É possível que nenhum outro envolvido na decisão do Campeonato Carioca tenha tanto a ganhar com o título do que Douglas e Adilson Batista. Ambos chegaram ao Vasco em épocas diferentes, mas em busca do mesmo objetivo: comprovar que têm condições de ocupar o topo de suas respectivas funções. Após temporadas ruins, de críticas e demissões, meia e técnico guardam motivações extras para enfrentar o Flamengo, neste domingo, às 16h, no Maracanã.
Rebaixado com o clube, que também anseia por uma guinada, Adilson não completou um ano de trabalho nos seis últimos clubes. O começo promissor e eficiente em equipes como Grêmio e Cruzeiro deu lugar a um profissional contestado depois dos 40 anos. Corinthians, Santos, Atlético-PR e São Paulo frustraram suas tentativas. Depois, em Atlético-GO e Figueirense, considerados médios no futebol brasileiro, houve um recomeço. Mas sem brilho.
Ganhou o estigma de mudar muito as escalações e esquemas e acabou tendo problemas de relacionamento no Timão, por exemplo. Mais leve, aceitou o desafio em São Januário e teve outro baque com a queda para a Série B. Renovou e deu a volta por cima, que precisa ser coroada com a taça, que não vem em seu currículo desde 2009, na Raposa.
Nos períodos em que ficou desempregado, o treinador recorreu a cursos, psicólogo e fez até um media training para se aprofundar sobre as questões que o deixaram à deriva. Tudo porque Adilson acredita que o problema não era sua capacidade, e sim as circunstâncias.
- Quando estava no São Paulo, caí na Libertadores no mata-mata. Os clubes precisam entender isso. No Corinthians, fui demitido, mas em seguida o time perdeu para o Tolima e saíram dez jogadores. Então, o culpado não era só eu. Parece que só fiz um trabalho no Cruzeiro. Também vejo futebol assim, com um contexto que tem de se avaliar. Estou vendo times organizados, os trabalhos são bons, mas é um empate ali, uma derrota ali que acaba te jogando para baixo. Tenho consciência e confio no que faço - afirmou na ultima sexta-feira.
Para Douglas, a situação tem semelhanças. Há três anos, quando defendia o Grêmio, foi convocado para a seleção brasileira. O sonho durou apenas uma partida e, partir dali, a trajetória do camisa 10 só teve maus momentos - à exceção de um ou outro grande desempenho pelo Corinthians, para onde voltou após deixar o Sul. Mas o banco de reservas foi seu destino na maior parte do tempo. Foi chamado de Tufão pela má forma física e, aos 32 anos, dava a impressão de que não teria mais forças para liderar um time grande novamente.
A chegada ao Vasco, no entanto, provou o contrário. Com boas atuações, Douglas contribuiu para levar a equipe à final e é uma das esperanças do torcedor. Se as aspirações não são mais Europa e Seleção, ao menos o jogador espera reviver a alegria esquecida com o título carioca.
- A relação é de amizade, a gente conversa muito, troca muita ideia, claro que tem a parte profissional, que a gente acaba separando de uma forma legal. Acho que é um momento de títulos, de brigar, de aparecer, então a gente está confiante. É importante não só para mim e para o Adilson, mas para todos que também passaram por um momento ruim no ano passado. É a hora de ressurgir, de subir novamente e aparecer para a mídia - admitiu Douglas.
Vasco e Flamengo duelam pela finalíssima neste domingo, às 16h, no Maracanã. Para sagra-se campeão estadual depois de 11 anos, o Cruz-Maltino precisa vencer. O empate é do arquirrival.
Fonte: GloboEsporte.com