A reação de algumas chapas ao adiamento das eleições veio rapidamente. O grupo de Eurico Miranda, candidato pelo Casaca!, soltou nota oficial atacando a decisão de Olavo Monteiro de Carvalho de levar o pleito para o dia 11 de novembro - as eleições estavam marcadas para o dia 6 de agosto. O candidato Roberto Monteiro, da "Identidade Vasco", falou em golpe e manobra do presidente da Assembleia Geral. Nelson Rocha, que entrou com a ação na Justiça que serviu de base do requerimento do grupo de Julio Brant, disse que não pretendia o adiamento, mas comemorou que Olavo tenha "pela primeira vez" colocado em questão a apuração dos sócios de abril do ano passado. Já a chapa do executivo da Andrade Gutierrez encarou como uma vitória.
No texto do Casaca!, o grupo de Eurico reage de maneira agressiva e diz que Olavo decidiu "manter a perseguição aos sócios numa manobra que retrata franco e total desrespeito ao clube e seu quadro social". A chapa "Volta Vasco! Volta Eurico" adianta que vai questionar na Justiça comum a medida e diz que o presidente da Assembleia mostrou "tentativa torpe de cuspir no estatuto do Vasco e inventar algo que não está lá escrito"
- As linhas cuspidas por Vossa Senhoria ao quadro social do Vasco misturaram desconhecimento estatutário, ou falso desconhecimento estatutário, vocação para a perseguição de associados e uma clara tentativa de impedir que o Vasco tenha eleições limpas e dentro do seu estatuto, repetimos - diz um trecho da nota oficial do Casaca!.
O GloboEsporte.com tentou contato com o ex-presidente Eurico Miranda, mas os celulares do candidato estavam desligados. O Casaca! questiona o presidente da Assembleia Geral e cita o artigo 58 do estatuto, que fala da lista definitiva de elegíveis e eleitores, que é aprovada pela Junta Deliberativa - formada pelos presidentes dos cinco poderes.
- Por que a nomenclatura definitiva, nobre presidente? Porque ela não pode ser modificada PELA JUNTA DELIBERATIVA após a publicação - explica a nota do Casaca!.
Roberto Monteiro também questionou a qualificação de Olavo para tomar a decisão, que, para ele, é unilateral e uma nova tentativa de golpe. O líder da chapa "Identidade Vasco" questiona os motivos que levaram ao presidente da Assembleia a adiar a eleição e lembra que o presidente do Vasco, Roberto Dinamite, é candidato a deputado estadual nas eleições convencionais.
- Infelizmente teremos que buscar nossos amparos judiciais. Foi uma decisão unilateral, sem amparo nenhum. A Justiça acabou de dizer que processo estava correto. Não é a primeira vez que o Olavo tenta um golpe temerário. Não posso afirmar quais foram os reais motivos dele, até porque se ele seguisse o raciocínio da ação do Nelson Rocha, as eleições seriam em setembro, por causa do prazo de 60 dias, nunca em novembro - lembra Monteiro, que é advogado.
- Não há fatos novos da delegacia. Os fatos são os mesmos que ele já sabia antes do processo eleitoral. Agora, ele usa como argumento a investigação policial há 10 dias da eleição? Por que não fez isso antes, há 60 dias, nas reuniões da Junta Deliberativa? É uma manobra eleitoral para continuar no poder. Acho que querem levar o Vasco para a Série C.
Grupo comemora
Nelson Rocha, candidato da "Vira Vasco", ressaltou que o melhor para o clube neste momento era que a troca de comando fosse realizada o quanto antes. Mas viu de maneira positiva a manifestação de Olavo a respeito da investigação da entrada de sócios em abril de 2013.
- Claro que gostaríamos que a eleição fosse feita o mais rápido possível, até pelos problemas administrativos que o clube enfrenta. Entretanto, ela (a eleição) tem que ser feita com lisura. Por isso, vejo de maneira positiva que, pela primeira vez, o presidente da Assembleia Geral reconheça o problema que aflige e que assola o clube, que é o "mensalão". Ele fez alusão à investigação da 17ª DP ao mesmo tempo que reconhece o trabalho da comissão de sindicância, que sinaliza na mesma direção do que está sendo apurado - diz Nelson Rocha.
Autores do requerimento que adia a eleição do Vasco para 11 de novembro, a chapa "Sempre Vasco", de Julio Brant e do ex-jogador Edmundo, vibrou com a notícia. Para o vice-presidente da Andrade Gutierrez, a mudança no calendário eleitoral pode mudar o rumo do Vasco.
- A mudança que queremos promover no clube começa pela eleicao. Essa é a mensagem que a gente quer passar. De um processo eleitoral transparente, correto, com lisura. O Vasco não pode ter mais uma eleição judicializada, tem que acabar com isso - disse o jovem candidato.
Conselho pode decidir sobre extensão de mandatos
Se os grupos de oposição não conseguirem reverter a decisão do adiamento das eleições, o Conselho Deliberativo terá que votar pela extensão de mandatos de toda a diretoria vascaína, além de outros poderes que terminam no início do mês que vem - apenas o presidente do Conselho de Beneméritos, Eurico Miranda, permaneceria com mandato em vigor. O candidato Roberto Monteiro já adiantou que seu grupo é contra a medida. Olavo Monteiro de Carvalho enviou ofício ao presidente do Conselho Deliberativo, Abílio Borges, para que convoque reunião para os conselheiros decidirem pela vacância administrativa vascaína. A expectativa é que o encontro seja convocado para a semana que vem.
Em 2011, em outra eleição com acusações de todos os lados de correntes eleitorais, houve extensão de mandato de Dinamite, mas por um período mais curto. Caso o Conselho Deliberativo não aprove a extensão de mandato, a Justiça comum pode determinar uma intervenção no clube, nomeando novos poderes para o clube não ficar sem diretoria administrativa.
Fonte: GloboEsporte.com