Em seis anos como presidente do Vasco, Roberto Dinamite viveu momentos difíceis. Pressão, acúmulo de dívidas - das mais antigas até as mais recentes geradas em sua gestão -, críticas de diversos lados e dois rebaixamentos que mexeram até com a sua saúde. No campo, o ponto alto com o título da Copa do Brasil, em 2011, por vezes se perde em meio ao turbilhão que São Januário se transformou. Mas o dirigente garante que está pronto para mais um mandato, caso seus correligionários e os sócios do clubes desejem. Em entrevista à revista Placar, o maior artilheiro da história cruz-maltina tornou a se animar com o assunto.
- Não descarto tentar a reeleição. Se os vascaínos entenderem que é melhor para o clube a continuidade, eu ainda tenho fôlego - avisou Dinamite, que em 2013 descartava tal cenário.
Até aqui, quatro nomes já anunciaram pré-candidatura. Um deles trabalhava diretamente em sua gestão (o ex-vice de finanças Nelson Rocha), mas um outro que ainda é vice-presidente - situação de Tadeu Correia. Nada disso deixa o atual mandatário do Vasco contente.
- Tem gente na minha cúpula que, como o vice-presidente, já manifestou publicamente o interesse de ser candidato. Eles não me representam, porque nunca me consultaram.
Segundo Dinamite, ainda em palavras à publicação, o orgulho por ter "recuperado o respeito" do clube ao longo do tempo está no topo da lista de ações positivas. Por outro lado, ele não deixa de reconhecer que falhou. Mas não voltaria atrás se pudesse.
- Tenho defeitos e errei. Mas não me arrependo de nada do que fiz como presidente. Uma das conquistas que tive foi recuperar o respeito da instituição Vasco da Gama. Hoje o clube vive uma democracia - ressaltou Dinamite, abandonado por um grupo que o tratava de centralizador.
Em defesa própria, o presidente cita uma característica sua para refutar quem o vê como um homem sem atitude. Para o ex-jogador, há confusão nesta interpretação dos mais críticos.
- As pessoas precisam deixar a vaidade de lado e enxergar o Vasco como algo maior do que elas. Quando eu falo em humildade, confundem com ser bobo, não ter atitude. Bobo eu não sou.
O presidente sempre diz que pegou um clube com uma "herança maldita" de débitos milionários gerados pelo seu antecessor e candidato a sucesso, o ex-presidente Eurico Miranda. Por isso, ele crê que não é o responsável pela queda para a Sèrie B.
- Vão passar 50 anos e continuarão dizendo que o Roberto rebaixou o Vasco. Mas será que fui eu mesmo? Futebol é um processo coletivo.
Sobre a fila de credores, pede que procurem a Justiça para negociar.
- Um dia eu estava no shopping, e o Schumacher, do futsal (jogou no Vasco em 2000), me parou pra cobrar uma dívida. Tem que entrar na Justiça, porque eu não tenho dinheiro para pagar p... nenhuma. Preciso manter o time vivo.
Para salvar camisas tradicionais do futebol brasileiro da falência, Dinamite clama por ajuda da presidência da República, lembrando que outros setores da sociedade já foram resgatados pelo poder maior.
- A Dilma deu anistia de não sei quanto bilhões para os municípios. Não pode dar condições para os clubes se reerguerem? - questionou.
A eleição do Vasco deve ser marcada para a segunda quinzena de julho. Antes, precisa superar obstáculos em relação à polêmica adesão em massa de do mês de abril, quando mais de 3 mil pessoas se associaram ao clube para votar no pleito deste ano. Um inquérito policial está aberto e vai investigar estelionato e pode pedir suspensão do pleito. Todos candidatos à presidência, além de Dinamite e do vice-geral Antônio Peralta serão convocados a depor.
Fonte: GloboEsporte.com