Morre Dominguinhos, super-supercampeão estadual em 1958 pelo Vasco

Terça-feira, 20/05/2014 - 19:04
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Um dos principais representantes de Muriaé no futebol profissional, com atuação em clubes como o Vasco da Gama, Atlético Mineiro, Tupi de Juiz de Fora e Nacional de Muriaé, Domingos Wilson Abdalla do Amaral, 74 anos, mais conhecido como “Dominguinhos”, morreu nesta madrugada vítima de câncer no pulmão. Ele deixa a esposa, Zilmar Pires do Amaral e os filhos, José Wilson, da Banda Zem; o advogado Dr. Paulo Sérgio (Pulo); Hilly e Luiz Carlos.



Fonte: Tribuna de Muriaé


RELEMBRE UM TRECHO DA ENTREVISTA DE DOMINGUINHOS AO SITE TRIBUNA DE MURIAÉ, COM FÁBIO BRAGA…………..

Relembre a entrevista de Dominguinhos ao site Tribuna de Muriaé, no dia 18 de setembro de 2013. Ele recebeu a mim a ao amigo Fábio Braga, quando falou sobre o Nacional na disputa do Campeonato Mineiro deste ano:

Domingos Wilson Abdala do Amaral nos recebeu em sua casa para uma entrevista, onde conta um pouco de sua fantástica história no futebol. O Álbum de Dominguinhos. Uma história recheada de momentos marcantes, como os títulos de 58, o time do Vasco com craques da seleção brasileira, o começo de carreira, o Nacional, a volta para casa. Dominguinhos se emocionou ao falar da expectativa com o novo estádio e com a parceria que leva o Nacional de volta à primeira divisão e tinha disposição pra mais horas e horas de conversa. Foi extremamente proveitoso conhecer esse homem educadíssimo, articulado, com tantas histórias e principalmente, com a saúde em dia! Antes de começar a entrevista, quero fazer mais um agradecimento especial ao Dominguinhos e à sua esposa, que tão gentilmente nos receberam em sua casa! Espero ter outras oportunidades de estar com ele, porque história do futebol é muito bom de ouvir e passear pelas fotos e recordações do craque Dominguinhos foi realmente um prazer imenso.

FB – Muito obrigado por nos receber, Dominguinhos. Por favor, conte como começou a sua história no futebol, no Nacional e a sua carreira.

D – Obrigado a vocês por me dar a oportunidade de falar sobre isso, porque todo jogador de futebol aposentado gosta e eu adoro de reviver os momentos e também quando me procuram para falar da minha história. As portas de minha casa estão abertas sempre. Eu sou de Palma e vim para Muriaé em 1950. Como era muito magro, chamei a atenção do pessoal do Nacional. Batia bem de canhota, sabe? E o pessoal do acional me colocou para jogar com 15 anos de idade, aquele magrelo, que batia bem na bola, e os técnicos mais inteligentes me falavam para não dividir jogadas, porque eu sofria um bocado…tomava botinadas à vontade…mas essas orientações me ajudaram muito e eu consegui me destacar. E com essa idade eu já jogava no profissional do Nacional. Tive poucas contusões. E um dia, no Bar Muriaé, na Praça João Pinheiro, me abordou um sujeito com sotaque português e me disse que era diretor do Vasco da Gama, Barcelos, e que gostaria que eu fosse a Itaperuna naquele dia para jogar pelo misto do Vasco. Eu disse a ele que teria de conversar com meu pai, pois tenho 16 para 17 anos e ele era presidente do nacional e o paulistano tinha comprado o meu passe. Meu pai liberou e eu fui. O Presidente do Paulistano também liberou. Cheguei lá por volta de 5 da tarde, com a minha chuteira …e o pessoal do Vasco com aquelas chuteiras bacanas…e o Augusto, que havia jogado na copa, era o treinador e me colocou para jogar. Senti muita diferença. Ninguém errava passes. Ganhamos de 4 a 1. Dei um passe de 40 metros para o centroavante, que fez o 4º. Gol e todo mundo veio comemorar comigo. Queriam que eu fosse direto para o Rio com a delegação, mas meu pai não deixou. Disse que eu iria nas férias se eles quisessem, pois eu estava estudando. Queriam que meu pai assinasse um termo de compromisso e ele então disse que era advogado conhecido na região e que não precisaria assinar nada e que ele estava abrindo exceção, já que tanto ele quanto o filho eram botafoguenses. E assim ficou. E assim aconteceu.

FB a história se repete agora, já que o presidente do Vasco, Roberto Dinamite, tem origem botafoguense, não é Dominguinhos?

D – Pois é sem dúvida. E eu dei muita sorte, porque joguei no juvenil, depois foram cinco anos de muita alegria no maracanã. Até que eu me machuquei sozinho, tive de operar o menisco, e aí acabei ficando um ano parado. Nesse período, o Yustrich foi contratado como treinador do Vasco.

FB – E como foi no Nacional, especificamente?

D – Eu fui ídolo do nacional. A canhotinha funcionava, fomos campeões da liga de Juiz de Fora. Quando parei, aos 38 anos, cheguei a treinar o time, por três meses, mas depois me afastei. Poderiam fazer comentários maldosos, em face de que eu era do banco, e achei melhor não continuar.

FB – E o relacionamento da torcida com os jogadores?

D – O Nacional teve sempre uma torcida muito boa, que incentivava muito. Sempre respeitaram dentro e fora do campo. Eu nunca tive problemas, os jogadores eram tratados como ídolos.

FB – Quem era o maior rival do Nacional?

D – O Paulistano, a quem a gradeço, porque quando fui para o Vasco, era jogador do Paulistano. Toda vida foi o maior rival.

FB – Além de você, quem eram os ídolos?

D – Diná, Curisco, marco Aurélio, Binha, Oliveira…eram vários! O Curisco, você pode conhecer na porta da Caixa Federal!

FB – E a parceria? O Nacional na primeira divisão, um estádio pra quinze mil pessoas…o que você está achando disso?

D – Sinceramente não sei a fundo para lhe dizer, mas posso afirmar que aquele campo era um campo de roça e agora temos um estádio de verdade. E parece que eles fizeram uma parceria. A princípio vejo com bons olhos, mas depois é que agente quer ver, né, porque na minha época, não tinha empresário nem patrocinador que ajudasse a gente. Era difícil ter dinheiro do pessoal de Muriaé. A única pessoa que foi firme sempre com o nacional foi o Toninho (do Bazar São Cristóvão) Como não sei detalhes, prefiro não aprofundar, mas vejo com bons olhos.

FB – Você já conhece o novo estádio?

D – Depois de pronto ainda não, mas posso te dizer que dar manutenção nos três campos é custoso, mas torço muito para que tudo dê certo!

FB – Para você que jogou com jogadores de seleção, esteve convocado para a seleção olímpica do Brasil, viveu tempos áureos, do esporte: você que viveu a cidade naquela época, o que acha que vai acontecer na cidade com a visibilidade da mídia do Estado e do País?

D – (emocionado) Eu tenho certeza absoluta que será sensacional para a cidade! Com aquele campo não tinha condições. Com o novo estádio, o Nacional tem de arrumar um time bom, para que ele possa dar alegrias de verdade. Eu acredito que vai ser excelente para a cidade, vai mexer com todos os pontos, todos os setores e será sensacional para todo mundo

FB – Dominguinhos, quero te convidar, pedindo permissão do José Carlos Alves, para que venha a participar dos eventos da Torcida Uniformizada UNIDA, já que o espírito da torcida é o de apoiar incondicionalmente o time, sem hostilidade, garantindo qualidade à visibilidade que Muriaé vai ter com o nacional na primeira divisão.

D – Nas condições que o campo antigo estava não tinha jeito, mas agora estaremos presentes. Podem contar comigo com todo o prazer. Eu quero ver o time na mídia sempre e adoro futebol. Estarei com vocês, com certeza!

FB – Poderíamos ter mais muitas páginas de entrevistas, porque a história é longa e muito bonita. Vamos conta-la em capítulos futuros. Por hoje encerramos assim, te dando os parabéns e te agradecendo por fazer parte do esporte, pois entusiastas como você é o que precisamos no esporte.

E ele então me disse, …olha rapaz, eu tenho reparado em você e você tem treinado muito bem, bate faltas muito bem. Será o ponta esquerda do Vasco. Mas você aceita ficar três meses em Belo Horizonte? Eu aceitei aquela oferta, ganhando muito bem e fui para o Atlético Mineiro. Mas eu menosprezei a contusão. Era tudo muito diferente em Belo Horizonte. Voltei para o Vasco, depois na sequência fui para Juiz de Fora. Fiquei um ano no Tupi. E depois voltei a Muriaé, em 01.06.62. Entrei para o Banco Mineiro da Produção, atual Banco Itaú e lá me aposentei. Voltei a jogar futebol, com o Marco Aurélio, Mirim, colocando o Nacional na divisão Extra, em pleno Mineirão!




Fonte: Tribuna de Muriaé