Na reabertura, Albertão teve falha na limpeza e acessibilidade elogiada

Segunda-feira, 19/05/2014 - 11:26
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Não é estádio de Copa do Mundo. E está muito longe do famoso “padrão Fifa” de qualidade. Mas o torcedor piauiense pôde sentir este gostinho especial durante a reabertura do estádio Governador Alberto Tavares Silva, o Albertão, em Teresina. Após um ano e um mês fechado, por conta de uma liminar judicial e para obras de acessibilidade, a praça esportiva de 41 anos voltou a sediar jogos. O cardápio foi a primeira partida da final do Campeonato Piauiense, que terminou empatada em 2 a 2. Com a volta do Gigante da Redenção, o GloboEsporte.com testou os serviços oferecidos no local que contará com uma semana movimentada: irá receber a partida Vasco x Sampaio Corrêa, nesta terça-feira, às 21h50, pela Série B do Campeonato Brasileiro e a grande decisão do estadual no domingo, o segundo jogo entre River-PI x Piauí. Em resumo, o sentimento de reencontrar o Albertão aberto prevaleceu forte. Porém, houve ressalvas. E muitas. Problemas na entrada, banheiros sem água e sujos, falta de sinalizações foram algumas das reclamações. Mas o pior ficou por conta dos flagras de mijões nos corredores.

Não foram apenas um, dois, três... A equipe do GloboEsporte.com flagrou dezenas de mijões. A dez passos do banheiro, torcedores deixaram de usar o espaço e optaram usar as dependências do estádio, sem nenhum incômodo ou repreensão dos policiais militares. Ao ser questionado, um torcedor – que não quis se identificar – falou que não usou o banheiro por conta das filas. As desculpas esfarrapadas foram inúmeras. E o saldo foi de muita sujeira.

- O banheiro é imundo, não tem como usar. É o jeito, todo mundo faz... Não é falta de educação – justificou outro torcedor.

De fato, a higiene dos banheiros foi um ponto comum de reclamação. Tanto o masculino quanto o feminino, não tinha água nas torneiras e vasos sanitários, o que gerou insatisfação. Ainda no campo da limpeza, faltaram lixeiras ao longo dos corredores.

- Os banheiros estavam podres. Fiquei com nojo. Ficamos com necessidade de usar, mas não podemos nem lavar as mãos. O papel higiênico tem que trazer de casa? Gostei da reabertura, pois sempre vinha assistir partidas aqui. Porém, esses serviços têm que melhorar para o torcedor – comentou a vendedora Maria das Graças, 41 anos, que mora na zona Sul da cidade.

Portões abertos: logística complicada

O encontro com o Albertão mereceu uma longa paciência para o torcedor. Para promover a reinauguração, o Governo do Estado e a Federação de Futebol do Piauí fizeram a partida com portões abertos ao público. Para ter acesso ao ingresso, tricolores e rubro-anis tinham que trocá-lo por um 1kg de alimento não perecível. A organização, talvez, não esperava a boa recepção pela ideia. Longas filas se formaram do lado de fora do estádio, situação que trouxe certos tumultos.

A troca de alimento era feita por um único portão, o das arquibancadas das cabines de rádio e TV. Logo depois, o torcedor tinha que encarar outra fila para entrar na praça esportiva, feita sem revista policial. A falta de informações foi criticada.

- Foi péssimo entrar. Deveria ter mais pontos de troca de alimento no dia de jogo. É um absurdo ficar esperando sem nenhuma informação do que fazer, como fazer. Nem sei se estou na fila certa. Com a confusão de ter ou não o jogo, ficou tudo indeciso. Com a demora não sei se dará parar ver o jogo. Quero assistir pelo menos o segundo tempo. Mas que bom o estádio foi aberto – falou Sebastião Freitas, servidor público.

Realmente, a demora na entrada do estádio pegou os torcedores desprevenidos. Quando a partida começou – por volta das 17h15 – muitos ainda estavam do lado de fora, na fila. Ou seja, muitos nem assistiram ao primeiro gol do River-PI, feito por Esquerdinha no primeiro minuto de jogo. Até às 18 horas, a reportagem registrou a entrada de torcedores. Depois do horário, alguns portões ficaram abertos sem a presença de algum membro da organização.

- Por onde entro, já terminou o primeiro tempo? – perguntou o pedreiro Fabiano Sousa, na pressa.

Com a maior lotação, o setor das arquibancadas especiais teve torcedores sentados no chão ou em pé acompanhando os lances da partida. De acordo com a Polícia Militar, não houve registros de incidentes. Em nota oficial, o Governo do Estado informou que o estádio recebeu cerca de 20 mil pessoas.

Alimentação: preço gera chiadeira

De um copinho de pipoca por R$ 2, passando pelo cachorro quente de R$ 3 até uma lata de refrigerante por R$ 4, o torcedor não reclamou muito da falta de comida no estádio. Nem mesmo no intervalo do jogo, quando o fluxo de consumidores foi maior. O serviço não teve o glamour das grandes redes de fast-food, mas foi feito por ambulantes nos corredores que souberam atender a demanda. Mas justamente o preço do refrigerante gerou discórdia.

- Uma lata de refrigerante por R$ 4 é brincadeira. Não é nem estádio com padrão Fifa. É um abuso – protestou o garçom Valdeci Ferreira.

A entrada de bebida alcoólica foi repreendida por policiais militares apesar da resistência dos torcedores. Mais muitos deram um jeitinho: acabaram comprando cerveja com comerciantes do lado de fora do estádio.

Acessibilidade ganha elogios, mas precisa de ajustes

A adequação do estádio para receber pessoas com deficiência física foi um dos pontos questionados pelo Ministério Público Estadual. A obra de R$ 450 mil, segundo a Fundespi (administradora do Albertão), incluía a construção de rampas de acesso, salas especiais, banheiros acessíveis, piso tátil e a instalação da plataforma elevatória para cadeirantes (ainda não incluída).

- Antigamente tinha que vir carregado nos braços, subindo e descendo degraus. Melhorou muito. A rampa é boa, pois não é íngreme. Não precisamos de ajuda para chegar até o nosso espaço. Os banheiros também estão funcionando – comemorou Vagner Vasconcelos, de 34 anos.

No espaço construído, os torcedores destacaram o conforto, mas a iluminação durante o acesso foi cobrada.

- Estava muito escuro. Isso atrapalhou um pouco. Já tinha passado do tempo de termos um local confortável, porém precisa destes pequenos ajustes – ponderou Francisco Soares, de 50 anos, servidor público.



Fonte: GloboEsporte.com