A empolgação com a Copa do Mundo no Brasil não foge à regra da classe com Adilson Batista. O treinador do Vasco acompanha de perto os movimentos em campo, reconhece o legado tático deixado pelas seleções que fizeram sucesso e se entrega quando o assunto é o trabalho de Luiz Felipe Scolari atrás do hexa. Pupilo dele por quatro anos entre Grêmio (quando foi convocado) e Jubilo Iwata, do Japão, enaltece os números de quem considera um pai e lembra de 1962 para apostar as fichas na vitória sobre a Alemanha, na semifinal desta terça-feira, mesmo sem Neymar.
- Já não jogamos sem o Pelé? Então, é possível, ora. Por que não sem Neymar? É jogo duro para a Alemanha - avisou Adilson, que emendou numa curiosidade nunca revelada publicamente.
- Sabia que eu iria me chamar Amarildo? Meu pai queria (por causa da Copa), mas minha mãe não deixou. Olha mais uma história legal aí. Grande Amarildo... - brincou.
O comandante vascaíno se refere à situação durante o Mundial do Chile, quando o Rei do Futebol foi substituído à altura pelo atacante do Botafogo e o bicampeonato foi garantido.
A respeito de Felipão, citou o carinho pela identificação e amizade e defendeu sua experiência e resultados na competição, já que, além do título em 2002, também levou Portugal à mesma fase atual do Brasil em 2006. Adilson acreditava até mesmo que ele estava invicto, mas perdeu para a França de Zidane e depois na disputa de terceiro lugar para a Alemanha.
- Relação de carinho, respeito, de pai, de amigo, pessoa por quem eu torço sempre. Não perde quando aí? Tomamos uns bons chimarrões juntos já. (Merecia a Seleção porque) Estava bem, no Grêmio e no Palmeiras e, quando está ganhando em grandes clubes, não tem jeito, fica cotado logo. Se eu ganhar tudo, Brasileiro, Copa do Brasil, Libertadores... a torcida do Vascão me empurra também. Funciona assim - acredita.
Para o técnico, as novas arenas mexeram com o futebol brasileiro e traz um novo padrão.
- Um dia desses estava fazendo esse exercício. Passou um jogo do Cruzeiro de 2010, quando eu era treinador lá, botamos no computador um do Cruzeiro em 2013. É outro jogo. Em pouco tempo mudou tudo. O Mineirão era 110m x 75m, a grama era alta, a torcida ficava longe. Temos 30 arenas novas, qualidade maior, cobrança para ser mais ofensivo. Vemos recomposição de todo mundo, dinâmica, sem frescura, isso o futebol brasileiro ganhou. O espetáculo em si tem um grau de exigência alto. Vi muita coisa boa, bons goleiros, compactação, intensidade do jogo. Jogadores que fazem piques de 70 metros, cobrem o campo, coisas que alguns dos nossos que não estão no mesmo nível, e vocês pedem para entrar, não fazem o que pedimos - avaliou.
Em meio às viagens com o Vasco, Adilson conseguiu assistir no Maracanã a Rússia x Bélgica e Colômbia x Uruguai. E indicou quem lhe chamou a atenção pela qualidade e sistema de jogo.
- A Alemanha pela organização, a França fez bons jogos, o Chile eu já esperava. A Costa Rica, por exemplo, é o que todo mundo está cobrando. Ninguém tem três, quatro craques. A jogada individual é importante, mas se fica fechadinho, marca forte como Estados Unidos, Grécia, Nigéria. No fim, estamos dando a demonstração de que podemos organizar. Mesmo com os gastos que se critica tanto, o futebol em si, a competitividade, a receptividade fora de campo, tem muita coisa boa para ficar. E se tratamos o estrangeiro bem, porque não nos respeitarmos aqui? Não quero vascaíno beijando flamenguista, não é isso. Mas é entender que é do jogo, não tem que brigar. No Uruguai x Colômbia, os caras ficaram na boa - destacou.
Fonte:: GloboEsporte.com