Era apenas para ser uma alternativa financeira interessante para o Vasco. Porém, a transferência da partida contra o Sampaio Correia, pela sexta rodada da Série B do Campeonato Brasileiro, para a Arena da Amazônia, em Manaus, criou um impasse entre a Unidade Gestora do Projeto Copa (UGP/Copa) do estado e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Na noite desta terça-feira, o diretor de competições da entidade que comanda o esporte no país, Virgílio Elísio, admitiu o desconhecimento prévio a respeito das obras de transmissões de partidas da Copa do Mundo no estádio e reconheceu o "problema" alegado pelos gestores do local. A definição ficou para a manhã desta quarta-feira, mas a CBF já admite que o Cruz-Maltino terá que conseguir outro lugar para jogar.
- Soubemos hoje (terça-feira) de obras na Arena da Amazônia e vamos ver como resolver esse problema. Estávamos tentando manter a partida no local marcado, mas amanhã (quarta) vamos encontrar uma solução. Se não for na Arena da Amazônia, o Vasco vai encontrar outro local para atuar - disse Virgílio Elísio.
O discurso era bem diferente daquele utilizado mais cedo, quando Elísio lembrou que mais um jogo-teste seria favorável para a Arena da Amazônia. Porém, a posição da UGP/Copa frustrou as intenções do Vasco e da CBF. Segundo Miguel Capobiango, coordenador geral da entidade, não é possível realizar jogos na Arena com as obras do circuito de TV e de câmeras da Fifa passando pelo estádio.
- Repito: não há a menor chance de esse jogo acontecer aqui - afirmou.
A Federação Amazonense de Futebol não se isentou de culpa no imbróglio envolvendo a partida. Diretor da entidade, Ivan Guimarães explicou que a federação não é responsável pela Arena da Amazônia e que eles apenas informaram para a CBF que não era contra a realização do jogo. Ele, por outro lado, disse que não recebeu nenhum documento da UGP/Copa avisando que o estádio está vetado e classificou a confusão como "falta de comunicação".
- Nós fomos consultados pela CBF para saber se a Federação Amazonense teria alguma objeção do jogo em Manaus, e nós dissemos que não. Porém, deixamos claro que nós (federação) não temos o estádio e que a Arena da Amazônia é do Estado e de gestão da UGP/Copa. Eu até disse para a CBF que a UGP Copa não queria mais o jogo. Diante disso, a CBF marcou o jogo e eles estão conversando com o Miguel. Até porque a Federação Amazonense nunca esteve envolvida nesta história. A Federação só disse que não tinha nenhuma objeção, não tínhamos nada contra. Estamos à disposição para receber qualquer jogo, pois a nossa missão é recolher o borderô e fazer os recebimentos dos encargos e outras coisas. Outra coisa, resolvemos apoiar a vinda deste jogo porque o UGP/Copa ainda não nos mandou nenhum papel oficializando que o estádio não poderia mais receber jogo algum. Tudo o que sabemos são só por palavras - defendeu-se.
No início de abril, o Vasco foi à Arena da Amazônia pela primeira vez para enfrentar o Resende, pela Copa do Brasil. A presença dos cariocas levou 40 mil vascaínos ao estádio. A renda superior a R$ 2 milhões, no entanto, passou longe de São Januário. Visitante no confronto, o Vasco viu a quantia a quantia ser destinada ao Resende e aos organizadores da partida. Punido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), o clube precisa disputar seus três próximos jogos com mando de campo na Série B a uma distância de 100 km do Rio. Assim nasceu a intenção de explorar novamente a força da torcida cruz-maltina em Manaus.
A transferência do jogo para a Arena da Amazônia foi acertada entre o clube, a federação de futebol do Rio, a federação do Amazonas, o Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo e a CBF. A entidade, aliás, já havia publicado desde esta segunda-feira a alteração em seu site.
- Falamos com o COL e com a federação (amazonense) e ambos confirmaram. Não é usual conversar com todos lados antes, não é regra, embora exista esse contato em um ou outro estádio, porque algumas têm características técnicas a serem discutidas, coisas desse tipo envolvidas. Foi assim, por exemplo, na Arena Pantanal. No caso de Manaus, a federação confirmou, o COL também. Acredito que não haja chance de isso ser mudado - dizia mais cedo o dirigente da CBF.
A posição da CBF era a mesma do Vasco. Toda a programação do clube já está organizada para que a partida seja realizada em Manaus.
- A gente se baseia no que a CBF diz. Nós aqui nos programamos para jogo em Manaus. Fechamos com a empresa organizadora do evento, que também fez o jogo contra o Resende no mesmo local, nos mesmos moldes. Se vai mudar alguma coisa, até agora não sabemos de nada - explicou o diretor executivo de futebol cruz-maltino, Rodrigo Caetano.
Cabos no meio do caminho
Se entre Vasco e CBF o entendimento era o mesmo, para a UGP/Copa de Manaus a história era completamente diferente. Segundo o coodenador Miguel Capobiango, na semana passada foi autorizada a entrada de cabos de camêra da TV Fifa no gramado do estádio. Tal operação e algumas outras obras impossibilitariam a realização do confronto entre Vasco e Sampaio.
- Já autorizei a entrada de cabos de câmera no gramado, da TV Fifa. Não tenho como tirar esses cabos para ter jogo. Não autorizamos a realização do jogo. Tem que resolver onde vai jogar. Não temos condições operacionais para realizar jogos na Arena da forma que ela está. Não foi assinado contrato algum para realizar a partida no estádio. É uma irresponsabilidade começarem a vender ingressos. Volto a afirmar: é impossível o jogo acontecer aqui. Teríamos que retirar todos os cabos que foram colocados dentro do estádio. Autorizei a instalação deles na semana passada. Já estão organizando o posicionamento das câmeras para a Copa. Não dá tempo para tirar tudo e depois começar de novo.
Fonte: GloboEsporte.com