Eurico nega prática eleitoral no Vasco e afirma que é candidato por apoio popular

Quinta-feira, 29/05/2014 - 16:21
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No próximo sábado - a 39 dias das eleições do Vasco -, Eurico Miranda completa 70 anos de vida. Com ênfase em destacar cada função que exerceu em São Januário - são quase 50 anos de participação em gestões do clube -, o atual presidente do Conselho de Beneméritos também ressalta cada título que conquistou em todo esse tempo, principalmente na década de 1980 e 1990. E para trabalhar pelo resgate do Vasco ele diz que, agora sim, é candidato a voltar. Agora sim, pois, finalmente, estão marcadas as eleições para a sucessão de Roberto Dinamite. Antes, segundo suas palavras nesta entrevista ao GloboEsporte.com, realizada em seu escritório no Centro do Rio, ele nunca havia se lançado como candidato à presidência do Vasco.

- Hoje, formalmente, eu sou candidato. For-mal-men-te - enfatiza Eurico, separando as sílabas.

No Vasco desde o fim dos anos 1960 e presidente entre 2000 e 2008, o atual presidente do Conselho de Beneméritos rebate as informações sobre a associação em massa de abril de 2013, que apontaram - em reportagem do GloboEsporte.com que virou motivo de inquérito policial na 17ª Delegacia de Polícia de São Cristóvão - uma prática com fins eleitoreiros para o seu retorno ao clube, lembra que nem era candidato ainda no início do movimento, que considera “absolutamente espontâneo”, e questiona desde a ação policial até ação de regresso do Vasco contra ele - o clube cobra ressarcimento de R$ 3 milhões, em valores atualizados, por declarações de Eurico em 1999 a respeito de desembargadores, que se sentiram ofendidos, processaram e receberam do clube R$ 1,3 milhão dez anos depois.

- O movimento foi absolutamente espontâneo. Ninguém saiu procurando pessoas - diz Eurico, sobre a campanha promovida pelo Casaca!, seu grupo político.

Eurico nega ter promovido reuniões para arregimentar contribuintes que custeariam as mensalidades de quase dois mil sócios para votarem a seu favor nas eleições de 2014 do Vasco. Lembra, apenas, que participou sim de uma reunião em São João de Meriti, esta relatada por um dos novos sócios de abril do ano passado.

- Essa reunião (de São João de Meriti) foi normal, que já acontecia. Eu fui numa lá, na casa do professor Oscar Saldanha, que chamou alguns amigos dele, dentre eles, até estava o Valdir, ex-jogador de futebol. Ali se falava na possibilidade da minha volta e etc, no repúdio à atual administração. O que se conversou lá, foi no sentido da maneira de você mudar não com cassação, com impeachment, como foi falado. Mas que as pessoas entrassem, dentro do estatuto, e se associassem. Agora, eu não pedi a ninguém, a uma pessoa sequer, eu não arregimentei para que elas se associassem. Não, isso foi movimento coletivo. Não houve isso de reuniões. Promovida por mim, não - afirma Eurico Miranda.

Segundo Eurico, a campanha feita pelo Casaca! começou sem que se soubesse se ele seria candidato. Define como “futurologia” a tentativa de ligar o movimento de associações desde o início de 2013 à sua candidatura.

- Quando acontecia isso, quando aconteceu isso, eu não era rigorosamente candidato. E eu passei a ser candidato, especificamente, quando surgiu esse apelo popular. Aí que eu defini que seria candidato. Só defini nessa situação. Agora, evidentemente, que esse é um movimento que as pessoas chegam e "ah, quer botar fulano, quer botar cicrano, quer fazer…". Qual é a maneira (de mudar o Vasco)? Ingressar como sócio. Daí a dizer que era para votar em mim? Isso tem um ano e seis meses, quase dois anos. Se não teve adesão grande dos outros grupos, isso é outra coisa. Mas que diversos se movimentaram, eles se movimentaram. Não sei se o Casaca! (fez o movimento) para fazer para um determinado candidato. Eu não sabia (que seria candidato) - diz Eurico, acrescentando que não via nada de anormal na entrada de quase dois mil sócios no último dia de abril.

- Os movimentos crescem. Com a data-limite, o Casaca! foi para a porta do Vasco.

Ele lembra que o movimento não foi só do Casaca!, mas também foi seguido pelo grupo de Roberto Monteiro, pela Cruzada Vascaína, por algumas torcidas organizadas. Todos com fins eleitoreiros. Ou seja, de associações para que sócios-eleitores pudessem eleger um novo representante após tempos de insucessos da gestão Roberto Dinamite.

Eurico cita a documentação de todo o processo eleitoral feita pelo Casaca!, que tirava fotos de novos sócios ou de antigos que regularizavam suas situações. O ex-presidente também questiona os problemas apresentados pelo programa de associados do Vasco nos últimos tempos e lembra que as eleições de 2011 mostraram problemas de entradas de três mil pessoas pela internet - o que ele considera que não despertou interesse de adversários, do Ministério Público e da imprensa. À época, o então candidato do Casaca! Pedro Valente concedeu coletiva de imprensa e criticou a apresentação da lista fora do prazo, a possibilidade de um "sócio fantasma" se inscrever no programa de associados do clube. O grupo entrou na Justiça para contestar o processo eleitoral.

Questionado sobre a associação não só de parentes e amigos, mas sim numa procura para tornar sócios o maior número de pessoas na corrida eleitoral e ganhar vantagem nas urnas - o que a reportagem apontou com depoimentos colhidos e que servem de base para a investigação que passou do Ministério Público para a Polícia -, Eurico disse desconhecer a procura aleatória por sócios eleitores e lembrou de um caso citado na reportagem: do ex-vice-presidente de futebol do clube José Luiz Moreira, que tem uma empresa de táxi e, segundo depoimento de Augusto Pinto Monteiro, o Pintinho, presidente do Olaria, investe no retorno de Eurico ao clube.

- Posso falar do José Luis Moreira (ex-vice-presidente de futebol do Vasco e aliado político de Eurico). Ele, sem dúvida, pode até ter proposto um número, que eu não sei quantos foram, de funcionários dele (para sócio do Vasco). Ele não tem o direito de fazer isso, se ele achar, se os caras pediram? Olha. Primeiro que tem que assinar a adesão de proposta para sócio. Segundo que não quer dizer, porque ele assina a proposta, ele entra para sócio e você não sabe se ele vai votar e não sabe em quem ele vai votar. O voto é secreto. Isso é compra de voto? Eu já falei e digo de novo: se eu para voltar ao Vasco, tenho que comprar voto, eu ainda não botei pijama, mas boto pijama. Repito: se tiver que comprar um voto sequer, eu boto meu pijama.



Fonte: GloboEsporte.com