Adiamento da eleição evitaria saída de Dinamite sem aprovar contas de 2012 e 2013

Segunda-feira, 28/07/2014 - 09:44
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Com dívidas da ordem de R$ 500 milhões - cerca de R$ 200 milhões tributárias e fiscais -, a gestão Dinamite caminha para seus últimos dias - ou meses, caso os grupos de Eurico Miranda e Roberto Monteiro consigam efetivamente reverter o adiamento das eleições para novembro. Briga política à parte, o presidente do clube ainda enfrenta problemas na prestação de contas e na transparência de sua administração. O clube chega ao segundo semestre de 2014 ainda sem ter a aprovação pelo Conselho Deliberativo dos balanços patrimoniais de 2012 e de 2013.

O caso é sintomático dos problemas da gestão Dinamite, que ficou um bom tempo sem vice-presidente de finanças - o atual, Jayme Lisboa Alves, assumiu no início do ano. O Conselho Fiscal - órgão interno do clube composto por dois membros da situação e um membro da oposição - pediu a reprovação dos balanços financeiros de quatro anos consecutivos - em 2009, 2010, 2011 e 2012. Todas as contas, com exceção de 2012, terminaram sendo aprovadas no Conselho. E mais: a auditoria externa sobre as contas do ano passado, que é feita por uma empresa independente, ainda não ficou pronta. O parecer deveria ter sido publicado junto com as contas de 2013, que por sinal atrasaram dois dias. O vice de finanças do clube afirma que a auditoria externa do balanço do ano passado também será entregue em breve.

Em meio tiroteio eleitoral, o Conselho Fiscal se reúne nesta semana com o vice de finanças e parte da diretoria para analisar o novo parecer da auditoria das contas de 2012, que foi fechado nas últimas semanas. Com o documento em mãos, os fiscais vão enviar um pedido de aprovação ou nova reprovação dessas contas para serem analisadas pelos conselheiros. Com relação aos números de 2013, o trabalho só pode ir adiante quando a auditoria externa estiver concluída. Para completar, o clube não trabalha com uma previsão orçamentária de 2014. Ela não foi sequer realizada - neste caso, o clube trabalha com os mesmos números do ano anterior.

- O balanço de 2012 teve que ser quase todo refeito. Também teremos uma nova auditoria dessas contas. A de 2013 também está acabando. Vamos tentar levar os dois balanços para votação num mesmo dia no Conselho Deliberativo. Se tudo correr bem, a gente vai resolver isso tudo - diz Jayme Lisboa Alves.

Apesar do otimismo do vice de finanças, a realidade é bem mais dura. A pauta de reuniões do Conselho Deliberativo está mais lotada do que nunca. Com o polêmico adiamento das eleições para novembro, torna-se urgente a convocação extraordinária dos conselhos para votarem por uma extensão dos mandatos de toda a diretoria administrativa. Na fila, outro assunto que envolve a política do clube: o pedido de suspensão de Eurico Miranda do quadro social, que Abílio Borges, presidente do Conselho Deliberativo, pretendia convocar antes da data original das eleições - anteriormente marcadas para o dia 6 de agosto.

Atraso virou regra

No balanço apresentado de 2013 alguns números chamaram a atenção. O clube de São Januário conseguiu importante aumento de receitas em bilheteria. Em 2012, o time faturou R$ 9,9 milhões, contra R$ 14,8 milhões no ano passado. A corrida eleitoral, com movimentação de chapas e as adesões em massa de abril de 2013, que viraram motivo de inquérito policial na semana passada, movimentou o programa de sócios vascaíno. Segundo o balanço, o Vasco arrecadou R$ 3,3 milhões em 2013 com receitas na captação de associados – mais de R$ 1 milhão a mais do que em 2012, que registrou R$ 2,2 milhões dessas receitas.

Balanços financeiros viraram sinônimos de polêmica e atraso na gestão Dinamite. As últimas contas aprovadas pelos conselheiros foram as de 2011, que terminaram sendo aprovadas em fevereiro do ano passado. Em fevereiro deste ano, a diretoria pediu no Conselho Deliberativo e ganhou 60 dias para corrigir erros e ajustar as observações feitas pelo Conselho Fiscal. O prazo se encerrou no fim do Carioca. Cinco meses depois ainda não há previsão de quando as contas serão aprovadas. Se as eleições realmente só acontecerem em novembro, resta saber se a diretoria atual vai conseguir aprovar essas contas antes de passar o bastão para a nova administração do clube.

Fonte: GloboEsporte.com