Com o advento da Copa do Mundo, há muito se discute a viabilidade da construção de uma arena na cidade de Manaus, capital do Amazonas. O argumento é que o estádio teria possibilidades de se tornar um “elefante branco”, tendo em vista a fraqueza das agremiações locais e a baixíssima média de público do campeonato amazonense. Sendo assim, o investimento de R$ 669,5 millhões em sua construção não se justificaria. Debate pertinente, principalmente por conta do sobrepreço numa obra cujo valor inicial era de R$ 499 milhões – uma chaga que se alastra a cada nova arena concluída. No entanto, e por incrível que possa parecer, nem só de más perspectivas vive o principal estádio da capital amazônica.
As perspectivas de geração de renda na partida Resende x Vasco eram empolgantes e se confirmaram. No confronto válido pela Copa do Brasil - mesmo envolvendo equipes de um estado 2.800 km distante – o estádio recebeu 40.189 vascaínos, com faturamento de R$ 2.140.000,00. Trata-se da maior bilheteria da história de uma partida de futebol no Norte/Nordeste brasileiro. Conforme exemplos abaixo:
Maior renda da história do futebol baiano: Bahia x Vitória (Campeonato Baiano), Fonte Nova, 07/04/2013. Renda: R$ 1.954,000,00. Público pagante: 37.274.
Maior renda da história do futebol pernambucano: Santa Cruz x Betim (Campeonato Brasileiro Série C), Arruda, 03/11/2013. Renda: R$ 1.392.610. Público: 60.040
Maior renda da história do futebol cearense: Ceará x ASA (Copa do Nordeste), Castelão, 03/03/2013. Renda: R$ 1.266.417,00. Público pagante: 52.207
Fonte: Globoesporte.com e Cássio Zirpoli. Apenas partidas entre clubes foram contabilizadas
A situação ocorre pelo subestimado potencial de consumo da cidade de Manaus. Trata-se do sexto maior PIB do Brasil, atrás apenas de São Paulo, Rio, Brasília, Curitiba e Belo Horizonte. Em termos per capita, Manaus bate com facilidade as economias de Recife, Fortaleza e Salvador.
E quem seriam os grandes beneficiados em caso de exploração plena do potencial amazonense? Além do próprio Vasco da Gama, o Flamengo é quem mais pode capitalizar na cidade, segundo pesquisa publicada no Blog Teoria dos Jogos ao final de 2012. A metade rubro-negra da cidade configura verdadeiro pote de ouro, embora torcidas em franco crescimento como São Paulo e Corinthians também possam gerar boas rendas em passagens pela cidade.
Por fim, se analisarmos as maiores rendas da história do futebol brasileiro – e excluindo as finalíssimas da Libertadores e Copa do Brasil – veremos bilheterias nos principais mercados girando entre R$ 3 milhões e R$ 6 milhões. Acima do que Manaus tem a oferecer, mas nem tanto quanto se imaginaria.
Eis um ponto de vista que expõe o outro lado da moeda. Entre nossa famigerada gangorra de altos e baixos, uma das melhores coisas do Brasil são suas inúmeras oportunidades de negócio.
PS: Olho na partida de reinauguração do Beira-Rio, entre Internacional x Peñarol. O preço dos ingressos aponta para uma das maiores bilheterias da história. Resta saber se, por não se tratar de partida oficial, o clube omitirá a arrecadação, como fez o Grêmio em 2012.
Um grande abraço e saudações!
Fonte: Blog Teoria dos Jogos - GloboEsporte.com