Everton Costa passa pelo momento mais difícil da sua carreira, mas segue confiante em voltar a jogar futebol profissionalmente. Na próxima semana, o atacante será submetido a uma cirurgia para colocar um desfibrilador implantado para evitar novos quadros de arritmia cardíaca. O camisa 17 de São Januário se inspira no exemplo do também atacante Washington, o Coração Valente, que teve problemas em uma das artérias do coração em 2002 e deu a volta por cima. O desejo de Everton é se recuperar o mais rapidamente possível para voltar a vestir a camisa do Vasco. Seu empresário, aliás, já acenou com a possibilidade de uma renovação sem custos.
- Quero permanecer no Vasco. Sei que meu contrato vai até o fim do ano. Vamos esperar, ver o que vai acontecer nesses meses de tratamento. Mas creio que se tiver possibilidade de renovar, eu vou seguir no clube e fazer minha carreira aqui - disse ele, que está emprestado pelo Coritiba até dezembro de 2014.
Fonte de inspiração, Washington chegou a se manifestar em uma rede social quando soube do problema do atacante vascaíno. Lembrando seu problema, o ex-atacante de Atlético-PR e Fluminense escreveu uma mensagem de apoio. O próprio Everton respondeu nos comentários: "Meu ídolo, meu exemplo! Coração de Leão". A esposa Neiva Costa também deixou um recado na foto: "Obrigada pelo carinho ao meu marido. Tu já era nosso ídolo e agora é o nosso verdadeiro exemplo de superação!". Após a entrevista da última quarta, Everton fez questão de agradecer a todas as mensagens que recebeu.
- Não cheguei a falar pessoalmente com jogadores que tiveram problemas no coração, só pelas redes sociais mesmo como o caso do Washington. Pego ele como exemplo. Falaram que ele não jogaria mais, que ele teria de se aposentar, e o cara deu a volta por cima. Eu não penso diferente. Também quero dar a volta por cima, quero voltar a fazer o que sei melhor, o que Deus me deu um dom para realizar. Sei que vou voltar a jogar. Todas as mensagens que recebi me eram força e me deixaram emocionado. É difícil passar pelo o que estou passando - frisou.
Enquanto espera a operação e até mesmo por outubro - quando se completará seis meses do fato inicial - para ser reavaliado, Everton segue sem realizar esforço físico. Uma coisa, no entanto, ele não deixa de fazer: acompanhar os jogos do Vasco pela televisão, por mais que isso o deixe triste.
- Venho acompanhando o Vasco, mas é difícil para mim. Queria estar em campo ajudando. Sei da minha capacidade e o que eu poderia contribuir se estivesse jogando. O Adilson já me conhece e tem plena confiança no que eu faço. Mas quem está jogando vem dando o máximo de si para ajudar o Vasco. Temos que ter calma, paciência. Foram muitas lesões em sequência - disse em alusão à irregularidade do time na Série B.
Médico: atividade física aumenta em 2,5 vezes a chance de nova arritmia
Durante a entrevista coletiva, Everton esteve sempre ao lado do médico vascaíno Clovis Munhoz e do cardiologista Gustavo Gouvêa, que foi contratado pelo clube para acompanhar o caso de perto. Gouvêa, aliás, comentou a controvérsia sobre a segurança do uso do desfibrilador implantado para atletas de alto rendimento. Segundo ele, a atividade física aumenta em 2,5 vezes a chance de uma nova arritmia em pacientes com o histórico do atacante.
- Se fosse há dez anos, seria um consenso de que a carreira dele estaria acabada. Mas a medicina evolui justamente para isso. O desfibrilador é muito seguro. O maior estudo sobre o assunto, que cita mais de 300 atletas, não fala em óbito algum. Todos que tiveram uma nova arritmia foram salvos pelo desfibrilador. No caso do Everton, acreditamos que é possível ele voltar a jogar. A decisão, no entanto, só será em outubro. A liberação não é apenas de um médico. Vamos dividir com outros especialistas. A decisão será tomada em conjunto, mas claro que a responsabilidade maior será minha. Temos muitos atletas no mundo atuando assim, nas mais diferentes atividades profissionais como esqui e surfe, que são até mais perigosas. Um surfista pode morrer afogado se perder a consciência, por exemplo. É muito polêmico, mas a discussão abre o horizonte para tratar pessoas e elas desenvolverem suas atividades. A chance de o paciente ter uma arritmia durante a atividade física é 2,5 vezes maior do que fora dela. E o Everton sabe disso - explicou.
Fonte: GloboEsporte.com