A proximidade do fim do contrato com a Penalty e a tendência de renovação com o fornecedor de material esportivo preocupam o Conselho Fiscal do Vasco. Os membros do poder de controle de contas do clube entraram no início da semana com um pedido de reunião de emergência no Conselho Deliberativo, com cópia para os outros poderes internos e a vice-presidência de finanças, para discutir a falta de uma auditoria prometida e abrir a caixa-preta das tratativas.
O questionamento é antigo. Desde 2011, o órgão aponta problemas e irregularidades na transparência da relação Vasco e Penalty. O acordo foi costurado a partir de uma dívida com a empresa, que foi abatida das parcelas ao longo do tempo. A respeito das contas daquele ano, o Conselho Deliberativo terminou aprovando o balanço, mas com a ressalva de que uma empresa seria contratada para realizar um diagnóstico de vendas, de royalties, entre outras receitas da parceria com a fornecedora, e apresentar um relatório complementar.
- Essa auditoria foi solicitada há muito tempo. Na última aprovação de contas, mais uma vez, disseram que ela seria feita, e nunca foi feita, nunca foi apresentada. Ninguém quis fazer e, ao que parece, não será mais feita auditoria alguma. Como se negocia uma renovação de um contrato que é motivo de investigação? - protesta João Amorim, membro do Conselho Fiscal.
O presidente Roberto Dinamite limitou-se a dizer que o assunto é interno e não quis comentar sobre o atraso, mas o vice de finanças, Jayme Lisboa, assegurou que o material está sendo finalizado e será entregue nos próximos dias. A diretoria já pediu à KPMG, responsável pelo trabalho, que acelere a produção e até marcou uma reunião para segunda-feira.
- A possibilidade de renovação não tem nada a ver com isso. Seriam outros moldes, e a auditoria estará pronta. Não vamos ter problemas por causa disso - avisou.
Oferta da Penalty não empolga
O contrato entre Vasco e Penalty é de julho de 2009 e vai até o fim deste mês. O clube mantém conversas informais com outras interessadas - Umbro, que já falou em valores, Nike e Kappa -, mas a atual fornecedora tem direito de preferência previsto na assinatura do vínculo atual. Ou seja, renova automaticamente caso iguale a proposta de uma concorrente. Nos corredores do clube, há desconfiança sobre o próximo acordo. O Conselho Fiscal questiona o desconhecimento sobre os termos da nova negociação, assim como a falta de transparência no processo, que está nas mãos apenas do presidente Roberto Dinamite e do diretor geral Cristiano Koehler - e ambos devem deixar a gestão em agosto. No documento, exige a participação direta de outros poderes.
“O Conselho Fiscal exige uma reunião extraordinária do Conselho Deliberativo com a máxima URGÊNCIA (para os próximos dias) para que este venha a intervir nesse caso, preservando o interesse financeiro do clube, antes que seja tarde e um novo contrato seja feito sem o conhecimento e a participação das áreas que deveriam estar envolvidas nas discussões desde o início.”, diz um trecho do texto enviado ao Conselho Deliberativo.
O diretor geral do Vasco, Cristiano Koehler, disse que a opção do clube é esperar até o momento final das negociações entre o clube e Penalty antes de levar para a mesa as tratativas para o conhecimento dos membros da diretoria.
- Estamos tratando de um assunto técnico. No momento certo, quando houver a proposta concreta de uma concorrente do mercado ou uma proposta final da Penalty, vamos levar aos vice-presidentes e levar o caso a quem de direito do clube - afirmou Koehler.
A oferta da Penalty é semelhante às bases atuais, o que não agradou ao Vasco. A defasagem de cinco anos e a visibilidade da marca na camisa são utilizados como argumentos. A fornecedora, por sua vez, só pensa em aumentar o valor se uma concorrente também subir os números.
Insatisfeitos principalmente com a qualidade e preço do material, um grupo de torcedores criou um site com uma contagem regressiva para o fim do compromisso e pede mudanças.
Fonte: GloboEsporte.com