Como fez muitas vezes nos últimos 20 anos de sua vida, Juninho Pernambucano foi ao estádio no domingo para a disputa de uma final de campeonato. Antes de iniciar a partida, se preparou e vestiu o uniforme. Mas ao chegar ao Maracanã, em vez de ir para o campo, se dirigiu à cabine. Dessa vez não calçou as chuteiras, mas empunhou o microfone. Dois meses após se aposentar dos gramados, ele fez sua estreia como comentarista da TV Globo no primeiro jogo da decisão do Carioca, entre Vasco e Flamengo. Ele também está convocado para integrar o time que vai transmitir os jogos da Copa do Mundo.
Se aos 39 anos Juninho era um veterano dos gramados, na nova profissão ele teve um domingo de novato. Com o semblante sério e concentrado, teve pouco tempo para aprender a lidar com a complexidade tecnológica que envolve uma transmissão de grande porte. Mas o narrador Luís Roberto e os comentaristas Júnior e Arnaldo Cezar Coelho, seus novos companheiros de time, fizeram de tudo para que ele estivesse o mais à vontade possível.
Antes do início da transmissão, Juninho recebeu os ajustes de microfone e aprendeu alguns detalhes relativos a monitores e posicionamento na tela. Quando a bola rolou, recebeu o aperto de mão dos parceiros de cabine e mostrou o mesmo empenho de quando era um dos protagonistas do jogo, mas no gramado. Ao fim da partida, empatada por 1 a 1, recebeu elogios e se disse satisfeito, mesmo iniciando a nova etapa profissional de forma até certo ponto surpreendente.
- Foi algo mais diferente ainda porque parei de jogar há muito pouco tempo. Sei que já estou numa nova função, mas ainda é aquela época de virar a página. Parei de jogar até um dia desses. Fiz a pré-temporada e estou inscrito no Campeonato Carioca. Inicialmente disputaria a competição e começaria nessa nova função depois. O torcedor com o tempo vai se acostumar, porque na minha vida inteira só falei do Vasco, e agora tenho que observar os dois lados - disse.
Mesmo antes da aposentadoria dos gramados, Juninho já havia mostrado gosto de falar de futebol. Desde setembro do ano passado ele participa de um programa de rádio da França falando sobre o esporte no Brasil e na Europa. Quando apareceu a oportunidade de integrar o time de comentaristas da Globo, realizou algumas transmissões como teste. Assim, chegou à decisão do Campeonato Carioca com a confiança necessária e a certeza de que está encontrando uma nova paixão numa outra função dentro do futebol.
- Apesar de ser algo novo, me sinto preparado porque joguei 20 anos. Daqui de cima nós temos uma outra visão e talvez por isso haja uma exigência maior, pois se consegue ver os espaços que quem está no campo não vê. Senti um pouco daquela adrenalina logo na abertura da transmissão, mas todos aqui me deixaram à vontade, e isso facilitou minha integração. Ainda estou vendo como tudo funciona, mas já posso dizer que é algo que gosto muito de fazer.
Ao lado de Juninho Pernambucano, Junior relembrou sua transição de jogador para comentarista e aprovou a estreia do agora companheiro de transmissão, confirmando o que, segundo ele, era um talento que o ídolo do Vasco já mostrava mesmo enquanto ainda aparecia na televisão com a bola nos pés.
- Eu tenho uma teoria de que o jogador que dá boas entrevistas tem um primeiro passo para fazer esse trabalho. O Juninho comprovou isso nessa primeira transmissão e foi bem demais. Se gostar, vai ser um senhor comentarista. Vê bem o jogo e consegue transmitir seu pensamento para o telespectador.
O narrador Luís Roberto se disse emocionado ao ancorar uma transmissão ao lado de Juninho Pernambucano, Junior e Arnaldo Cezar Coelho. Para ele, Juninho aproveitou o bom ambiente da equipe para ficar à vontade e mostrou uma rápida adaptação.
- Ele mostrou como domina rapidamente as coisas novas, porque a televisão é um veículo que tem uma série de pequenos detalhes. Entendeu a dinâmica de um jogo decisivo e foi cirúrgico nas colocações que fez. Foi nota 10 - comemorou.
Fonte: GloboEsporte.com