Se o caminho de volta rumo à elite for medido por diversidade, fé e planejamento neste período de paralisação por causa da Copa do Mundo, o Vasco talvez já possa começar a comemorar o acesso. Foram 26 dias de treinos intensos (seis deles integrais), duas folgas, quatro campos diferentes, duas vitórias em amistosos - sobre Atibaia e Guarani. E o encerramento dos trabalhos em São Januário, que esteve cedido à Fifa, neste domingo e na segunda-feira, antes de seguir para Cuiabá para enfrentar o Santa Cruz, na Arena Pantanal, às 21h50m de terça-feira.
A supestição esteve presente e foi marcante em um pedaço da preparação. Ao decidir ir de ônibus para Atibaia, a delegação tinha o objetivo de parar em Aparecida do Norte para repetir um gesto que deu certo em 2009 e 2011, quando o clube ganhou a Série B e a Copa do Brasil, respectivamente. Em ambas as ocasiões, além de muitas orações no templo religioso, uma camisa cruz-maltina foi deixada como oferenda no local em busca de boas vibrações.
Na primeira ocasião, o diretor executivo, Rodrigo Caetano, e o técnico Dorival Júnior, devotos da santa, foram juntos pagar uma promessa. Depois, o ato foi sugerido sempre que houve chance.
- Não existe superstição, é fé. Posso falar por mim o quanto isso é importante. Cada um tem sua religião, mas decidimos em conjunto e os jogadores gostaram da ideia - explicou Caetano.
Entre os jogadores, a mudança de logística foi bem aceita. A maioria, inclusive, tem tatuagens com as mais diversas referências e crenças e pratica suas religiões. Nem mesmo as oito horas de estrada desanimaram. Católico, o volante argentino Guiñazu falou sobre o momento, mas ressaltou a importância da determinação lado a lado com esta força espiritual.
- Só agradeço e peço todo dia para abrir o olho, que esse é o maior prêmio que tem o ser humano. Escuto, respeito tudo, mas sei para que entro na igreja exatamente. Eu oro, sim. Mas se tu não correr e brigar dentro de campo, não tem força exterior que te ajude.
As atividades começaram, de fato, no dia 16 de junho, com a chegada em Pinheiral, para cinco dias de regime de concentração total no CT João Havelange. Lá praticamente só houve treinos físicos, em clima fresco, para recondicionar os atletas depois de 13 dias de férias em que muitos viajaram e se desligaram do futebol. O goleiro Rafael Copetti e o atacante Kléber, uma das contratações de mais impacto no Rio de Janeiro em 2014, se juntaram ao grupo.
Já em Curicica, bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro, o calor alterou a cara dos trabalhos. Muito suor, desgaste e reposição com o departamento de fisiologia fizeram o time repetir que a preparação estava "puxada" com frequência. O campo do estádio Eustáquio Marques, conhecido como "Divino FC", está longe de reunir as melhores condições, mas foi uma alternativa para movimentações técnicas durante quase dez dias e possibilitou o carinho dos torcedores.
Já em solo paulista, em julho, novo isolamento em um resort de luxo que também havia recebido Flamengo e Palmeiras anteriormente. Dois coletivos, alguns treinos táticos, frio e chuva a partir da segunda semana e vitórias com atuações superiores aos rivais em jogos-treino. Tudo sem descuidar da parte física para ter ganho no futuro. O preparador Daniel Gonçalves lembrou que o Vasco atingiu o ápice nas finais do Carioca e precisava recuperar aquela forma, equilibrando a equipe no mesmo nível, para o tiro de quatro meses para a Série B e para a Copa do Brasil.
O técnico Adilson Batista assinou embaixo.
- É isso que está sendo passado. Essa intensidade é para ter um ganho lá na frente. O que o time pode te dar no aspecto físico é fundamental. O trabalho está sendo feito para atingirmos novamente um ápice - explicou, ressaltando a dificuldade encarada entre o fim de abril e maio.
Fonte: GloboEsporte.com