Koehler, sobre dívida com família de Dener: 'Não temos dinheiro, o que arrecadamos está direcionado para manter o clube sobrevivendo'

Sábado, 19/04/2014 - 00:33
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Uma luta de 20 anos. Duas décadas de promessas, e nada. A memória de Dener, das jogadas espetaculares e do talento único, se mistura com papeis ligados à Justiça do Trabalho. A família do ex-jogador, morto em um acidente automobilístico no ano de 1994, cobra do Vasco 18 meses de parcelas do acordo firmado entre as duas partes no ano de 2007.

Esta dívida já obrigou Luciana Gabino, viúva de Dener, a procurar novamente a Justiça. O advogado da família, Renato Menezes, entrou com um pedido de penhora das rendas vascaínas no Campeonato Brasileiro da Série B, a fim de arrecadar o valor da dívida de um ano e meio do Vasco. O processo corre na 20ª Vara Trabalhista do Estado de São Paulo.

"Tentamos a penhora de rendas do Campeonato Carioca, mas não conseguimos, eles alegam que não sobrou. Pedimos o bloqueio das contas bancárias, mas elas vêm zeradas. Continuaremos com isso, agora pediremos a penhora das rendas do Campeonato Brasileiro da Série B", contou o advogado, em contato com o ESPN.com.br.

De acordo com Renato Menezes, os problemas em relação ao pagamento das mensalidades referentes ao seguro de vida de Dener começaram em 2012, quando o Vasco parou de depositar o dinheiro acordado na Justiça. Assim, as críticas do advogado rondam a conturbada administração de Roberto Dinamite, o maior ídolo vascaíno da história.

"Eurico Miranda sempre cumpriu com o acordo e sempre pagou as parcelas em dia, até antecipada. Aí quando entrou o Roberto Dinamite (junho de 2008), começou a atrasar tudo; alegavam dificuldades. Fizemos um novo acordo, dividindo as parcelas no meio e aumentando o prazo, mas mesmo assim ele não cumpriu", contou o advogado, que recorreu novamente à Justiça, acusando o clube de São Januário de descaso em relação a este tema.

O descontentamento com Dinamite, porém, é maior quando se trata da família de Dener. Luciana, por exemplo, não pode nem ouvir falar o nome do Clube de Regatas Vasco da Gama.

"No Vasco, eu nunca fui e nem vou. Não faço questão de aparecer lá. Graças a Deus, meus filhos decidiram que não vão jogar mais bola. Meu medo era um deles virar jogador e atuar por Portuguesa ou Vasco, seria uma decepção", disse Luciana - a Portuguesa entra neste meio por não dar oportunidades aos filhos de Dener, que chegaram a tentar a carreira de atleta.

O relato da mãe é corroborado por Felipe, 21 anos, filho do meio de Dener. "Depois que entrou o Dinamite, começou a ter problema. E é muito estranho isso, nunca achamos que fosse acontecer, principalmente porque o Dinamite foi amigo do meu pai e chegou a jogar junto com ele", disse.

Procurado pela reportagem do ESPN.com.br desde a última segunda-feira, o Vasco confirmou a dívida (apontou um valor de R$ 185 mil a pagar) e garantiu o compromisso de quitá-la. Entretanto, a família de Dener terá que aguardar um bom tempo até receber tudo o que cobra do clube carioca.

O clube justifica a interrupção no pagamento à crise financeira vivida nos últimos anos. "O Vasco ficou 14 meses penhorado. Não temos dinheiro, o que arrecadamos está direcionado para manter o clube sobrevivendo. Não temos como fazer acordo agora, já que não há recursos suficientes para pagar a dívida", apontou o diretor-geral vascaíno, Cristiano Koehler.

Fonte: ESPN.com.br