Cerca de 700 pessoas lotaram na noite de segunda-feira (28) o salão de festas na Casa da Vila da Feira, na Tijuca, para a convenção da chapa Identidade Vasco, encabeçada por Roberto Monteiro. Nem mesmo a indignação com o possível adiamento da eleição – de 6 de agosto para 11 de novembro – foi capaz de tirar o entusiasmo dos participantes. Em meio a aplausos e palavras de apoio, Monteiro aproveitou a festa para anunciar o nome do seu primeiro vice-presidente geral, Frederico Lopes, o Fred, ex-vice de patrimônio da gestão ainda em vigor.
“Se estão achando que vai faltar fôlego à nossa chapa caso a eleição seja em novembro, muito pelo contrário. Eu vou é ganhar mais votos. Não vamos perder o foco. Não vamos desanimar. Estamos cada dia mais mobilizados, com mais garra e determinação. O que eu posso garantir é que não vou ser fantoche desses caras que estão querendo um outro Dinamite lá”, disse Monteiro, ladeado por parte dos 150 conselheiros (120 titulares e 30 suplentes) que compõem a chapa Identidade Vasco.
Diante de uma plateia ansiosa por notícias sobre a nova data da eleição presidencial, Monteiro não fugiu de nenhum assunto. Ele abordou inclusive a polêmica sobre o ingresso maciço de novos sócios, em abril do ano passado, com direito a voto.
“Eu tenho altivez, dignidade e consciência tranquila para dizer que fizemos uma campanha legítima para que todo aquele que estivesse indignado com esse Vasco que nos envergonha, que nos humilha, que se associasse para ter direito a voto e nos ajudar a mudar esse quadro. Fizemos campanha na mídia, com outdoors, propaganda, tudo às claras. Eu falo abertamente sobre esse assunto porque não tenho nada a esconder. Se algum outro candidato se aproveitou disso para mudar o conceito de uma ação que nasceu legal e transparente, não é problema meu”.
Quanto à nova data da eleição, Monteiro disse que nada ainda está determinado:
“A eleição pode ser até na data que estava anteriormente marcada, dia 6 de agosto. Ou até no dia 18, quando expira o mandato do atual presidente. Medidas judiciais estão sendo tomadas. Temos uma reunião na quinta-feira (dia 31) e talvez se chegue a um acordo. O problema é que tem muita gente apostando no caos. Eu quero é ver, se a eleição for mesmo em novembro, e o Vasco, em vez de estar lutando para voltar à Primeira Divisão, estiver perto da zona de rebaixamento para a Terceira, quem é que vai responder por isso? Quem vai assumir essa responsabilidade?”
A indefinição no calendário eleitoral inflamou os discursos dos aliados de Monteiro. Ex-presidente da OAB-RJ, presidente licenciado da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB e da Comissão da Verdade RJ, Wadih Damous não mediu palavras para expor sua revolta com a decisão tomada pelo presidente da Assembleia Geral do clube, Olavo Monteiro de Carvalho.
“Essa decisão se assemelha a um golpe de estado. Foi uma atitude ilegal e arbitrária. A verdadeira intenção disso ainda não veio à luz. Isso me parece uma tentativa para estender o mandato do Dinamite e impedir a vitória de Roberto Monteiro, o candidato com mais chances de vencer a eleição”. Secretário estadual de Trabalho e Renda, Sérgio Romay confia que “a medida não conseguirá esfriar a campanha de Monteiro, só fortalecê-la”. Já o ex-jogador de basquete Alexey torce para que o processo eleitoral aconteça o mais rápido possível porque “os vascaínos querem sair logo desse estado de aflição”.
Líder do movimento Pró-Vasco que recentemente uniu-se à chapa Identidade Vasco, Eduardo Machado classificou o adiamento da eleição como “altamente contraditório e sem sentido”. Já o ex-jogador de vôlei Fernandão, um dos fundadores do MUV (Movimento Unido Vascaíno), enfatizou a agonia de quem não aguenta mais esperar por mudanças.
“Gostaria que a eleição acontecesse agora, mas, se tivermos mais um tempo de Dinamite, só vai servir para aumentar nossa vontade de lutar”.
“ELEIÇÃO JÁ! FORA GOLPE!”
No palco, o ex-deputado Edmilson Valentim, aniversariante do dia, foi brindado com o “Parabéns pra você” após um discurso inflamado. “Estamos sofrendo com um Vasco sem rumo dentro e fora do campo. A torcida não aguenta mais ser humilhada. Monteiro está assumindo o papel de nos liderar contra esse golpe. Eleição já! Fora Dinamite! Fora golpe!”.
Ex-vice de futebol vascaíno, José Hamilton Mandarino garantiu que “seja em que data for, meu voto será do Monteiro, única pessoa capaz de reconduzir o Vasco ao caminho, hoje perdido, de glórias e vitórias”. O ortopedista Alexandre Campello, ex-integrante do departamento médico vascaíno, lembrou que o Vasco é o time da virada e disse que é preciso “virar o jogo contra essas pessoas que não nos representam”. Ex-ministro da Igualdade Racial do governo Lula e coordenador de campanha, Elói Ferreira exaltou a capacidade de Monteiro em agrupar pessoas diferentes em torno de um objetivo comum por ser “uma referência de ética, dignidade e coração vascaíno”.
Nome de consenso na chapa Identidade Vasco para assumir o posto de primeiro vice-presidente Geral, Fred Lopes não tem dúvidas que o adiamento da eleição teve “motivação pessoal, atendendo a interesses de um grupo de pessoas que não querem ver Roberto Monteiro na presidência”. Fred disse que “Olavo Monteiro acha que tem sangue azul e está acostumado a mandar no Vasco de dentro pra fora”.
Apesar da indignação geral, o clima de festa, com muita comida e bebida, seguindo a boa tradição lusitana, contagiou a todos. Para animar a noite, subiram ao palco o sambista Toninho Geraes e o grupo folclórico Amigos do Alto Minho.
Fonte: Identidade Vasco