Um a um eles chegam. Uniformizados. Colchões a tira colo. Com os trajes típicos das arquibancadas, vão para a delegacia. Lá ficam por pelo menos seis horas. Não querem ser filmados. E se inspiram no "Julgamento do Mensalão" para manter a fé de que não vão ser condenados pela Justiça. Isso é parte da rotina de 59 dos 61 torcedores identificados na barbárie acontecida na partida entre Atlético-PR e Vasco, em dezembro passado.
"O mensalão abriu jurisprudência pra (sic) gente porque os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) não considerou (sic) o mensalão quadrilha. Nosso caso pode ir por aí", disse um dos denunciados, torcedor do Atlético-PR, que não quis ser identificado e não permitiu que fosse filmado enquanto cumpria a medida judicial.
"Agora você vê. Um policial fica tomando conta da gente aqui durante todo o tempo. Tanto bandido pra prender por aí...", comenta o torcedor, completando: "Eu perdi um emprego numa multinacional. Trabalhei lá por seis meses e só faltei duas vezes. Eu estou nessa porque fui identificado por uma pessoa", defende-se o mesmo torcedor, que é impedido de continuar a conversa pelos colegas.
Boxe como diversão
Dos 61 presos pela briga em Joinville, dois continuam presos. Um deles solicitou mudança de presídio por condições de saúde e a Justiça concedeu o benefício. Aos 59 que foram soltos, há uma série de restrições, entre elas: permanecer numa delegacia de polícia entre duas horas antes da partida do seu time, até duas horas depois.
No Rio, cada réu está cumprindo a medida na delegacia mais próxima de sua casa. Em Curitiba, todos cumprem na mesma unidade, a Delegacia de Atendimento ao Futebol e Eventos.
Após conversar com a reportagem, o torcedor se juntou ao grupo, que reunido num pátio nos fundos da delegacia, tirou dois pares de luva de boxe e iniciou uma espécie de competição, para passar o tempo.
Fonte: ESPN.com.br