Quem disse que crianças que estão iniciando suas carreiras no futebol no Rio só se inspiram no corte de cabelo e nas chuteiras coloridas dos jogadores da Seleção? Na verdade, centenas de craques mirins, que já começam a se destacar nas divisões de base, têm visão de gente grande e estão tendo aulas extras de bom futebol nesta Copa. E, mesmo vendo os jogos pela televisão, não desgrudam os olhos de seus ídolos, inclusive de equipes estrangeiras, buscando aperfeiçoamento para suas posições em campo.
É o caso de Gabriel Bernard Conceição da Silva, 13 anos, que ontem analisou cada lance de Brasil x Camarões, com atenção especial para as defesas. Ele é goleiro da categoria sub-15 do Madureira, onde grandes ídolos iniciaram suas trajetórias, como Marcelinho Carioca, Léo Lima e Jair Rosa Pinto. O talento do garoto foi descoberto no futebol de salão. Já passou pelo Vasco, foi o melhor goleiro do Campeonato Carioca há dois anos e ganhou o troféu Copa Zico Verão em 2013.
“Assistir ao Mundial é importante para analisar estilos e técnicas. Gravo, vejo e revejo cada lance que me interessa e que vai servir para meu crescimento”, afirma Gabriel, fã do arqueiro Keylor Navas, da Costa Rica. “Sei que os obstáculos são muitos, mas me dedico aos treinos e outros detalhes para conseguir integrar a Seleção na Copa de 2022”, planeja.
Paulo Henrique Sampaio Filho, o Paulinho, 13 anos, meia da Sub-15 do Vasco, um dos artilheiros do time, onde está há quatro anos e já contabiliza mais de 300 gols, vê em Messi, da Argentina, Robben, da Holanda, e Neymar, do Brasil, seus maiores ídolos. “Eles me emocionam e me dão força e esperança para continuar no início de carreira, que sei que será longa”, diz.
Paulinho e Gabriel já sentiram o sabor de participar de um campeonato mundial de futebol. Em 2012, disputaram, no mesmo time, o Mundialito realizado em Portugal. Não chegaram a ser campões, mas a experiência de jogar contra times de todo o mundo foi considerado pelas famílias uma vitória.
Estímulo para quem assiste
Os amigos Paulo Sales, 16 anos, Nelson Pereira, 13, e Layr França, 14, moradores da Zona Norte, também se sentem entusiasmados em fazer carreira no futebol. “Mas sabemos que é uma luta árdua e constante. Esse esporte é um funil, por onde poucos passam”, reconhece Layr. Empolgados com a animação dos possíveis futuros ídolos do Brasil, familiares, amigos e gente ligada ao futebol, ponderam em relação à euforia dos meninos-craques.
“Procuramos trabalhar o lado psicológico do meu filho (o goleiro Gabriel Bernard). Sempre digo a ele que expectativa e ansiedade demais atrapalham, pois futebol é dedicação, treinamento e renúncia”, adverte Bernardo da Silva, ex-técnico de futsal. Com habilidade e 1,83m de altura aos 13 anos, Gabriel é uma promessa no esporte, mas diz que procura ter sempre “os pés no chão para se desenvolver.”
O artilheiro vascaíno Paulinho conta com o apoio incondicional dos pais, a coordenadora de merchandising, Ana Critina, o cabeleireiro Paulo Henrique, e dos irmãos, Romário, 15, e Ana Carolina, 24, para alcançar o sucesso nos próximos anos. “Minha família é a maior incentivadora”, garante Paulinho. “Aqui em casa, somos todos Paulinho Futebol Clube”, brinca Ana, explicando que onde o filho vai jogar, os parentes estão com ele.
Fonte: O Dia