Advogado publica livro contando histórias do Vasco da década de 1950
Obra que detalha acontecimentos de São Lourenço e do futebol vascaíno atrai grande público no lançamento
A Prazeres de Minas Cafeteria, em São Lourenço, foi invadido por centenas de pessoas para o lançamento de “Lembranças eternas – histórias de São Lourenço e do Vasco nas décadas de 50 e 60”. Uma longa fila se formou para conversar, abraçar e autografar os exemplares com o advogado e pesquisador José Nacle Gannam. Há muito tempo a cidade não tinha um evento cultural que atraísse tanto público.
O autor brinda o leitor com um livro que fala de duas de suas maiores paixões. Uma narrativa que, além de gostosa de se ler, toca fundo o coração, relembrando importantes acontecimentos da história do clube da Cruz de Malta e da sua cidade natal.
Com prefácio do compositor, escritor e jornalista Sérgio Cabral, orelha do pesquisador Leonel Junqueira e quarta capa do radialista Áureo Ameno, a obra contagia pelo entusiasmo do autor na preservação de fatos que marcaram, principalmente, os anos 1950.
As alegrias e as tristezas são relatadas de forma imparcial pelo autor, que dedicou longo tempo em leituras e pesquisas para corroborar as recordações que nunca saíram da sua mente.
Para saciar a curiosidade do público, Gannam respondeu pacientemente inúmeras perguntas.
P: Como surgiu a ideia da elaboração do livro?
R: Felizmente sempre tive uma excelente memória, que, a princípio, utilizava apenas para lamentar a rápida passagem do tempo, os amigos e parentes que se foram e coisas desse tipo. Certo dia tive o que chamaria de despertar espiritual e pensei: por que não usar este talento, a boa memória, em prol de algo mais útil, não só para mim como para os demais? Útil para mim porque representaria uma catarse, e um alívio para minha melancolia em relação a fatos do passado e para as pessoas em geral, para que pudessem conhecer mais da história de São Lourenço, do Vasco da Gama, do nosso país e também do futebol em geral.
P: Por que você optou por abordar esse período, 1952 a 1961 em seu livro?
R: No início de 2004, passando por uma banca de jornais no Largo de São Francisco, minha atenção foi despertada por algumas revistas antigas que lá estavam expostas. Algumas eram do ano de 1952, por coincidência o ano em que comecei a estudar, no colégio das Irmãs. Passei, a partir daí, a ser um consumidor constante de publicações, sempre interessado pelas décadas de 50 e 60.
P: Na parte relativa a futebol, você trata apenas do Vasco?
R: Não. Apesar de ser torcedor confesso do time, há 60 anos, abordo toda a atividade do Esporte Clube São Lourenço no período, as Copas do Mundo de 1954 e 1958, bem como outros campeonatos.
P: E especificamente com relação ao seu Vasco, quais os principais assuntos abordados?
R: Os títulos Cariocas de 52, 56 e o Supersuper Campeonato de 58, o Rio-São Paulo e o Torneio Início do mesmo ano, o Torneio Octogonal internacional de 53, o Torneio de Paris em 57, que muitos consideram precursores do atual Campeonato Mundial de Clubes e outros de menor importância. Um ponto importante em que a história de São Lourenço se liga à do Vasco é que o gol do título do Supersuper de 58 foi marcado pelo jogador Roberto Pinto que anos antes atuou nas divisões de base do Esporte Clube São Lourenço.
P: Você pode relatar um acontecimento marcante relacionado com sua vida de torcedor do Vasco?
R: Sim, está até mencionado no livro. O Campeonato Carioca de 58 terminou empatado duas vezes, entre Botafogo, Flamengo e Vasco, e, por isso, houve necessidade de ser disputado um outro triangular. Na final deste, jogaram Flamengo e Vasco, com a vantagem do empate, que acabou ocorrendo e fomos campeões. Eu nunca havia soltado um foguete em minha vida e, todo animado, fui iniciar minhas atividades de fogueteiro, só que não sabia como fazer e segurei aquilo de cabeça pra baixo, correndo o risco de ter a mão decepada. A alegria no entanto era tanta que não senti nenhuma dor, o que só passou a acontecer no dia seguinte e mesmo assim a vitória serviu como anestesia.
P: Alguma outra curiosidade ?
R: Muitas. Por exemplo, existe um jogador da Seleção Brasileira de 1938 que nasceu em São Lourenço... Garrincha, no auge da sua carreira jogou em São Lourenço e marcou três gols no campo do Esporte. A súmula desse jogo está no livro, como no livro também está a súmula do primeiro jogo do Mané como titular do Botafogo. O passe do Garrincha, aliás, foi comprado pelo Botafogo pelo valor em cruzeiros equivalente a 29 dólares... Um outro aspecto em que a história de São Lourenço se liga ao futebol é que vários jogadores que por aqui passaram atuaram em grandes clubes brasileiros. É o caso de Rubéns Aleixo, Vanderlei Mancilha, Roberto Pinto, Villela...
P: Quem é esse jogador nascido em São Lourenço que jogou na Seleção de 38?
R: Não vou entregar o ouro... A resposta a essa pergunta só mesmo lendo o livro...
P: E sobre São Lourenço, o que há de mais importante?
R: Todos os fatos ocorridos no período, sempre narrados na primeira pessoa. Para citar alguns: os incêndios no Cassino Brasil e na Fábrica de Fogos, a inauguração do Cine Vogue, um homicídio na Pedro II, resultados de eleições na cidade, visita da Miss Brasil Marta Rocha, competições de motonáutica no Parque, Getúlio, Juscelino e Jânio em São Lourenço... Figuras e famílias da cidade também são objeto da narrativa.
P: Existem imagens da época no livro?
R: Sim, algumas até inéditas, tanto de pessoas e fatos da cidade como do futebol.
P: Assuntos pessoais são abordados?
R: Sim, pois, como disse, o livro é escrito na primeira pessoa, como se eu estivesse narrando a minha vida, minha fase estudantil, bem como meus anos em Passa Quatro e Varginha e no Rio de Janeiro, de acordo com a visão que tive em minhas idas lá, em 53, 59 e 60.
P: Você teve dificuldade para a elaboração do livro? Contou com algum tipo de patrocínio, incentivo ou apoio do poder público?
R: Foi um parto! Não tive nenhum apoio. E sei de algumas pessoas com manuscritos prontos, cuja publicação poderia ser útil a uma infinidade de outras mas que, por falta de suporte financeiro, não consegue seu objetivo.
P: E para finalizar...
R: Agradeço a todas as pessoas que colaboraram com subsídios para que esse livro pudesse ser concretizado. O nome da maioria já está inserido no livro. Agradeço especialmente a Sérgio Cabral e Áureo Ameno, grandes vascaínos, que escreveram o prefácio e a contracapa. Não posso omitir o nome de Leonel Junqueira, lenda viva da história de São Lourenço, que escreveu uma das orelhas do livro.
Informações Técnicas
Livro: LEMBRANÇAS ETERNAS - histórias de São Lourenço e do Vasco nas décadas de 50 e 60
Autor: José Nacle Gannam
ISBN: 9788589335386
Páginas: 314
Formato: 16 x 23 cm
Peso: 540g
Preço de capa: R$40,00
Resumo
Momentos do futebol vascaíno e de São Lourenço são interligados com importantes acontecimentos do cenário brasileiro e mundial. O autor brinda os leitores com uma obra que fala da sua paixão pelo futebol e do seu amor pela cidade localizada no Sul de Minas Gerais. É um livro que toca fundo o coração, por nos relembrar passagens mágicas ocorridas no período entre 1952 e 1961.
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Fonte: Divulgação
