Clássico dos Milhões deste domingo terá vários jogadores estrangeiros em campo

Sábado, 05/04/2014 - 08:01
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18 de abril de 2004. Já em vantagem após ter vencido o Vasco por 2 a 1 no jogo de ida, o Flamengo volta a triunfar, desta vez por 3 a 1, e conquista o Campeonato Carioca. O herói da tarde foi Jean, que marcou os três gols. 6 de abril de 2014. Dez anos depois, os rivais históricos voltarão a se encontrar em uma final de Estadual.

Muita coisa mudou desde então. O Vasco, até então desconhecedor da Série B, foi rebaixado em 2008, reergueu-se, conquistou a Copa do Brasil em 2011 e voltou a cair no ano passado. O Flamengo também venceu a Copa do Brasil, em 2006, sobre o próprio Vasco, e voltou a comemorar um título de Campeonato Brasileiro após 17 anos de jejum, em 2009.

Além de todas as glórias e decepções, um outro fator será diferente quando os rivais entrarem em campo às 16h (de Brasília) deste domingo, em um Maracanã bastante modificado: o idioma falado.

Tempero castelhano

Em 2004, as duas partidas que decidiram o Estadual não tiveram a presença de um estrangeiro sequer. Apenas durante o Campeonato Brasileiro, o sérvio Petkovic, "carrasco" vascaíno em 2001, defendeu o próprio Cruzmaltino em um clássico, e marcou o gol da vitória por 1 a 0.

Hoje, o panorama é bem diferente. Se o time titular do Flamengo fala português nativamente, o banco é recheado de castelhano, com a "promessa" argentina Lucas Mugni e o zagueiro equatoriano Erazo. O paraguaio Cáceres, que chegou a disputar o clássico da primeira fase, recupera-se de lesão.

No Vasco, a "invasão" estrangeira é mais preponderante, com duas das principais referências vindo do outro lado do Rio da Prata: o volante argentino Guiñazú, que carrega a faixa de capitão, e o goleiro uruguaio Martín Silva, que caiu nas graças da torcida ao trazer estabilidade após um ano de 2013 catastrófico. O paraguaio Aranda e o colombiano Montoya ainda aparecem como opções para o segundo tempo.

A explicação para o aumento de estrangeiros envolve o poderio financeiro do futebol brasileiro, hoje muito maior do que era dez anos atrás. Não obstante, a CBF aprovou no ano passado uma regra que dá aos clubes a possibilidade de utilizar até cinco jogadores não-brasileiros por partida em competições nacionais, ao invés dos três que eram permitidos até então.

Exemplos históricos

Apesar de tudo, se um "gringo" decidir o Campeonato Carioca deste ano, não se tratará de algo inédito. Já no longínquo ano de 1944, o argentino Agustín Valido marcou o único gol da vitória de 1 a 0 do Flamengo sobre o Vasco e, mesmo atuando com 39 graus de febre, deu o título estadual ao seu clube.

Em 2001, Petkovic entrou para a história ao marcar um lindo gol de falta já aos 43 da etapa final, que garantiu outra conquista rubro-negra. O placar apontava 2 a 1 para o Fla, mas o Vasco ia sagrando-se campeão graças a uma vitória por 2 a 1 no jogo de ida e uma vantagem nos critérios de desempate, por ter feito melhor campanha na fase anterior.

Embora não tão decisivos, outros estrangeiros também marcaram seus nomes nas histórias de Flamengo e Vasco, e de todo o futebol brasileiro. A função de gandula tem este nome graças ao argentino Bernardo Gandulla, contratado pelo Cruzmaltino em 1939. Na mesma época, a posição de meio-campista defensivo ganhou o nome que conserva até hoje graças a outro argentino, Carlos Martín Volante, que defendeu o Fla entre 1938 e 1943.

O argentino Andrada, campeão brasileiro em 1974, o zagueiro equatoriano Quiñonéz, que conquistou o mesmo título em 1989, e o argentino Conca, antes de tornar-se ídolo da torcida do Fluminense, foram outros estrangeiros notáveis da história do Vasco. No Flamengo, o "Diabo Louro" argentino Doval, que também defendeu o rival Flu, seus compatriotas Mancuso e Fillol e o equatoriano Rivera tiveram destaque. Agora, quem será que se eternizará nos próximos dois domingos? Martín Silva? Guiñazú? Mugni? É esperar para ver.

Confira todos os 'gringos' que disputaram o 'Clássico dos Milhões' desde a final do Carioca-2004:

2004
Flamengo - Nenhum
Vasco - Petkovic (Sérvia)

2005
Flamengo - Ramírez (Paraguai)
Vasco - Domínguez (Portugal)

2006
Flamengo - Peralta (Uruguai) e "Tigre" Ramírez (Paraguai)
Vasco - Dudar (Argentina)

2007
Flamengo - Colace (Argentina) e Maxi Biancucchi (Argentina)
Vasco - Dudar (Argentina) e Conca (Argentina)

2008
Flamengo - Fierro (Chile) e Maxi Biancucchi (Argentina)
Vasco - Pinilla (Chile)

2009
Flamengo - Nenhum
Vasco - Nenhum

2010
Flamengo - Petkovic (Sérvia), Borja (Colômbia), Maldonado (Chile) e Petkovic (Sérvia)
Vasco - Irrazábal (Paraguai)

2011
Flamengo - Maldonado (Chile), Fierro (Chile) e Bottinelli (Argentina)
Vasco - Nenhum

2012
Flamengo - Bottinelli (Argentina), González (Chile) e Cáceres (Paraguai)
Vasco - Tenório (Equador)

2013
Flamengo - González (Chile), Cáceres (Paraguai) e Marcelo Moreno (Bolívia)
Vasco - Tenório (Equador) e Yotún (Peru)

2014
Flamengo - Cáceres (Paraguai) e Mugni (Argentina)
Vasco - Martín Silva (Uruguai), Guiñazú (Argentina) e Aranda (Paraguai)

Fonte: ESPN.com.br