Everton Costa pode ser o 1º a atuar no Brasil com um desfibrilador implantado

Sexta-feira, 23/05/2014 - 08:18
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Everton Costa segue em sua luta para voltar a jogar futebol. Passado um mês do quadro de convulsão e arritmia cardíaca, o atacante realizou novos e os resultados não foram os esperados. A inflamação no músculo cardíaco (miocardite) do jogador segue inalterada. O quadro levou o departamento médico do Vasco a sugerir a colocação de um desfibrilador implantado. A nova cirurgia será feita nos próximos dias e, segundo o cardiologista Gustavo Gouvêa, não há registro de outro jogador com o aparelho no futebol brasileiro.

- Temos um estudo com mais de 300 casos de atletas usando o desfibrilador, sendo 19 jogadores de futebol, mas não temos relato de nenhum jogador profissional no Brasil. Um caso famoso por aqui é o do Washington, mas é totalmente diferente. O problema dele era na coronária. Já o do Everton é no músculo do coração - frisou o profissional contratado pelo Vasco para acompanhar o caso de Everton Costa de perto.

O desfibrilador é pequeno e será implantado no tecido subcutâneo de Éverton, logo abaixo da clavícula. Dois pequenos cabos entram pelas veias e conectam o aparelho ao coração. O dispositivo é capaz de reconhecer uma nova arritmia. Neste caso, o choque é liberado para estabilizar os batimentos cardíacos. Segundo o estudo realizado em 2013 pela American Heart Association (Associação Americana do Coração), 10% dos 300 casos estudados registraram uma nova arritmia durante atividade física e a necessidade do choque. Nenhum dos atletas, no entanto, largou o esporte. Outros 3% sofreram danos no aparelho por causa de contatos (como uma bolada no local). A continuidade da carreira de Everton, no entanto, só será decidida em outubro - seis meses depois do evento inicial.

Um dos casos de jogadores de futebol que passaram a usar desfibrilador implantado e tiveram uma nova arritmia, com necessidade de choque, foi o do belga Anthony Van Loo. O colapso se deu em 2009 e, após o desfibrilador entrar em ação, o jogador voltou a si e sentou no gramado depois de desmaiar. Ele atua até hoje, aos 25 anos, pelo Mechelen, da Primeira Divisão da Bélgica.

- Em caso de nova arritmia, o jogador perde a consciência. O coração bate tão rápido, que o corpo bombeia pouco sangue e falta oxigênio no cérebro. Nesse momento o dispositivo reconhece o problema e em poucos segundos libera um choque. Foi o que aconteceu com o Anthony. Pode nunca acontecer, pode acontecer várias vezes, uma só vez... É imprevisível. Do estudo que pesquisamos, 10% dos atletas tiveram de levar o choque. Além do aparelho, o Everton segue tomando um remédio antiarritmico, que diminui ainda mais a chance - lembrou.

Entenda o caso

Há cerca de um mês, o susto. No dia 16 de abril, Everton Costa deixou São Januário de ambulância durante a partida válida pela primeira fase da Copa do Brasil. No hospital, os exames constataram uma arritmia cardíaca. Três dias depois, o departamento médico do Vasco e o cardiologista Gustavo Gouvea deram uma entrevista coletiva para explicar detalhes do ocorrido. Na ocasião, foi anunciado que seria preciso realizar novos exames dentro de um mês para descobrir se o jogador teria condições de seguir jogando profissionalmente.

Everton Costa ficou seis dias internado. Depois que recebeu alta, ficou se recuperando em casa - onde teve os batimentos cardíacos monitorados por um aparelho - sem realizar esforço físico. Neste período, o elenco vascaíno chegou a gravar um vídeo de apoio ao atacante. Nas redes sociais, o clube lançou a campanha #forçaeverton.

Contratado em janeiro, Everton pertence ao Coritiba e está emprestado ao Vasco até dezembro de 2014. Após o problema cardíaco, o empresário Jorge Machado avaliou a situação e acenou com a possibilidade de uma renovação sem custos para o clube carioca. Aos 28 anos, o atacante tem 10 jogos e um gol marcado - contra o Duque de Caxias - com a camisa vascaína.

Fonte: GloboEsporte.com