A ação de regresso movida pelo Vasco contra Eurico Miranda uniu correntes rivais contra a candidatura do ex-presidente. Adversários políticos, como Roberto Monteiro, Nelson Rocha, Leonardo Gonçalves, Tadeu Correia, entre outros, colheram 78 assinaturas pedindo a suspensão de Eurico do quadro social do clube. O ex-presidente vê no movimento uma manifestação política de desespero contra sua possível vitória.
- Não estou preocupado com isso - avisa Eurico Miranda
O artigo 76 do estatuto do Vasco diz que o Conselho Deliberativo deve se reunir, extraordinariamente, no caso de solicitação de 1/4 dos conselheiros - ou seja, mínimo de 75 assinaturas. O grupo pretende levar à votação a suspensão de Eurico do quadro social por seis meses, o que poderia inviabilizar sua candidatura, pois os elegíveis na eleição do clube devem ter cinco anos ininterruptos no quadro associativo do Vasco. O ex-presidente contesta a iniciativa de seus adversários e até a validade das assinaturas do documento. Eurico diz que já tomou conhecimento de que, pelo menos, duas pessoas vão retirar seus nomes da lista. O que deixaria apertada a conta para exigência de convocação de reunião extraordinária.
- O presidente do Conselho tem que analisar, saber se tem assinaturas todas. Eu, por exemplo, tenho conhecimento que algumas pessoas assinaram e não era aquilo, estão retirando o nome. Duas pessoas já retiraram o nome na secretaria. Tem que verificar as assinaturas, se (as assinaturas) são realmente das pessoas, se são conselheiros, isso compete a secretaria verificar. Mas, como já disse, não estou preocupado com isso. É um negócio que é tão político que participam da assinatura os pretensos candidatos - diz o candidato a presidência pelo grupo Casaca na chapa "Volta Vasco, Volta Eurico!".
Procurado pela reportagem, Abílio Borges disse que não recebeu o documento protocolado na secretaria do Vasco.
- O documento está sendo processado e examinado na secretaria. Depois, vou ver se tomo ou não tomo a decisão de convocar. O poder, nesse caso, é meu. A menos que tenham realmente mais de 75 assinaturas legítimas. Precisamos confirmar isso com calma - lembra Abílio, que acrescentou sobre a possibilidade dos assinantes retirarem o nome. - Os próprios deputados fazem isso. Pode até tirar na hora.
A ação de regresso, que Eurico ainda recorre em outras instâncias, é do fim dos anos 1990, por ocasião da prisão de Edmundo. Na época, após decisão de três desembargadores da 6ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, o então vice-presidente do Vasco disse que os magistrados haviam conseguido "15 minutos de fama". Os membros do judiciário se sentiram ofendidos, processaram o dirigente e o clube, que pagou R$ 1.3 milhão de indenização aos desembargadores em 2009. No ano seguinte, o clube colocou Eurico como réu em ação de perdas e danos. Em primeira instância, o ex-presidente já havia sido condenado a ressarcir o clube. Agora, o desembargador da 4ª Vara Cível - em decisão monocrática, ou seja, feita por apenas um magistrado - "negou seguimento ao recurso" da advogada Gracilia Portela, que representa o pré-candidato à presidência do Vasco.
Os conselheiros que assinaram o pedido de reunião extraordinária do Conselho Deliberativo deram um prazo de uma semana para o presidente do poder, Abílio Borges, convocar o encontro e pôr em votação uma penalidade a Eurico. Há um quórum mínimo de 50 presentes para uma reunião no Conselho Deliberativo em casos de votações de penas a membros natos. Se for punido, Eurico pode ainda recorrer e ter direito a uma nova votação para recuperar seus direitos como sócio - o que não implicaria em qualquer afastamento da sua candidatura.
Fonte: GloboEsporte.com