Apesar de barrados no treino da seleção brasileira na manhã de sexta-feira, 11 franciscanos capuchinhos voltaram para o convento de Teresópolis sem nenhum protesto ou sinal de frustração e se disseram dispostos a torcer pela equipe do Brasil na Copa do Mundo. "Nos dias de jogos vamos nos reunir e fazer uma torcida à parte, com muita fé no título", disse Frei Hugo, um dos mais falantes do grupo, quando deixava o entorno da Granja Comary sem conseguir ter visto, ao menos de longe, seu ídolo Neymar.
Os religiosos se deixaram trair por boatos de que o treino seria aberto ao público. Por isso, todos rezaram mais cedo e seguiram a pé do bairro de Fátima até a Granja, uma caminhada de 30 minutos. Frei Hugo levava na mochila uma camisa do Santos e queria um autógrafo de Neymar. "Fica para a próxima tentativa. Vamos insistir."
Já Frei Edcarlos tinha um objetivo diferente. Pretendia convidar Felipão para assistir à missa de domingo na Igreja Nossa Senhora de Fátima, ao lado do convento dos franciscanos. "Temos dois horários dominicais, às 7h30 e às 10 horas. Como ele é devoto de Fátima, estamos na expectativa de vê-lo na igreja", afirmou. "Espero que ele interprete o que estou dizendo para a imprensa como um convite informal e realmente apareça lá."
O time de franciscanos que tentou em vão se aproximar da área do treino gosta de futebol e, quando pode, assiste aos jogos do Campeonato Brasileiro pela tevê. Quatro deles são torcedores do Corinthians e dois do Vasco. Todos são da região Sudeste, e os demais dividem a preferência por Palmeiras, São Paulo, Flamengo, Santos, Atlético-MG e Cruzeiro.
"A gente tentou chegar perto, mas o limite é uma área cheia de cones. Dali para a frente, se arriscar é bala de borracha", brincou Frei Hugo. O grupo joga futebol no pátio do convento e o mais habilidoso de todos é Frei Aelinton, torcedor do São Paulo e defensor da presença de Luís Fabiano na seleção. "Admiro muito essa dupla de zaga formada por David Luiz e Thiago Silva. Mas falta o Luís Fabiano."
Os franciscanos moram em Teresópolis há seis meses e praticam votos pela obediência, castidade e pobreza. Indagados sobre o que achavam do salário dos atletas da seleção brasileira, ficaram em silêncio e logo mudaram de assunto.
Fonte: Estadão