Integrantes de torcida organizada do Atlético-PR envolvidos na pancadaria com torcedores do Vasco, acontecida em Joinville no fim do ano passado, podem voltar para a prisão. Entre eles, o ex-vereador Juliano Borghetti. Segundo a Justiça de Santa Catarina, cinco certidões de comparecimento à delegacia apresentadas por ele estão ilegíveis. E uma sexta, não foi apresentada. Outros três réus também estão em situação irregular e podem ter a liberdade cassada nas próximas semanas.
Na última semana, a 1ª Vara Criminal de Joinville deu um ultimato. Se Borghetti não apresentar os documentos, ele voltará para a cadeia. Esse é o segundo questionamento feito pela Justiça sobre os documentos. Os outros réus com pendências são: William Batista da Silva, Thiago Cardozo Salvadori e Thiago Paese Weber.
De acordo com determinação da juíza Karen Francis Schubert Reimer, todos os 28 réus soltos devem comparecer em uma delegacia de polícia duas horas antes de cada jogo de seu time e lá permanecer até duas horas depois da partida, num total de seis horas. Após cada jogo, o advogado do torcedor deve apresentar à Justiça uma certidão comprovando que o mesmo esteve na delegacia.
As certidões devidas por Borghetti são dos meses de março e abril, período em que o Atlético-PR participava da Libertadores da América. De acordo com a medida judicial, mesmo quando o jogo acontece em outro estado, em outro país e até de portões fechados, o réu deve ir para a delegacia.
Advogado de alguns vascaínos que são réus no processo Rogério Rayol entrou com pedido de reconsideração da medida. "Quando o jogo é fora do estado, em local distante, não é necessário o torcedor ir duas horas antes. Basta ir na hora do jogo", argumenta.
Exemplo do mensalão
No dia 29 de março, a ESPN esteve em Curitiba e acompanhou a ida de torcedores do Atlético-PR à Delegacia de Atendimento ao Futebol e Eventos. Entre os réus que se apresentaram, estava Juliano Borghetti. E essa é uma das certidões que a Justiça contesta.
Na ocasião, um dos integrantes da organizada do rubro-negro paranaense falou com a reportagem, sem querer se identificar.
"O mensalão abriu jurisprudência pra (sic) gente porque os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) não considerou (sic) o mensalão quadrilha. Nosso caso pode ir por aí", disse um dos denunciados.
"Agora você vê. Um policial fica tomando conta da gente aqui durante todo o tempo. Tanto bandido pra prender por aí...", comenta o torcedor, completando:
"Eu perdi um emprego numa multinacional. Trabalhei lá por seis meses e só faltei duas vezes. Eu estou nessa porque fui identificado por uma pessoa", defende-se o mesmo torcedor, que é impedido de continuar a conversa pelos colegas.
A reportagem tentou contato com os advogados dos quatro réus citados, mas não teve retorno.
Fonte: ESPN.com.br