Muita força de vontade de um lado, muita correria para igualar as ações no outro, e um clássico de baixo nível técnico para abrir a decisão do Campeonato Carioca. Flamengo e Vasco até se esforçaram bastante - os rubro-negros mais no segundo tempo do que no primeiro -, mas deram pouquíssima emoção aos pouco mais de 26 mil presentes na tarde de domingo no Maracanã. As estatísticas, por sinal, definem bem o que foi o jogo: apenas 10 finalizações (sete dos cruzmaltinos) contra 60 faltas, em menos de 40 minutos de bola rolando.
Em ritmo acelerado, o Vasco entrou em campo sem poupar esforços para, enfim, acabar com o estigma de vice dos últimos anos. Com o desfalque de João Paulo em cima da hora, o Fla começou o jogo com Frauches improvisado na esquerda e um relaxamento evidente e surpreendente nos 45 minutos iniciais. A cada dividida, os vascaínos davam a vida diante de rubro-negros que pareciam se preocupar com a partida decisiva da Libertadores, quarta-feira, diante do León, no Maracanã. Até mesmo Jayme optou por poupar, e deixou Everton e Gabriel no banco, apesar de já ter outros cinco desfalques por problemas médicos.
Vasco abre placar; Fla finaliza só uma vez
Aberto pela direita, Éverton Costa forçava as jogadas em cima de Frauches, e o Vasco criava boas chances. O Fla, por sua vez, tinha um buraco no meio de campo. Diante da intensidade do Vasco, Luiz Antonio e Márcio Araújo recuavam para ajudar Amaral na marcação, e deixavam Paulinho, Alecsandro e Lucas Mugni em minoria na tentativa de criar alguma coisa. Foram 45 minutos nos quais os vascaínos jogaram praticamente sozinhos. Tanto que o Fla finalizou somente uma vez.
Mais disposto, o Vasco abriu o placar aos 11, com Rodrigo. Ex-rubro-negro, ele comemorou em direção ao torcedor rival, com a mão na orelha, e gritando forte. O zagueiro, por sinal, foi uma das principais figuras vascaínas em campo, muito bem no combate a Alecsandro e perigoso nas subidas ao ataque. Além disso, era, ao lado de Guiñazu, um dos responsáveis por "pilhar" os companheiros.
O Vasco atacava com a mesma velocidade que recompunha a defesa e sequer sofria sustos. A boa atuação, entretanto, não foi transformada em vantagem no placar, que terminou 1 a 0 na descida para o intervalo. Melhor para o Fla. Melhor para Jayme.
Em entrevista após o jogo, Felipe chamou a atenção para a bronca do treinador rubro-negro no vestiário. A principal queixa? Justamente a postura relaxada dos jogadores diante de um rival com "fome de bola". Choque de ordem com as palavras e mudança em campo: sai Lucas Mugni, entra Gabriel.
Jayme acelera o time, Everton Costa ajuda, e Fla iguala
Como de costume, Gabriel começou o segundo tempo acelerado e conseguiu ao menos tirar o Flamengo do campo de defesa. Enfim, os dois times jogavam. Abusado, Gabriel cavou falta pela esquerda, pela direita, e acendeu a equipe. Acendeu até demais, e os rubro-negros não se privavam de questionar a arbitragem. Muitas vezes com razão, como nos lances protagonizados por Everton Costa, quando poderia ter recebido o segundo cartão amarelo por falta no próprio Gabriel ou por colocar a mão na bola. A expulsão, porém, não tardou.
Aos 10, o atacante vascaíno fez falta em Frauches e recebeu o vermelho. O Flamengo estava, definitivamente, de volta para o jogo. E se a velocidade de Gabriel foi fundamental para isso, Jayme optou por mais um velocista: Everton. Com os dois titulares em campo, o Rubro-Negro apertou a marcação no campo de ataque, pressionou e empatou com Paulinho em lindo chute de fora da área: 1 a 1.
O Vasco seguia intenso, com vontade, mas tinha um jogador a menos e pouco se expunha. Jayme, satisfeito com Paulinho, Gabriel e Everton, optou por colocar mais correria em campo. Se Adilson não tirou Everton Costa após duas faltas que poderiam resultar na expulsão, o rubro-negro sacou o pendurado Léo e mandou para campo a alegria nas pernas de Negueba. Não surtiu muito efeito.
Com o empate a favor por conta da vantagem na final, o Flamengo tentava a virada, mas sem dar espaços na defesa. O Vasco, por sua vez, sabia que também não podia se abrir. E o jogo teve pouca emoção a partir dos 20 do segundo tempo. Muito criticado pelos dois times, Rodrigo Nunes de Sá começou a marcar faltas em profusão. Ao todo, foram 33 do Fla e 27 do Vasco. O jogo não andou e praticamente nada aconteceu até o apito final.
No confronto onde a intensidade vascaína e a velocidade rubro-negra definiram quem foi melhor em cada tempo, nada mais natural que a força física chamasse mais atenção que a técnica: apenas dois gols contra seis dezenas de faltas. Semana que vem tem mais. Mais jogo e, espera-se, mais futebol.
Fonte: GloboEsporte.com