Carlos Germano lamenta falta de vascaínos na Seleção Brasileira e fala sobre Martín Silva, que deve ir à Copa

Quinta-feira, 08/05/2014 - 14:08
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O futebol do Rio de Janeiro terá dois representantes na Copa do Mundo de 2014: Jefferson, do Botafogo, e Fred, do Fluminense, anunciados na manhã de quarta-feira pelo técnico Luiz Felipe Scolari. Flamengo e Vasco, mais uma vez, ficaram fora da maior competição do futebol mundial. Dois clubes com mais de 30 convocados cada um na história, que já contaram com estrelas vestindo a camisa do país como protagonistas, casos de Zico, Bebeto, Ademir, Bellini e Zagallo, entre outros.

Dono de algumas marcas e recordes entre clubes brasileiros na história da seleção brasileira em Copas, o Vasco amarga a quarta convocação consecutiva para a competição sem um único nome na lista e a oitava de sua história. A última vez foi com o goleiro Carlos Germano, reserva ao lado de Dida de Taffarel na Copa da França em 1998.

O Flamengo teve em 2010, na África do Sul, a presença do volante Kleberson como seu representante, convocado por Dunga, mas já havia passado em branco em 2006. Esta é a quarta vez na história das Copas do Mundo que o clube não terá um jogador convocado para a seleção brasileira - o mesmo aconteceu em 1934 e 1962.

Dupla em queda

O jejum do Vasco é reflexo da crise técnica e econômica do clube de São Januário. Entre 2002 e 2014, só conquistou três títulos - o Carioca de 2003, a Série B de 2009 e a Copa do Brasil de 2011. As últimas convocações vascaínas foram de Rômulo, Diego Souza e Dedé, ainda na era Mano Menezes e logo após a última conquista vascaína. O volante e o meia-atacante foram negociados em 2012, enquanto o zagueiro ídolo dos vascaínos se despediu da Colina no início do ano passado.

- O Vasco é muito grande para ficar tanto tempo sem um jogador na Copa do Mundo.

A constatação é de Carlos Germano, atual preparador de goleiros do clube. Criado nas divisões de base do Vasco, o ex-goleiro sabe do que está falando. Em 1998, era presença praticamente certa na lista de Zagallo. Carlos Germano era destaque do clube, então campeão do Rio, do Brasil e da América do Sul. Ele fazia parte de uma tradição que ainda estava em vigor: vascaínos com a amarelinha. Em 1990, foram cinco - Acácio, Mazinho, Tita, Bebeto e Bismarck. Nos Estados Unidos, Ricardo Rocha era titular até se machucar na estreia contra a Rússia.

- O Vasco teve um período excelente, na década de 1990 inteira, com muitos jogadores convocados, sempre jogando finais, vencendo campeonatos. De uns tempos para cá, o negócio está um pouco difícil. Eu era convocado desde as categorias de base, junto com outros companheiros meus. Nas divisões inferiores o Vasco ainda tem bastante nome. Eu, que fui formado aqui, tenho sempre essa expectativa de ver os garotos chegando na seleção. Agora tivemos cinco da base no time principal, todos titulares - lembrou Germano, citando Luan, Danilo, que já está vendido, Marquinhos, Yago e Thalles.

Distante, Kleberson vem acompanhando a situação do Flamengo. Meia do IndyEleven, da NASL, dos Estados Unidos, e campeão do mundo com o Brasil em 2002, ele lamentou a ausência de um representante na seleção brasileira. Ele lembrou o trabalho realizado até pelos membros da comissão técnica do clube carioca para que seguisse nos planos do técnico Dunga para a disputa da Copa do Mundo de 2010, ainda que como opção no banco de reservas.

- Sempre é gostoso lembrar dessas histórias. Fui campeão em 2002 e em 2010 acabei sendo convocado novamente. Fiz um trabalho forte no Flamengo com meus companheiros e a comissão técnica para alcançar esse objetivo. Fiquei um pouco triste agora por não ter nenhum jogador do Flamengo cotado para jogar na seleção. Na época, foi muito legal ser chamado defendendo o Flamengo, para mim e para a história do clube - afirmou Kleberson.

No atual elenco do Flamengo, Elano foi contratado e chegou com o discurso de que ainda sonhava com a disputa da Copa do Mundo deste ano. No entanto, jogou poucas vezes por conta de uma série de lesões. Kleberson aponta outro jogador que teria condições de defender a seleção brasileira e entrar na lista divulgada por Felipão.

- Tenho um carinho muito grande por todos os jogadores do Flamengo, principalmente por aqueles com quem atuei. Um que teria condições, mas pela idade fica complicado, seria o Léo Moura, que mantém a dinâmica e a regularidade, mas a gente entende que há outros nomes de grande nível na posição dele e por isso tenha ficado difícil, não só nesse mundial, mas em outros - comentou o meia.

Recordes

A situação é mais preocupante quando se olha números do passado. Na história, mesmo sem jogadores nos últimos quatro mundiais, o Vasco ainda é o terceiro em cessão de atletas para mundiais (35 nomes), recordista em número de convocados para uma única edição (em 1950, eram oito vascaínos), em titulares em uma única partida - em três jogos do último Mundial no Brasil, eram seis do Expresso da Vitória de Flávio Costa, então treinador da Seleção.

Além disso, até hoje, 29 dos 210 gols marcados pela seleção nas Copas foram assinalados por jogadores que pertenciam ao Vasco, segundo pesquisa do historiador do clube Mauro Praiss. Roberto Dinamite, atual presidente do Vasco, marcou três vezes em 1978 - foi a última vez que um vascaíno balançou as redes numa Copa.

O Flamengo teve 33 jogadores convocados na história das Copas. Três foram titulares na seleção brasileira de 1982 - Zico, Júnior e Leandro. Entre 1966 e 2002, foram 10 Copas seguidas com pelo menos um representante do clube entre os convocados para a competição. Zico foi chamado para três Copas seguidas, entre 1978 e 1986.

O último jogador do Flamengo titular em uma Copa do Mundo foi Juninho Paulista em 2002. Ainda assim, o jogador perdeu a vaga no decorrer da competição para Kleberson, então no Atlético-PR. Já gols o clube não marca desde Sócrates, em 1986, na goleada por 4 a 0 sobre a Polônia.

Gringos salvam a pátria

Na seleção brasileira, Flamengo e Vasco não encontraram espaço para seus jogadores. Fora do país, cada clube terá um representante na Copa do Mundo de 2014. O zagueiro Erazo é titular do Equador, enquanto o goleiro Martín Silva, reserva do Uruguai - a lista de convocados uruguaia tem até o dia 2 de junho para ser anunciada.

Responsável pela preparação de Martín Silva no Vasco, Germano revela que o goleiro mostra toda a ansiedade em aparecer na lista final do Uruguai. Apesar dos problemas recentes - da complicação no nascimento da filha e da lesão no tendão de Aquiles -, o ex-goleiro acredita que o representante vascaíno na Copa chegará em perfeita condições para o Mundial de 2014.

- Quando o Martín chegou, em janeiro, a gente conversou bastante sobre a Copa. É o sonho do cara, ele trabalhou a vida toda para isso. E nosso trabalho também é voltado para esse sonho dele, para no dia da convocação ele estar bem. Ficamos apreensivos com o problema no tendão, com o problema no nascimento da filha, ficou um pouco ameaçado nesse início de semestre, mas já cicatrizou a lesão, e ele vem jogando normal. Tem tudo para chegar muito bem na Copa - disse o preparador de goleiros do Vasco.

No Flamengo, Erazo foi contratado com essa linha em destaque no currículo. No entanto, é reserva de Samir, de 19 anos, e tem a antipatia da torcida depois de cometer erros seguidos, principalmente no clássico com o Fluminense, quando o time perdeu por 3 a 0. Para Kleberson, chegar em uma Copa do Mundo requer muito trabalho, e essa dificuldade deve ser reconhecida.

- Acho que o mais importante para chegar em uma Copa é o trabalho que o jogador faz no seu clube. No Brasil, é difícil. O país é recheado de jogadores com potencial para jogar a competição e o treinador só pode levar 23. Imagina você escolher esse número em um país com muitos que podem estar lá. O jogador precisa manter a regularidade e fazer a diferença nas oportunidades que recebe para ter a confiança do treinador - afirmou Kleberson.

Fonte: GloboEsporte.com