Com 530 atletas de 13 estados, será disputada a partir desta sexta-feira até domingo, no Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes, o Cefan, a etapa Rio-Sul do Circuito Caixa de Loterias de Atletismo, Natação e Halterofilismo.
Para os atletas do atletismo e da natação, o objetivo será o de alcançar boas marcas para garantir a participação nas três etapas nacionais, realizadas no segundo semestre. Já para os atletas de halterofilismo, a competição já tem caráter nacional, mas também é parte do caminho para poder competir no Circuito de Fortaleza, em novembro, o último e mais importante da temporada nacional.
Aos 16 anos, Adriel de Souza Salino, natural de Nova Iguaçu, é uma das promessas do esporte paralímpico brasileiro. Ano passado, nos Jogos Parapan-Americanos Juvenis, em Buenos Aires, obteve duas pratas, no 50m livre e nos 100m livre, e dois bronzes, nos 400m livre e nos 50m costas. Nesta competição no Cefan, ele vai nadar os 50m livre, 100m peito, 50m borboleta e 100m livre. Com 1,10m de altura, o atleta do Vasco sofre de nanismo.
— Ano passado, o Parapan de Buenos Aires foi minha competição mais importante até agora. Agora, este Circuito é uma etapa nacional , em que eu tenho de conseguir índice para outra competição, que vai ser o Brasileiro - explicou o jovem - Se eu conquistar medalhas ou obtiver recordes no Brasileiro, tenho chances de ir ao Parapan-Americano de Adultos, no ano que vem, em Toronto, no Canadá.
Residente em Nova Iguaçu, Adriel, que está cursando o Ensino Médio, sonha em se formar em Administração de Empresas. Ele tem ido treinar na piscina da Universidade Castello Branco, em Realengo, já que o Parque Aquático do Vasco, em São Januário, está interditado para uma até agora interminável reforma. Brincalhão fora d'água, Adriel diz que sempre parte para decidir quando mergulha na piscina, seja para treinar ou competir. A grande meta do pequeno gigante são as Paralimpíadas do Rio, em 2016.
— Mas para isso ainda tenho que beber muita água - riu, querendo dizer que ainda tem de treinar muito.
Adriel vai completar 17 anos no dia 27 de junho, mas espera festejar antecipadamente neste fim de semana:
-O índice vai ser o melhor presente.
Outro destaque do Rio é João Victor Teixeira, de 19 anos, praticante do arremesso de peso e do lançamento de disco, mesma modalidade que a mãe e um tio praticaram na juventude. Há quatro anos, ele descobriu uma doença grave: uma má formação nas veias do cérebro. Nesta idade, João começou a ter desmaios e convulsões que assustaram sua família. Foi necessária uma cirurgia para a correção do problema. Mas ao fim da cirurgia, ele sofreu uma convulsão e, como sequela, ficou com o lado esquerdo do corpo paralisado. João sofreu com a previsão que, mesmo com muita fisioterapia, não voltaria a ter movimento completo dos membros.
A previsão para voltar a andar era de cerca de um ano, mas uma situação fora do comum acelerou o processo. Certa ocasião, quando andava numa cadeira de rodas no Mato Alto, em Jacarepaguá, a cadeira virou ao passar por um buraco. Acompanhado da mãe, João rapidamente levantou do chão e, envergonhado com a situação, disse que não queria mais andar na cadeira de rodas.
— Ano passado, fui ao Parapan-Americanos de Jovens no ano passado, na Argentina, e fui campeão de arremesso de peso e de lançamento de disco — relatou ele, uma das esperanças cariocas no evento.
No caso do halterofilismo, a competição de nível nacional é classificatória para a competição mais importante do ano: o Circuito Caixa Loterias em Fortaleza, em novembro. A paraense Márcia Menezes fez história em abril ao ser a primeira atleta entre os adultos a conquistar uma medalha em um Mundial de halterofilismo, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde ela levantou 116kg e alcançou o bronze para o Brasil na categoria até 79kg.
— O calendário é cheio e a gente precisa ir com calma. No Rio vou competir mais solta, levantar sem forçar muito para manter a evolução — explicou.
Além de Márcia, também estará no Cefan para competir Rafael Vansolin, campeão mundial júnior da categoria até 72kg, título também conquistado nos Emirados Árabes Unidos. Sejam de atletismo, halterofilismo ou natação, os atletas serão observados por treinadores nacionais das modalidades, visando aos eventos esportivos como Mundiais, Jogos Parapan-Americanos de Toronto-2015 e os Jogos Paralímpicos do Rio-2016.
— Sempre vamos às etapas regionais e nacionais, e certamente sempre tem alguém para observar — assegurou o técnico chefe da seleção de atletismo, Ciro Winckler.
No caso da natação, segundo Felipe Silva, um dos treinadores da seleção nacional, as etapas regionais são muito importantes para o desenvolvimento do atleta:
— A gente vai para observar o nadador. E quando ele chama nossa atenção, conversamos com ele e com o treinador também. Isso para saber como é o treinamento e para trocar informações sobre o atleta. Todos são observados: jovens e adultos. E as informações dos treinadores dos clubes nos ajuda a melhorar o nível da natação.
Fonte: Radar Olímpico - O Globo Online