Ex-vascaíno Ernane, o 'Kaká do Nordeste', relembra passagem pela Colina, critica Dinamite e elogia Eurico

Sexta-feira, 09/05/2014 - 19:53
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Nesta sexta-feira, o FutNet traz um bate-papo com o meia Ernane, que possui passagens por Bahia, Vasco, Seleção Brasileira de base e atualmente está no Catar.

O atleta de 29 anos é natural de Nilópolis/RJ e foi em Porciúncula/RJ, cidade onde se criou, que deu seus primeiros passos no futebol. Inicialmente era atacante, mas em um jogo no município que fica na divisão com Minas Gerais, sua equipe local precisou de um meia,este se prontificou e foi bem, se fixando na posição. Ao longo de sua carreira, Ernane Ferreira Carvalheira Campos também jogou como segundo volante e até lateral-direito.

Aos 14 anos, o meio-campista foi dispensado do Tombense/MG e seu irmão mais velho, Ernanci defendia o Bahia e pediu ao Bobô, ex-jogador e dirigente na época, para ele fazer um teste e acabou contratado.

No Tricolor Soteropolitano, o boleiro ficou até os 20 anos de idade, sendo um dos destaques nas categorias de base e sendo convocado para a Seleção Brasileira. Na equipe Salvador/BA foi campeão da Copa Nordeste em 2002, seu único título profissional.

Após o Mundial Sub-20 na Holanda, onde o Brasil ficou em terceiro lugar, em 2005, Ernane chamou a atenção do Vasco que o contratou.

“ Aquele Mundial ficamos em terceiro lugar, perdemos a semifinal para a Argentina. O Brasil tinha um elenco forte. Lembro que joguei com, Rafinha (atualmente no Bayern), Fillipe Luis, Arouca, Diego Tardelli, Rafael Sóbis, Renan (goleiro atualmente no Goiás), dentre outros. O Vasco me viu atuar nesta competição e me contratou”, disse o jogador, que afirmou que o Bahia é o time, dentre os quais defendeu que mais se identifica.

“O Bahia é o time que eu mais me identifico hoje. Foi quem me deu a chance de ser profissional e que me levou para a Seleção Brasileira. Até hoje acompanho a equipe. Tenho amigos lá. Penso que eles tem condições de fazer um bom Brasileirão em 2014”, revelou.

No Gigante da Colina, Ernane ficou entre 2006 e 08, onde mantinha uma boa relação com Eurico Miranda e atuou ao lado de grandes jogadores como Edmundo, Ramon, Pedrinho e especial Romário.

“ Comecei a jogar futebol vendo a Copa do Mundo de 1994 e o Romário foi minha inspiração. Com 20 anos de idade, poder atuar em uma mesma equipe que ele foi uma honra. Um sonho. Romário é uma pessoa muito boa e no elenco do Vasco sempre ajudava os mais jovens. Dava apoio a todos”, relembrou.

Em 2008, Eurico Miranda saiu do Vasco e entrou Roberto Dinamite. O ex-jogador resolveu fazer uma reformulação do elenco, Ernane perdeu espaço e teve seu contrato rescindido. O que chateou o meio-campista foi que o atual mandatário cruz-maltino não pagou todo o valor da quebra de vínculo e que ainda lhe deve dinheiro.

O nilopolitano afirma que se Eurico Miranda seguisse no poder o Vasco não teria caído duas vezes para a Série B do Brasileiro.

“O Eurico Miranda tem seu jeito durão, de cobrar muito os jogadores, mas sempre cumpria com a palavra. É uma boa pessoa. Ele podia atrasar salário, mas nunca deixou de pagar os jogadores. Já o Roberto Dinamite pediu para eu sair do Vasco, acertamos a rescisão de contrato e no dia que eu assinei ele me pagou uma parte que me devia e avisou que iria quitar o restante nos próximos meses. Ate hoje não vi a cor do dinheiro. Se o Eurico tivesse seguido no poder o Vasco não teria caído para a Série B. Para o Vasco melhorar, creio que o Eurico precisa voltar ao poder”, contou.

Após sair do Vasco, o boleiro nascido no dia 2 de maio de 1985 teve uma rápida passagem pela Cabofriense/RJ ,depois jogou pelo Figueirense (em 2010), onde guarda boas recordações, conseguindo o acesso à Série A do Brasileiro , atuou por Tombense/MG e Aparecidense/GO antes de ir para o Catar em 2012.

“ Meu empresário mostrou um vídeo meu para um pessoal do Catar e o Al-Shahaniya gostou e comprou meu passe. É um clube médio daquele país. Na temporada 2012/13 não conseguimos o acesso para a primeira divisão. Agora na última atingimos este objetivo e pela primeira vez na história a equipe vai jogar a elite local”, contou o jogador, que em seguida falou das vantagens e desvantagens de atuar no país asiático.

“ No Catar eles tem muito dinheiro e estão investindo forte no futebol. A situação aqui ainda está se ‘engatinhando’. Eles pagam bons salários aos jogadores, mas ainda falta muita coisa. Por exemplo, os estádios vazios. Minha estreia como profissional no Bahia foi para 55 mil pessoas. Aqui jogo para 50 ou 100. É estranho chegar em um estádio e não ver torcida, não tem ninguém gritando, incentivando o time. Quase não há jornalistas nos estádios e pouquíssimos vão aos treinos. Os próprios jogadores do meu time não se dedicam exclusivamente ao futebol. Um é policial, outro trabalha em cartório e assim vai. Isso ocorre porque eles não enxergam ainda o futebol como uma atividade profissional e sim algo a mais para se fazer. Mesmo que pagando bem. A maioria dos clubes não tem categoria de base. Muitos vão tentar a vida no futebol com 19 anos. Muito tarde! Precisa mudar essa mentalidade”, afirmou o brasileiro.

Ernane ainda afirmou que os catarenses estão empolgados com a Copa do Mundo de 2022 e que vão realizar um grande evento.

“Eles estão empolgados em poder sediar a Copa de 2022. Estão investindo muito para organizar um grande Mundial. Vão surpreender muita gente. Os estádios aqui são muito bons. Mesmo assim estão construindo outros bem melhores. O único problema é o período que a Copa ocorre que é entre junho/julho onde é muito calor. Mas tenho certeza que eles darão um jeito nisso”, revelou.

Seu vínculo com o Al-Shahaniya terminou no dia 30 de abril. O sul-americano ainda não sabe onde atuará no segundo semestre. Mas sua vontade é seguir no Catar onde já está adaptado. Caso renove contrato com a sua atual agremiação, poderá ganhar o passaporte local e não ser um atleta estrangeiro. Além de Hernane, o Al-Shahaniya tem o atacante brasileiro Fábio Lopes, o marfinense Amanju e o treinador brasileiro Alexandre Gama como não-catarenses.

“ Cada clube que está na Primeira Divisão do Campeonato Local tem direito a dois jogadores estrangeiros para se naturalizar catarenses. O meu clube está vendo essa possibilidade. Depende de autorização da federação que cuida dos campeonatos daquele país. Se eu conseguir, a chance de eu seguir no Al-Shahaniya”, finalizou o jogador.

Fonte: Futnet