o dia 11 de novembro, por decisão do presidente da Assembleia Geral do clube, Olavo Monteiro de Carvalho, anunciada na noite da última sexta-feira.
Nesta terça-feira, a juíza Ana Lucia Vieira do Carmo, da 19ª Vara Cível do Tribunal de Justiça (TJ), afirmou em sua decisão que o adiamento decidido por Monteiro de Carvalho foi irregular. A ação que pediu a anulação do adiamento foi movida por um torcedor e tem o Vasco e o próprio Monteiro de Carvalho com réus. A juíza aceitou o argumento de que apenas a Junta Eleitoral (órgão criado no clube para arbitrar questões do processo eleitoral), e não o presidente da Assembleia Geral, tem autoridade para modificar o dia da eleição.
Na sexta-feira, Monteiro de Carvaho adiou o pleito como presidente da Assembleia Geral, sem consultar a Junta Eleitoral. A juíza entende que Monteiro de Carvalho não poderia tomar essa decisão sem passa pela Junta. O Vasco contestará este argumento: no entendimento do departamento jurídico do clube, o estatuto do Vasco diz que é, sim, do presidente da Assembleia, a prerrogativa de definir a data da votação. O Vasco vai recorrer da decisão nos próximos dias.
— A juíza tomou uma decisão que vai contra o estatuto do clube. O clube vai recorrer, pretendo esclarecer alguns pontos a ela e também recorrer à segunda instância. O Olavo (Monteiro de Carvalho), como presidente da Assembleia, seguiu o estatuto. A intenção é fazer a eleição da forma mais limpa possível, e houve modificações na lista de votantes até 17 de julho. O estatuto obriga um interval mínimo de 60 dias entre a lista definitiva e a votação — disse o advogado do Vasco, Marcello Macedo.
LISTA DE SÓCIOS É POLÊMICA
A principal polêmica é quanto à lista de sócios aptos a votar e elegíveis. Em fins de maio, a Junta Eleitoral chegou a uma lista de votantes, e a eleição foi marcada para o dia 6 de agosto. Para os que defendem que o pleito aconteça na próxima semana, esta lista serve para disparar o início do calendário eleitoral, já correndo o intervalo de 60 dias até o dia da eleição. Desde então, houve pedidos para mudanças na lista, com a inclusão de sócios que estavam ausentes e a exclusão de outros que não atendiam a todos os requisitos para poder votar. A lista mais atualizada sofreu modificação até o dia 17 de julho.
No entendimento do presidente da Assembleia e do departamento jurídico do Vasco, os 60 dias até a eleição devem começar a contar apenas depois das últimas modificações na lista de votantes. Nos corredores de São Januário, Monteiro de Carvalho é acusado de adiar a votação para evitar a vitória de um dos dois candidatos que aparecem como favoritos para o próximo dia 6: o ex-presidente Eurico Miranda e o advogado Roberto Monteiro. O adiamento serviria para dar tempo a outros candidatos de se fortalecerem até a eleição ou mesmo que surja um novo nome. Monteiro de Carvalh defende-se afirmando que apenas segue o que determina o estatuto do Vasco. Além de Eurico e Roberto Monteiro, há mais três candidatos: o ex-vice de Finanças Nelson Rocha o ex-vice do departamento Infanto Juvenil Tadeu Correia, e o empresário Julio Brant.
Eurico Miranda e Roberto Monteiro comemoraram a remarcação para o dia 6 de agosto. Em São Januário para um reunião da Junta Eleitoral que acabou suspensa com a decisão da Justiça, Eurico criticou Monteiro de Carvalho.
— Foi restabelecida a ordem na eleição do Vasco. O adiamento feria o estatuto do clube, ele não poderia adiar como presidente da Assembleia, isso cabe à Junta Eleitoral. Ele vai para o lixo da história — disse Eurico.
Em nota divulgada à imprensa, Roberto Monteiro também comemorou a decisão:
— A justiça foi restabelecida. A mudança no calendário eleitoral foi autoritária e sem sentido.
Fonte: O Globo online