Filha de consideração de Barbosa, Tereza Borba viveu os últimos anos da vida do ex-goleiro cuidando e dando carinho ao jogador que levou nas costas até o fim dos seus dias a derrota da Copa de 1950. Durante o período da Copa, ela perdeu um pouco da voz de tantas entrevistas que sobre a história de 1950. Na final contra o Uruguai, o goleiro do Vasco levou o gol de Gigghia e virou o símbolo de uma derrota que era considerada a maior da história do futebol brasileiro. Até a que aconteceu no Mineirão no dia 8 de julho de 2014.
A goleada de 7 a 1 da Alemanha em cima da seleção brasileira entrou para a história como a maior goleada em semifinais. Em 45 minutos, a Alemanha fez no Brasil metade dos gols que havia marcado em toda a Copa do Mundo. Em 1954, a própria Alemanha massacrara a Austrália por 6 a 1 em 1954. Em 1930, Uruguai e Argentina passaram pelo mesmo placar contra EUA e Iugoslávia, respectivamente, nas semis.
Em Praia Grande, Tereza se reuniu com amigos para assistir ao jogo. Depois do terceiro gol, não aguentou mais. A pressão subiu e o telefone começou a toca. Ela lembrou de Barbosa e de toda a injustiça que o goleiro carregou por toda a vida.
- Sou brasileira, queria que o Brasil ganhasse, mas estou vendo de outra forma agora. Muita gente está dizendo que o Barbosa hoje está sendo inocentado. Acho que ele lavou a alma agora. Ele não passou essa vergonha. O Brasil ganhou de todos em 1950, meteu 6 a 1 na Espanha e perdeu para o Uruguai por 2 a 1, podendo empatar. Mas não foi esse vexame – diz Tereza.
No início da Copa, a filha de Barbosa ficou emocionada com algumas homenagens que o goleiro recebeu. O lateral-direito Daniel Alves disse que ia homenagear o falecido jogador caso o Brasil conquistasse a Copa. Em contato com o assessor de imprensa do lateral Acaz Felleger, que também trabalha com o técnico Felipão, ela pediu para ver algum jogo da Copa. Na última semana, ela conta ter recebido a promessa de que o lateral enviaria passagens e o ingresso para ela.
- Fui no salão, fiz unha com as cores do Brasil, o cabelo, mas ele disse que ia ver, que ia ver, depois não respondeu e eu mandei mensagem perguntando se estavam com medo do fantasma do Barbosa. Aí ele disse que “não, jamais”, mas nada de mandar a passagem e a entrada. Será que eles ficaram com medo de que se eu fosse ao jogo, o Brasil ia perder? Mas que merda, que idiotice – afirma a filha de consideração de Barbosa, que inaugurou uma pequena exposição em Santos em homenagem ao goleiro e mantém com o próprio dinheiro.
Fazendo questão de dizer que não quer arranjar novos culpados e elogiando muito Julio Cesar, Tereza também lamenta que todos tenham colocado as esperanças em cima de Neymar. Para ela, o craque do Barcelona não poderia ter toda responsabilidade que tem no time de Felipão.
- O Barbosa era um de 11 em 1950. Ele não perdeu, o Brasil perdeu. O Neymar é maravilhoso, torço para que ele se recupere, mas seria mais um no time. Assim parece que se Neymar não está na Copa, não tem Copa, é isso? Uma andorinha só não faz verão – lembra ela, que vê a geração de Barbosa e a atual marcadas pelas Copas de 1950 e de 2014.
- Para o Barbosa foi um orgulho ser vice. Foi a forma de entrar para a história do futebol, sem nunca sair dela. Eles agora também estão. Quando que vai ter Copa aqui de novo? Se perder, pode até perder, mas de sete não, pelo amor de Deus!
Fonte: GloboEsporte.com