‘Vai estar escrito daqui a 20 anos que o Vasco conquistou o bicampeonato em 1988 com gol de Cocada, aos 44 minutos. Ele entrou aos 41 e foi expulso aos 45’, disse o herói da conquista, ainda no gramado. Mesmo 26 anos depois, a declaração segue atual, pois, desde então, o Vasco busca um novo título sobre o Flamengo. Ao ‘Ataque’, o ex-lateral-direito lembra daquela decisão e aposta que o Gigante, enfim, poderá acabar com o longo jejum.
O DIA: Do que você se recorda daquela decisão do Campeonato Carioca de 1988?
COCADA: Lembro muito bem daquela decisão. Por isso, a postura do Vasco contra o Fluminense, domingo, me chamou tanto a atenção. Parecia com a gente em 1988. Tínhamos muito mais garra do que técnica. Ganhamos o campeonato na raça, pois o Flamengo tinha um time muito melhor. Vencemos o primeiro jogo por 2 a 1 e, mesmo podendo empatar, ganhamos o segundo por 1 a 0 com um gol que me colocou na história do clube. Mas em campo, nada foi fácil e foram dois clássicos muito disputados.
O DIA: Você diz que o Flamengo tinha time melhor, mas o Vasco contava com craques como Romário, Geovani, Bismarck...
COCADA: Mas muitos atletas do nosso time chegaram machucados àquela decisão. Entraram em campo na disposição mesmo. Romário estava com o joelho baleado, Vivinho jogou com uma costela fraturada, Henrique também tinha problemas no joelho. Decidir um campeonato contra o Flamengo desse jeito não era para qualquer um.
O DIA: No banco de reservas, você imaginou que iria se tornar o herói da até agora última conquista do Vasco sobre o Flamengo?
COCADA: Não. Por isso perdi a noção ao comemorar o gol (risos).
O DIA: E como é entrar aos 41 minutos do segundo tempo, marcar o gol do título aos 44 e ser expulso aos 45?
COCADA: É folclórico. Mas fui expulso por ter tirado a camisa, pois não me envolvi na confusão que teve depois (Renato Gaúcho, pelo Flamengo, e Romário iniciaram a briga entre os jogadores). O que posso dizer hoje é que aquele gol foi um momento raro de acontecer, uma coisa fantástica, que marcou a minha vida profissional.
O DIA: Chegar ao Vasco após ter defendido o Flamengo em 1983 foi complicado?
COCADA: Fui campeão brasileiro lá e o clube me deu muitas oportunidades, mas fiquei três anos no Vasco. Criamos uma família. Tenho um apego muito maior pelo Vasco.
O DIA: E como você avalia esse jejum de 26 anos do Vasco sem títulos diretos sobre o Flamengo?
COCADA: É um jejum chato, que insiste em continuar há muito tempo. Mas acredito que o Vasco hoje tem time para superar essa escrita. O importante é manter a garra que mostrou contra o Fluminense. Sou Vasco, estou na torcida por esse título e acredito que dessa vez vai.
O DIA: A pressão por ter perdido todas as decisões que disputou contra o Flamengo após 1988 — foram cinco — pode influenciar o desempenho do time?
COCADA: Lógico que pode. Parece que não, mas esse tipo de cobrança, de falar que é vice, é um adversário a mais para se superar. O Flamengo chega em momento superior, venceu a Copa do Brasil, a Taça Guanabara e está na Libertadores. Tudo está dando certo para eles e ainda tem essa escrita e a vantagem do empate. O Vasco precisará do algo a mais e esquecer as derrotas dos outros times no passado.
Fonte: O Dia