Tita, autor do gol do título estadual do Vasco em cima do Urubu em 1987, relembra passagem pela Colina

Domingo, 06/04/2014 - 00:43
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A semana que vem reserva a Milton Quiroz da Paixão, o Tita, fortes emoções. Deste domingo, dia 6 de abril, ao próximo, dia 13, o coração do ex-meia-atacante ficará partido em três. É que Vasco, Flamengo e León, do México, todos pelos quais envergou a camisa e transformou-se em ídolo, estarão envolvidos em decisões entre si ou indiretamente – como é o caso do jogo pela Libertadores que pode à distância, teoricamente, favorecer ao clube cruzmaltino.

Assim como na época em que era um jogador destemido, que não ‘fugia do pau’, como se diz no jargão do futebol, Tita não se esquiva de opinar sobre os confrontos. Ele vê o Flamengo com vantagem para obter a segunda vaga do grupo à fase seguinte da Libertadores.

“É aquele tal negócio: deixaram o Flamengo chegar. O León deu uma oportunidade de ouro ao perder para o Bolívar em casa. Agora, diante da torcida rubro-negra no Maracanã, ficou complicado. Mas é bom que se diga: não será um jogo fácil. O León tem um time que vai para cima também, tem postura ofensiva”.

Em seu modo de ver, o Emelec já está fora da disputa. ‘Dificilmente o time equatoriano vai derrotar o Bolíviar lá na altitude, a mais de 3.600 metros. Portanto, o Bolívar, para mim, será o primeiro do grupo. A outra vaga sairá do confronto Flamengo x León. Num grupo equilibrado, não se pode deixar de fazer o dever de casa. Flamengo e León tropeçaram contra o Bolívar, mas o prejuízo do León foi maior”, compara.

Entrevistado pelo SporTV no México, quando o León recebeu o Flamengo na rodada de abertura da Libertadores, Tita deu naquela ocasião uma declaração controvertida: disse que em León iria torcer para o time da casa. E quando o jogo fosse no Rio, torceria para o Flamengo. Ele mantém a palavra:

“Aqui vou torcer pelo Flamengo. Estarei no Maracanã quarta-feira com meus filhos”, garante. Vale lembrar que Tita foi homenageado pelo León antes da partida no estádio mexicano.

Quando o assunto é a rivalidade entre os dois clubes cariocas, a polêmica ganha contornos maiores. Tita começou a carreira nas divisões de base da Gávea. Logo que foi pinçado para os profissionais, em 1977, perdeu o pênalti decisivo da final do returno contra o Vasco, que valeu ao adversário o título estadual. Para dar força ao jovem auspicioso, Zico e companhia foram depois do jogo a um restaurante na Zona Sul do Rio e fizeram um pacto por vitória a partir do ano subsequente.

Não deu outra: em 78, o Flamengo foi campeão em cima do Vasco, com o gol de Rondinelli. Na sequência, o time rubro-negro arrebatou um rosário de conquistas, incluindo a Libertadores e o Mundial Interclubes de 1981. Para Tita, um momento especial foi a do tricampeonato estadual, em 1979, quando foi decisivo justamente contra o Vasco.

Em 1987, vestindo a camisa vascaína, atraiu para si a rejeição da torcida do clube que o revelou. Desta vez ao lado de Roberto Dinamite e Romário, assinalou o gol que valeu a conquista estadual em cima do Flamengo, e comemorou com a camisa cobrindo o rosto. Na Gávea, passou a ser visto como traidor. Em São Januário, virou herói.

“Passei 15 anos da minha vida no Flamengo. No León, foram quase 8 temporadas. Pelo Vasco, atuei, na soma das duas vezes em que lá estive, apenas um ano e oito meses. Em todos, deixei minha marca. Existem vários jogadores que defenderam Vasco e Flamengo. Mas os que viraram ídolos, que marcaram os dois lados, são poucos, e eu sou um deles”, acredita Tita. “Afinal, nesse pouco tempo de Vasco fiz o gol do título estadual e ainda ganhei o Campeonato Brasileiro de 1989″, elenca. “Também tenho um carinho grande pelo Vasco e muito respeito”, faz questão de ressaltar.

Polivalente nos tempos de jogador, quando se podia dar a ele as camisas 7, 8, 9, 10 ou 11 indistintamente, Tita também ataca de comentarista no que diz respeito às finais do Estadual, a partir deste domingo: “O Vasco vive um bom momento, eliminou um time forte, como o do Fluminense, e pode tirar proveito do fato de o Flamengo estar envolvido em três decisões. Numa delas, o pneu pode furar. O Flamengo pode ter que dar a vida no jogo contra o León, e isso pode acarretar desgaste para o segundo jogo com o Vasco”, analisa.

Tita possui 5 filhos. Os mais ligados a futebol são o primogênito, Lohran, de 29 anos; o caçula, Fabien, de 18; e a Blanche, de 26. Os dois últimos são ‘flamenguistas roxos’, conta o pai. Já Lohran virou a casaca duas vezes. “Como joguei em vários países, incluindo Itália, Alemanha e México, o Lohran não se apegou à paixão clubística. Era rubro-negro quando pequeno. Quando eu me tornei auxiliar do Alcir Portela no Vasco, em 2000, o Lohran preferiu virar vascaíno. Mas pouco tempo depois, foi a um jogo do Flamengo na arquibancada e voltou a ser rubro-negro”. Assim, neste misto de sentimentos, tão voláteis como as escolhas do filho mais velho, que Tita viverá uma semana para lá de especial.

Fonte: Blog Ponta de Lança - Sportv.com