Às vésperas de passar por uma cirurgia no coração que poderá definir seu futuro no futebol, o atacante Everton Costa, do Vasco, ganhou a solidariedade de jogadores que passaram por dramas parecidos e conseguiram continuar no esporte.
Com uma história de superação, que lhe rendeu o apelido de "Coração Valente", o ex-atacante Washington enviou energias positivas ao cruzmaltino. Em 2002, quando defendia o Fenerbahçe, da Turquia, ele sofreu uma lesão na artéria esquerda do seu órgão, o que o fez passar por um cateterismo (exame interno) e uma angioplastia (feita para desobstruir a artéria).
Apesar de os procedimentos não o impedirem de atuar profissionalmente, ele teve seu contrato suspenso pelo clube turco. Abatido, retornou ao Brasil em busca de uma nova equipe, chegou a acertar com o Atlético-PR, mas foi reprovado nos exames médicos.
Com uma grande força de vontade e determinação, Washington, então, propôs ficar somente treinando, sem receber salários, por seis meses no Furacão. Após o período, conseguiu assinar contrato e despontou nos gramados, conquistando títulos e sendo, por duas vezes, artilheiro do Campeonato Brasileiro.
"Sei como é o baque de receber uma notícia dessas, mas é preciso ser forte e acreditar numa volta por cima. Tenho certeza de que você irá sair desta, Everton", declarou Washington.
O meia Renato Abreu também viveu seu drama. No início de março de 2012, quando defendia o Flamengo, foi constatada uma arritmia cardíaca, assim como Everton Costa, mas numa escala de gravidade menor.
Diferentemente do vascaíno, que implantará uma espécie de desfibrilador portátil, Renato passou por uma ablação (um cateter entra pelos vasos sanguíneos e cauteriza a região do coração afetada). No fim de março, Renato já estava de volta aos treinos no Rubro-Negro.
"Everton, tenha fé e seja muito forte. Sei que é uma barra difícil, mas logo, logo, você estará de volta aos gramados para fazer o que mais gosta. Tive todo o apoio da família e fé de que eu conseguiria superar. Acredite!", ressaltou Renato Abreu.
Everton Costa concederá uma entrevista coletiva pela primeira vez após a arritmia cardíaca nesta quarta-feira, às 11h, em São Januário. Ele estará na companhia do diretor médico do Vasco, Clóvis Munhoz, e do cardiologista Gustavo Gouvea, contratado pelo clube para cuidar do caso e responsável pela cirurgia no atleta.
O retorno do jogador ao futebol ainda é incerto. Após o implante do desfibrilador, ele terá ainda mais cinco meses de tratamento até a tomada da decisão, que também terá o peso do Cruzmaltino e da comissão médica.
Gouvea, em coletiva na semana passada, destacou que ainda não há casos de jogadores no futebol brasileiro que atuem com este dispositivo no coração. O especialista, porém, ressaltou que, segundo pesquisas, há mais de 300 atletas pelo mundo praticando atividades esportivas profissionais com este desfibrilador sem que tenha ocorrido alguma morte.
Outros casos no futebol brasileiro
Fabrício Carvalho – O atacante, com passagens por São Caetano, Goiás, Ponte Preta, entre outros, teve constatada uma arritmia cardíaca em 2005, que o deixou afastado do futebol por dois anos em função do tratamento. O jogador, porém, retornou e, este ano, defendeu a Cabofriense no Campeonato Carioca.
William – O atacante surgiu como uma das principais promessas do Palmeiras em 2005, quando foi destaque da Copa São Paulo de juniores. Exames, no entanto, constataram problemas cardíacos que o afastaram do futebol também por dois anos. O jogador conseguiu retornar ao futebol e hoje atual na Coréia do Sul.
Adilson – O ex-atacante do Corinthians parou de atuar em duas oportunidades, a última delas em 2012. Atualmente ele defende o Santa Cruz.
Alex – O atacante, ex-Botafogo, também teve uma arritmia cardíaca em 2013 e passou pelo mesmo procedimento cirúrgico de Renato Abreu. Hoje em dia atua normalmente.
Fonte: UOL